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Controle de

Constitucionalidade
Prof. Camila P. B. Gomes
O controle de constitucionalidade zela pela
supremacia das normas constitucionais.

O que são normas


constitucionais?
Bloco de Constitucionalidade
• Texto da Constituição Federal

• Princípios, ainda que implícitos, decorrentes da constituição federal


• Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo
• Duplo grau de jurisdição

• Tratados de direitos humanos incorporados na forma do art.5º, §3ºCF


• Convenção Interamericana sobre Direitos da pessoa com
deficiência
O controle de constitucionalidade pode:

1. Retirar do ordenamento normas


contrárias ao sistema constitucional

2. Lidar com as omissões


inconstitucionais

3. Garantir a interpretação das


normas em conformidade com a
Constituição
Pressupostos do controle de
constitucionalidade

Atribuição de
competência Princípio da
Constituição Supremacia para o exercício presunção de
rígida Constitucional do controle de constitucionalid
constitucionalid ade das leis
ade
Normas que ofendem o sistema constitucional são
inválidas

Existem duas correntes sobre a invalidade das


normas inconstitucionais
• Norma inconstitucional é nula
• Tese originária do direito norte-americano, segundo o qual trata-se
de uma questão lógica.
• Se a Constituição é a lei suprema, não se pode admitir a aplicação de
uma norma com ela incompatível

• O reconhecimento da inconstitucionalidade é ato declaratório,


que reconhece vício de origem
• STF: reconhece a nulidade da lei inconstitucional, com eficácia
retroativa, invalidando todos os atos praticados com base na lei
impugnada

Essa é a tese dominante no direito


brasileiro
• Norma inconstitucional é anulável
• Essa tese é originária do direito austríaco e tem fundamento das
ideias de Kelsen
• Sustenta que a decisão tem eficácia constitutiva, de modo que a
lei se torna ineficaz a partir da decisão que reconheceu a
inconstitucionalidade

No Brasil, adota-se a tese da nulidade da norma inconstitucional. No


entanto, em situações excepcionais, admite-se a adoção da ideia de
anulabilidade para modulação dos efeitos da decisão
Espécies de inconstitucionalidade
Inconstitucionalidade por ação e por omissão

• Por omissão: decorre da inércia do Poder Legislativo que não regulamenta


norma constitucional de eficácia limitada
• Combatida pelo mandado de injunção e pela Ação Direta de Inconstitucionalidade por
omissão

• Por ação: pressupõe a existência de uma norma que viola a Constituição


Federal
• Este vício pode ser material ou formal
• Vício formal ou nomodinâmico:
• Orgânico: é o vício na competência legislativa para a
elaboração do ato
• Ex: Estado legislar sobre direito penal

• Formal propriamente dito: violação do procedimento


previsto para elaboração da lei
• Pode ser subjetiva (vício de iniciativa) ou objetiva (vício
no processo, não relacionado ao agente - Ex: Lei
ordinária sobre matéria tributária em que a CF exige lei
complementar)
Exemplo de inconstitucionalidade formal orgânica

 “Por reputar usurpada a competência privativa da União para legislar sobre comércio exterior
(CF, art. 22, VIII), o Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direita para declarar a
inconstitucionalidade da Lei 12.427/2006 do Estado do Rio Grande do Sul (“Art. 1º - Fica proibida
a comercialização, a estocagem e o trânsito de arroz, trigo, feijão, cebola, cevada e aveia e seus
derivados importados de outros países, para consumo e comercialização no Estado do Rio
Grande do Sul, que não tenham sido submetidos à análise de resíduos químicos de agrotóxicos
ou de princípios ativos usados, também, na industrialização dos referidos produtos.(...) Art. 2º -
Fica obrigatória a pesagem de veículo que ingresse ou trafegue no âmbito do território do
Estado, transportando os produtos, aos quais se refere o art. 1º desta Lei, destinados à
comercialização em estabelecimento ou ao consumidor final, no Estado do Rio Grande do Sul.
Parágrafo único. Quando da pesagem, será obrigatória a apresentação da documentação fiscal
exigida, bem como do documento de que trata o § 2º do art. 1º desta Lei”). STF. ADI 3813/RS,
rel. Min. Dias Toffoli, 12.2.2015. (ADI-3813)”
Exemplo de inconstitucionalidade formal propriamente dita

• “Por vício de iniciativa, o Plenário deu provimento a recurso


extraordinário para declarar a inconstitucionalidade dos incisos II, III,
VIII, bem como dos §§ 1º e 2º do art. 55 da Lei Orgânica de
Cambuí/MG, que concede benefícios a servidores públicos daquela
municipalidade. Na espécie, a norma questionada decorrera de
iniciativa de câmara legislativa municipal. A Corte asseverou que lei
orgânica de município não poderia normatizar direitos de servidores,
porquanto a prática afrontaria a iniciativa do chefe do Poder
Executivo. STF. RE 590829/MG, rel. Min. Marco Aurélio, 5.3.2015. (RE-
590829) ”
• Vício material ou nomoestático: surge quando o conteúdo
da norma é contrário à Constituição Federal
• Exemplo: lei que proíbe mulheres de prestar concurso público; lei
que autoriza a pena de morte; lei que fixa o salário do
funcionalismo acima do teto constitucional
Inconstitucionalidade total e parcial

• Total: implica na declaração de inconstitucionalidade da


norma como um todo
• Exemplo: norma com vício de iniciativa

• Parcial: implica no reconhecimento da


inconstitucionalidade de parte do ato normativo (princípio
da parcelaridade)
• Pode recair sobre fração de artigo, parágrafo, inciso ou alínea. Até
mesmo sobre uma única palavra
• Não pode alterar o sentido da lei, sob pena de violação da
separação de poderes
Exemplo: Art.7º, § 2º Estatuto da OAB: O advogado tem
imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação
ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no
exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo
das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que
cometer.
• O STF declarou a inconstitucionalidade da expressão desacato
• Trata-se de interpretação conforme com redução de texto
No que diz respeito à declaração de
inconstitucionalidade parcial, o STF tem utilizado a
técnica interpretativa denominada interpretação
conforme a Constituição
Esta é cabível quando a lei comporta mais de uma interpretação e é
preciso definir quais delas são compatíveis com a Constituição Federal
• STF declara a lei constitucional, desde que dada certa interpretação
(elimina outras interpretações)
• STF declara a lei constitucional, exceto quando dada certa
interpretação (admite várias interpretações, exceto a declarada
incompatível com a CF)
• Na ADI 4274 foi discutida a constitucionalidade do
dispositivo da Lei de Tóxicos que classifica como crime o ato
de induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de
droga. O STF optou por interpretar o artigo em
conformidade com a Constituição, de modo a excluir
qualquer interpretação que enseje a proibição de
manifestação e debates públicos acerca da
descriminalização ou legalização de drogas ou de qualquer
substância que leve ao entorpecimento episódico ou viciado
das faculdades psicofísicas.
• “Quem quer que seja pode se reunir para o que quer que seja, no
plano dos direitos fundamentais, desde que o faça de forma
pacífica”, concluiu o ministro Ayres Britto, acrescentando que não
se pode confundir a criminalização da conduta (o uso de drogas),
com o debate sobre a referida criminalização, que é o propósito da
“marcha da maconha”.
Inconstitucionalidade originária e superveniente

Originária: o ato normativo é produzido com ofensa às


normas constitucionais

Superveniente: a norma torna-se inválida a partir do advento


de uma emenda constitucional ou de nova Constituição com
ela incompatível

STF: não reconhece a inconstitucionalidade superveniente, por


entender que se trata de não recepção de direito pretérito
Modalidades de controle de constitucionalidade
• Quanto à natureza do órgão de controle:
Jurisdicional
• Regra no Brasil. O controle é realizado
pelo Poder Judiciário.
Político
• Surge em Estados que preveem um órgão
não integrante do Judiciário para garantir
a supremacia da Constituição. No Brasil,
ocorre, excepcionalmente, quando o
controle é exercido pelo Legislativo ou
Executivo.
• Quanto ao momento do controle

Marco de análise: Publicação da lei

Antes da
Depois da publicação
publicação

Controle
Controle repressivo
preventivo

Incide sobre projeto


Incide sobre a lei
de lei
Controle Preventivo
• Ocorre enquanto o projeto de lei está em tramitação, antes
da publicação. Visa impedir a entrada no sistema
normativo de uma norma viciada.

• Pode ser exercido pelos três Poderes:

Poder Legislativo

• Comissão de Constituição e Justiça

Poder Executivo
• Veto
Poder Judiciário

• Só exerce controle preventivo em situações


excepcionais

Mandado de Segurança interposto no STF por


parlamentar

PEC com violação de Projeto de lei ou PEC


cláusula pétrea com ofensa a ditame
constitucional relativo
ao processo legislativo
• A perda superveniente da condição de parlamentar ocasiona a
extinção do mandado de segurança

• EMENTA: CONTROLE JURISDICIONAL DO PROCESSO LEGISLATIVO. UTILIZAÇÃO,


PARA TANTO, DO MANDADO DE SEGURANÇA. POSSIBILIDADE, DESDE QUE
IMPETRADO O “WRIT” CONSTITUCIONAL POR MEMBRO DO CONGRESSO
NACIONAL. LEGITIMAÇÃO ATIVA “AD CAUSAM” QUE DEVE ESTAR PRESENTE, NO
ENTANTO, JUNTAMENTE COM AS DEMAIS CONDIÇÕES DA AÇÃO, NÃO SÓ NO
INSTANTE DA PROPOSITURA DA DEMANDA, COMO, TAMBÉM, NO MOMENTO DA
RESOLUÇÃO DO LITÍGIO (CPC, ART. 462). CESSAÇÃO SUPERVENIENTE DO
MANDATO PARLAMENTAR DO IMPETRANTE. RELAÇÃO DE
CONTEMPORANEIDADE, NÃO MAIS EXISTENTE, ENTRE A CONDIÇÃO JURÍDICA DE
CONGRESSISTA E A FASE DECISÓRIA DO MANDADO DE SEGURANÇA. EXTINÇÃO
ANÔMALA DO PROCESSO MANDAMENTAL. DOUTRINA. PRECEDENTES
ESPECÍFICOS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MANDADO DE
SEGURANÇA NÃO CONHECIDO. (STF, MS 33444, 2014)
• Razões para a cautela do STF no exercício de
controle judicial preventivo
• Representantes do povo x juízes não eleitos (John Hart Ely)

• Judiciário deve se distanciar do processo político de


formação das normas, para não sufocar
a autonomia dos cidadãos

• Evitar a “supremocracia” (paternalismo


judicial)
“a Constituição atribuiu ao Congresso Nacional a incumbência de servir
como espaço público de vocalização de ideias, opiniões e interesses de
todos os segmentos da sociedade. Somente por exceção extrema se deve
obstar a discussão de um assunto de interesse público. O ideal de
governo democrático é o deliberativo, em que a ênfase recai sobre a
capacidade de cidadãos, livres e iguais, decidirem seu futuro em um
processo argumentativo honesto, em que prevaleça a força das melhores
razões. Embora a deliberação não se restrinja aos órgãos formais de
representação política, é inegável sua importância nesse cenário”. (MS 32262
– Luís Roberto Barroso, 13.09.13)
Controle Repressivo

• Incide sobre a lei, visando paralisar sua eficácia

• Pode ser exercido pelos três Poderes

Poder Judiciário
• STF é o guardião da Constituição Federal

Poder Legislativo
• Rejeitar medida provisória
• Sustar atos do Poder Executivo
Poder Executivo

• O Chefe do Executivo pode recusar a


aplicação de lei que considere
inconstitucional.
 O Executivo só pode se negar a
aplicar a lei inconstitucional quando
não há manifestação definitiva e
vinculante do Poder Judiciário sobre
a constitucionalidade da mesma.
• Quanto ao órgão judicial que exerce o controle

Concentrado

• Há um órgão judicial especializado para esse fim.

Difuso

• Surge ao se permitir a qualquer juiz ou Tribunal o


reconhecimento da inconstitucionalidade da norma
No Brasil, o controle é MISTO,
pois admite-se tanto o controle
concentrado quanto o difuso.
• Quanto ao modo de controle judicial

Via incidental (ou de exceção ou de defesa)

• Existe um caso concreto a ser resolvido e a questão da


constitucionalidade é prejudicial, ou seja, precisa ser
solucionada para decisão da lide

Via principal (em abstrato ou direta)

• Discute a lei em tese, sem vinculação a caso concreto.


Controle difuso de constitucionalidade
Possibilita que todos os juízes e tribunais verifiquem a
constitucionalidade de uma norma

No Brasil, o controle difuso é incidental, ou seja, analisado no


caso concreto

A União aumenta a alíquota do IPI e determina sua cobrança imediata,


violando o princípio da anterioridade tributária. Ato continuo, inicia o
processo de cobrança de referido tributo da empresa X, que entra com
ação judicial para questionar o lançamento.
Na época do Plano Collor, muitas ações foram promovidas pedindo o
desbloqueio do dinheiro. O fundamento era a inconstitucionalidade da
retenção.

A declaração de inconstitucionalidade deve ser analisada como


antecedente necessário e indispensável à decisão do processo

A inconstitucionalidade é a causa de pedir da ação ou fundamento da defesa do


réu

A questão constitucional é prejudicial, devendo ser solucionada antes do mérito


da causa
A inconstitucionalidade pode ser arguida:
• Pelas partes do processo
• Pelo Ministério Público, quando atue na ação

Juízes e Tribunais podem declarar a


inconstitucionalidade de ofício, independentemente de
provocação, afastando a aplicação da lei no caso
concreto
Parâmetros de análise no controle difuso

• Permite o questionamento de atos editados após 1988


que, supostamente, ofendam a Constituição

• Permite o questionamento de atos anteriores à


Constituição de 1988, para verificar se foram
recepcionados

• Permite o questionamento de atos anteriores a 1988 que,


supostamente, ofendam a Constituição vigente à época de
sua edição
Competência: qualquer juiz ou Tribunal

• Primeiro Grau: livre para decidir

• Tribunal: cláusula de reserva de plenário (“full bench”)


• Os órgãos fracionários dos Tribunais (turmas, câmaras e seções)
estão impedidos de declarar a inconstitucionalidade de lei

Art. 97CF: Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou


dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar
a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
Maioria absoluta (maioria dos membros do Tribunal) não se confunde
com maioria simples (maioria dos presentes)
Art. 948 CPC: Arguida, em controle difuso, a
inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder
público, o relator, após ouvir o Ministério Público e as partes,
submeterá a questão à turma ou à câmara à qual competir o
conhecimento do processo

• Alegação rejeitada: prossegue o julgamento

• Alegação acolhida: submete a questão ao plenário do Tribunal ou ao


órgão especial, onde houver

A cláusula de reserva de plenário não se aplica se o órgão


fracionário quiser reconhecer a constitucionalidade da
norma
Após o julgamento do incidente de
inconstitucionalidade pelo Pleno ou órgão especial do
tribunal, o julgamento da questão principal do mérito,
ou seja, daquilo que foi pedido, caberá ao órgão
fracionário
• Artigo 949, parágrafo único CPC: Os órgãos fracionários dos
tribunais não submeterão ao plenário ou ao órgão
especial a arguição de inconstitucionalidade, quando já
houver pronunciamento destes ou do plenário do
Supremo Tribunal Federal sobre a questão.
• Economia processual e segurança jurídica
• A exigência de cláusula de reserva de plenário só é aplicável à
apreciação da primeira controvérsia sobre a inconstitucionalidade
de determinada lei;
A declaração implícita de
inconstitucionalidade também
só pode ser feita pelo pleno ou
órgão especial de tribunal.

Súmula vinculante 10 STF: “Viola a cláusula de reserva de plenário


(CF, art.97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora
não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em
parte”
• Nenhum órgão fracionário de Tribunal tem
competência para declarar a inconstitucionalidade de
uma norma, exceto se essa inconstitucionalidade já foi
reconhecida pelo plenário ou órgão especial do próprio
Tribunal ou pelo plenário do STF
Cláusula de reserva de plenário e turmas recursais dos
Juizados: a cláusula não se aplica pois as referidas turmas não
são consideradas tribunais, de modo que podem declarar a
inconstitucionalidade sem precisar observar o art.97CF
A cláusula de reserva de plenário se aplica ao STF?

A leitura do art.97CF conduz ao entendimento positivo, o que é


sustentado por parte da doutrina

STF: “O STF exerce, por excelência, o controle difuso de


constitucionalidade quando do julgamento do recurso extraordinário,
tendo seus colegiados fracionários competência regimental para fazê-
lo sem ofensa ao art.97CF”
Efeitos da decisão

• Inter partes (em regra): a lei só deixa de ser aplicada


naquele processo em que foi declarada inconstitucional.

• Ex tunc: a norma é considerada inválida desde o seu


nascimento. Excepcionalmente, tem sido admitida a
modulação dos efeitos da decisão, apesar da ausência de
previsão expressa.
“Em princípio, a técnica da modulação temporal dos
efeitos da decisão reserva-se ao controle concentrado
de constitucionalidade, em face de disposição legal
expressa. Não obstante, e embora em pelo menos
duas oportunidades o STF tenha aplicado a técnica da
modulação dos efeitos da declaração de
inconstitucionalidade no controle difuso de
constitucionalidade das leis, é imperioso ter presente
que a Corte o fez em situações extremas,
caracterizadas inequivocamente pelo risco à
segurança jurídica ou ao interesse social” (STF, AI
641798-RJ. Rel.Min. Joaquim Barbosa)
Controle difuso: modulação de efeitos – o caso Mira Estrela

• “Concluído o julgamento de recurso extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal de


Justiça do Estado de São Paulo, que reconhecera a constitucionalidade do parágrafo único do art.
6º da Lei Orgânica do Município de Mira Estrela, de menos de três mil habitantes, que fixara em
11 o número de vereadores da Câmara Municipal, por entender que tal número não se afastou
dos limites constantes do art. 29, IV, a, b e c, da CF/88 . O Tribunal, por maioria, conheceu e deu
parcial provimento ao recurso, para declarar a inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 6º
da Lei 226/90, do citado Município, por considerar que o art. 29 da CF/88 estabelece um critério
de proporcionalidade aritmética para o cálculo do número de vereadores, não tendo os
municípios autonomia para fixar esse número discricionariamente, sendo que, no caso concreto,
o Município em questão deveria ter 9 vereadores, sob pena de incompatibilidade com a
proporção determinada constitucionalmente. O Tribunal determinou, ainda, que, após o trânsito
em julgado, a Câmara de Vereadores adote as medidas cabíveis para adequar sua composição aos
parâmetros ora fixados, respeitados, entretanto, os mandatos dos atuais vereadores. Vencidos
os Ministros Sepúlveda Pertence, Marco Aurélio e Celso de Mello”.

RE 197917/SP, rel. Min. Maurício Corrêa, 24.3.2004.(RE-197917)


Há alguma forma de atribuir efeitos erga omnes e
evitar ações repetitivas?

Art. 52,X CF: Compete


privativamente ao Senado
Federal suspender a
execução, no todo ou em
parte, de lei declarada
inconstitucional por
decisão definitiva do
Supremo Tribunal Federal;
Compete ao STF comunicar ao Senado a decisão
definitiva de inconstitucionalidade, proferida em
controle difuso.

A atuação do Senado é discricionária, de modo que não


é obrigado a suspender a norma

Não há prazo para a atuação do Senado, que se


manifesta por resolução
A resolução do Senado suspende a norma a partir de sua
edição (efeitos ex nunc e erga omnes)

O Senado deve atuar nos limites do que foi decidido pelo


STF

A suspensão pelo Senado abrange lei federal, estadual ou


municipal
A decisão da ação de controle difuso tem efeitos “inter
partes” e, em regra, “ex tunc”.

Se editada a resolução pelo Senado, esta tem efeitos


“erga omnes” e “ex nunc”.
Autores importantes, como Gilmar Mendes, há
tempos propõem uma nova interpretação para os
efeitos da declaração de inconstitucionalidade no
controle difuso

A teoria da abstrativização/objetivização do
controle
O papel difuso
do Senado busca
deveria seratribuir efeitos
revisto, de ergaa ele
modo que
omnesapenas
caberia às decisões do STF noà controle
atribuir publicidade decisão dodifuso
STF que
de constitucionalidade,
reconhece, sugerindo
de modo incidental uma
e com efeito releituraa
vinculante,
do papel doinconstitucionalidade
Senado decorrente de uma
verdadeira mutação constitucional.
Os adeptos dessa teoria vislumbram os seguintes efeitos:

Evita a multiplicação de
demandas idênticas

A resolução do Senado se
limitaria a dar publicidade
à decisão do STF, que, por si
só, produziria efeitos erga
omnes
Os oposicionistas a essa tese afirmam que o efeito
erga omnes só foi previsto para o controle
concentrado ou para súmula vinculante. No caso do
controle difuso, seria necessário observar o previsto
no art.52,X CF.
O STF, em julgamento de março de 2014 (Reclamação
4335/AC) não acatou a tese, mantendo-se o art.52,X CF
como condição de transbordamento dos efeitos da
decisão, no controle difuso.
‣Releitura do papel do Senado afrontaria o disposto no
artigo 52,X CF.
‣As súmulas vinculantes, previstas na CF, perderiam sua
razão de ser

Essa decisão foi proferida


na vigência do antigo
Código de Processo Civil
Em caso mais recente, datado de 2017, o STF parece
ter admitido a mutação constitucional do artigo 52,X
CF

O CPC 2015 valoriza os precedentes, o que tem


reforçado o entendimento de que as decisões do STF,
proferidas em via recursal (controle difuso) produzem
eficácia erga omnes

Duvidosa constitucionalidade
Muitas discussões ainda permeiam os efeitos da decisão no
controle difuso de constitucionalidade a partir do advento
do novo CPC

Independentemente da solução que vier a ser dada, um


mecanismo que pode evitar a repetição de demandas no
controle difuso é a edição de súmulas vinculantes
Súmula Vinculante

Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação,


mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões
sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na
imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal,
estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na
forma estabelecida em lei.
• Requisitos para edição de súmula vinculante:
• Matéria constitucional
• Existência de reiteradas decisões do STF sobre essa matéria constitucional
• Existência de controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a
Administração Pública
• Que a controvérsia acarrete grave insegurança jurídica e relevante
multiplicação de processos sobre questão idêntica

Eventual descumprimento da súmula possibilita a interposição de reclamação


diretamente ao STF (art.103-A, §3ºCF)
Controle concentrado de constitucionalidade

É aquele exercido por um único órgão ou Tribunal, especializado para essa


finalidade

O pedido do autor da ação é a própria questão referente à constitucionalidade da


lei ou ato normativo

Não há caso concreto

Processos objetivos: discute-se a lei em tese


O controle concentrado pode ser exercido pelos
seguintes mecanismos:

• Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI)


• Ação Direta de Inconstitucionalidade por
Omissão (ADO)
• Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF)
• Ação Declaratória de Constitucionalidade
(ADC)
• Representação interventiva
Ação direta de inconstitucionalidade
Tem por objeto a própria questão da inconstitucionalidade

Visa retirar do sistema jurídico a lei ou ato normativo


inconstitucional

Atualmente tramita no STF ADI contra a Lei de


Terceirização e contra a Reforma trabalhista
ADI: competência
Art. 102, I, a, CF: Compete ao Supremo Tribunal
Federal processar e julgar, originariamente, a ação
direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
FEDERAL OU ESTADUAL, quando alegada
contrariedade à CF.

Não existe controle concentrado por


ADI no caso de lei municipal que
ofende a CF.
Legitimidade ativa
Art. 103 CF – rol taxativo
Presidente da República;

Mesa do Senado Federal;

Mesa da Câmara dos Deputados;

Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do


Distrito Federal;

Governador de Estado ou do Distrito Federal;

Procurador-Geral da República;

Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

Partido político com representação no Congresso Nacional;


Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Legitimidade e pertinência temática

Embora a Constituição não estabeleça distinção entre os legitimados, a


jurisprudência do STF exige, para alguns deles, a demonstração de
pertinência temática.

A pertinência temática se caracteriza pelo nexo de


afinidade entre os objetos institucionais da
entidade que ajuizou a ADI e o conteúdo material
dos dispositivos por ela impugnados.
(interesse de agir)
Legitimados universais: podem impugnar qualquer matéria
em ADI, sem precisar comprovar interesse específico

Presidente da República
Mesas do Senado e da Câmara
Procurador Geral da República
Conselho Federal da OAB
Partido político com representação no Congresso Nacional.
O Presidente da República poderá suscitar
o controle de constitucionalidade mesmo
quando participou do processo de
elaboração da lei, mediante iniciativa ou
sanção

O Conselho Federal da OAB teve atuação


decisiva no processo de redemocratização
do país, o que o levou a ser destacado das
demais entidades de classe de âmbito
nacional, razão pela qual a jurisprudência o
considera legitimado universal
O Partido Político com representação no Congresso Nacional
deve ter sua legitimidade verificada no momento da
propositura da ação

A perda superveniente da representatividade do partido não


prejudica a apreciação da ação

Diretório municipal de partido político não tem legitimidade


para a propositura de ADI em razão de não possuir condições
para atuação em âmbito nacional, pois somente os diretórios
nacionais e a executiva nacional do partido político possuem
esta atribuição
Legitimados especiais: aqueles que devem demonstrar
relação de pertinência entre o ato impugnado e as funções
exercidas pelo órgão.

Governador de Estado/DF

Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do


DF

Confederação sindical

Entidade de classe de âmbito nacional


Governador do Estado: A pertinência temática pode surgir com
relação a atos normativos de seu próprio Estado ou,
eventualmente, com relação a atos da União ou de outros
Estados que interfiram ilegitimamente em sua esfera de
interesses juridicamente protegidos

“Lei editada pelo governo do Estado de São Paulo. ADI proposta pelo
governador do Estado de Goiás. Amianto crisotila. Restrições à sua
comercialização impostas pela legislação paulista, com evidentes
reflexos na economia de Goiás, Estado onde está localizada a maior
reserva natural do minério. Legitimidade ativa do governador de Goiás
para iniciar processo de controle concentrado de constitucionalidade e
pertinência temática” (STF, ADI 2.656/SP)
Confederação Sindical : o STF faz uma leitura estrita,
não reconhecendo legitimidade às federações e aos
sindicatos nacionais
Entidades de classe de âmbito nacional

São assim consideradas aquelas que demonstrem a real


existência de associados em pelo menos 9 Estados da Federação

Associações de associações podem propor ADI

Em abril de 2015, a Associação Médica Brasileira


propôs ADI contra alei que permite o uso da
fosfoetanolamina sintética
Os filiados devem estar ligados entre si pelo exercício da mesma
atividade econômica ou profissional
Nega legitimidade à UNE

Possível alteração de posicionamento do STF

Em junho de 2019, em decisão monocrática na ADPF 527, o ministro Luís


Roberto Barroso superou a jurisprudência do STF e reconheceu a
legitimidade ativa de associação de gays, lésbicas e transgêneros para
propor ação de controle concentrado
"Limitar as entidades de classe às categorias econômicas e políticas
significa valer-se do controle de constitucionalidade para preservar
interesses de grupos que dispõem de força política e frustrar o acesso
à jurisdição constitucional justamente pelos grupos que mais precisam
dela.”
Assim, entendeu que o controle concentrado deve ser aberto à
sociedade civil, aos grupos minoritários e vulneráveis. Com esse
entendimento, reconheceu a legitimidade da ABGLT - Associação
Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros, admitindo a ação direta.
A associação questiona, na Corte, a constitucionalidade de resolução
da presidência da República e do Conselho de Combate à
Discriminação. A ABGLT pretende discutir o direito de transexuais
cumprirem pena no presídio que corresponda à sua percepção de
gênero (STF, 2019)
Exemplo de ausência de pertinência temática

“Por falta de pertinência temática, o Tribunal não conheceu de ação


direta ajuizada pela Associação dos Delegados de Polícia do Brasil -
ADEPOL contra leis do Estado de Santa Catarina, na parte em que
impugnava a vinculação da remuneração paga a policiais militares com
a percebida pelos membros do Ministério Público. Considerou-se que
a referida entidade de classe só estaria legitimada a pleitear a
declaração de inconstitucionalidade se a vinculação houvesse fixado
como paradigma a remuneração da categoria de servidores por ela
representada”. ADIn 1.337-SC, rel. Min. Maurício Corrêa, 15.08.96.
OBJETO DA ADI

Para ser objeto de ADI, a norma deve satisfazer aos seguintes


requisitos (cumulativos)

A) Ter sido editada na vigência da atual CF

A recepção ou não de norma pré-constitucional pode ser questionada no


âmbito do controle difuso ou, preenchidos os requisitos, pela Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF)
B) Possuir natureza autônoma

Não se admite ADI contra atos normativos secundários, que


afrontam a CF de modo indireto, reflexo, pois estão
subordinados a lei

Essa espécie de ato, em geral, cria um confronto de legalidade


(ex: decreto executivo)

Se for a lei, regulamentada pelo ato normativo secundário, que


ofender a Constituição, esta deverá ser objeto da ADI
"Ação direta. Portaria n. 796/2000, do Ministro de Estado da Justiça. Ato de caráter
regulamentar. Diversões e espetáculos públicos. Regulamentação do disposto no art.
74 da Lei federal n. 8.069/90 — Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ato
normativo não autônomo ou secundário. Inadmissibilidade da ação. Inexistência de
ofensa constitucional direta. Eventual excesso que se resolve no campo da
legalidade. Processo extinto, sem julgamento de mérito. Agravo improvido. Votos
vencidos. Precedentes, em especial a ADI n. 392, que teve por objeto a Portaria n.
773, revogada pela Portaria n. 796. Não se admite ação direta de
inconstitucionalidade que tenha por objeto ato normativo não autônomo ou
secundário, que regulamenta disposições de lei." (ADI 2.398-AgR, Rel. Min. Cezar
Peluso, julgamento em 25-6-07, DJ de 31-8-07).
C) A norma impugnada deve ser dotada de abstração,
generalidade

Por muito tempo, o STF entendeu que para admitir o controle


abstrato, via ADI, o ato normativo deveria ser dotado de generalidade
e abstração

Assim, atos de efeitos concretos não admitiriam controle abstrato


Ex: decreto de utilidade pública do imóvel “x”; decreto de nomeação
do servidor “y” ;

Tal posicionamento impedia o controle, via ADI, da


constitucionalidade da Lei de diretrizes orçamentárias (LDO)
A partir de 2008, o STF passou
a diferenciar leis de efeitos
concretos dos demais atos
normativos de efeitos
concretos (decretos, por
exemplo)

Pela nova visão, a exigência


de abstração não se aplica aos
atos de efeitos concretos
aprovados sob a forma de lei
em sentido formal, o que
possibilitou questionar a LDO
por ADI
D) Estar em vigor ou durante a “vacatio legis”

Não se admite a impugnação de leis ou atos normativos


revogados
Podem ser objeto de controle de constitucionalidade:

Emenda constitucional
No que tange aos vícios formais e materiais (cláusulas
pétreas)

Constituições dos Estados

Leis federais e estaduais


Lei complementar, lei ordinária, lei delegada, resolução,
decreto legislativo e medidas provisórias (tem força de lei)
Tratados e convenções internacionais

Incorporado pelo rito ordinário: status de lei ordinária (exceto


se versar sobre direitos humanos, quando terá status de
supralegalidade)

Versa sobre direitos humanos e é incorporado pelo


procedimento especial do artigo 5º, §3ºCF: status de emenda
constitucional
Decretos autônomos (art. 84, VI, CF)

Regimentos internos dos Tribunais que desrespeitem


diretamente a CF

Outros atos normativos dotados de generalidade e abstração,


como as resoluções do CNJ e CNMP
Não podem ser objeto de controle de
constitucionalidade via ADI:

Direito municipal
Pode ser levado ao conhecimento do STF por meio do controle difuso de
constitucionalidade ou, preenchidos os requisitos, da Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental

Súmulas (não são normas)


Aplica-se, inclusive, para a Súmula vinculante, para a qual existe um
procedimento especial de revisão para o seu cancelamento

Normas produzidas pelo Poder Constituinte Originário


Leis ou atos normativos revogados

Atos normativos anteriores à CF


Essas normas são recepcionadas, ou não. O STF não admite a
inconstitucionalidade superveniente

Propostas de emendas constitucionais ou projetos de lei

Atos normativos secundários


Não admitem controle de constitucionalidade, vez que o
problema é de legalidade e não de inconstitucionalidade

Não se admite o controle de inconstitucionalidade reflexa,


oblíqua ou indireta
Para admitir a ADI, a norma deve afrontar a Constituição, não se
admitindo que preceito inscrito no Preâmbulo atue como
parâmetro para controle concentrado de constitucionalidade.
Isso porque o preâmbulo da Constituição não tem valor
normativo, apresentando-se desvestido de força cogente.

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