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Racionalismo de Descartes

Racionalismo de Descartes

Condições prévias:
• Porque os sentidos já nos enganaram no passado, não
devemos fundar o conhecimento na experiência.

• A única origem segura para todo o conhecimento possível só


pode estar na razão.

• Porque já descobrimos inúmeras vezes que o conhecimento


que temos está errado, não podemos guiar-nos por ele.

• Devemos duvidar de tudo pelo menos uma vez na vida,


inclusivamente do mundo físico e da nossa própria existência.
Partindo da dúvida devemos seguir um método que assegure o
conhecimento verdadeiro.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

As quatro regras do método cartesiano

Só devemos aceitar como verdadeiro o que se


EVIDÊNCIA apresenta à razão como absolutamente evidente.
Na análise dos problemas devemos dividi-los em
ANÁLISE elementos simples para os compreendermos melhor.
Depois de divididos os problemas, devemos ordená-los
SÍNTESE do mais simples para o mais complexo.
Por fim, devemos proceder a uma enumeração
ENUMERAÇÃO completa do problema para nos certificarmos de que
não houve qualquer omissão.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

A dúvida cartesiana
• O primeiro passo na procura da verdade consiste em partir de um
ceticismo provisório para assegurar a inexistência de erros.
Descartes duvida:
• Dos sentidos – porque já nos iludiram no passado;
• Do conhecimento anterior – porque inúmeras vezes se mostrou
errado;
• Do mundo físico – pois, tal como os sonhos, pode ser uma ilusão.

Quando sonhamos, misturamos diversas experiências do mundo


físico, que, mesmo que sejam enganosas, se baseiam na existência de
um mundo exterior. Desta forma, as realidades físicas deveriam
existir.

PORQUE DUVIDA DESCARTES DO MUNDO FÍSICO?

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

A dúvida cartesiana – a hipótese do génio maligno


• Nada nos garante que todas as ideias que temos do mundo
exterior não sejam obra de um ser mal-intencionado que
nos ilude com perceções inexistentes.

• Não temos forma de saber se as realidades sensíveis existem


de facto.

• Não podemos sequer ter a certeza da existência do nosso


próprio corpo.

A dúvida de Descartes vai até às últimas consequências. Procura eliminar


toda a possibilidade de erro. Este é o ponto de partida para se obter o
primeiro conhecimento seguro.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

Características da dúvida cartesiana

A dúvida põe em causa, de forma universal, tudo o que


SISTEMÁTICA possa gerar a mínima incerteza.

Assume como falso tudo o que seja duvidoso. Nenhuma


HIPERBÓLICA realidade é imune à dúvida, nem o próprio sujeito.

METÓDICA É um método utilizado para vencer o ceticismo.

Depois de cumprido o papel da dúvida, ela visa


PROVISÓRIA ultrapassar o ceticismo e chegar à primeira certeza.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

A primeira certeza – o cogito

Mesmo que duvide de tudo, há uma coisa de que não posso duvidar. Se
duvido é porque penso, e se penso existo, ainda que seja apenas uma
substância pensante.

DUVIDO PENSO EXISTO

PENSO, LOGO EXISTO.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

Características e funções do cogito


• Primeira certeza de Descartes.

• Permite ultrapassar o ceticismo e demonstrar que é possível


conhecer.

• Constitui-se como a primeira verdade clara e distinta.

• Estas características servem de critério para todo o conhecimento


racional.

• Funda na razão a origem do conhecimento seguro.


Apesar de o cogito se assumir como modelo de verdade, saber que existimos não é
ainda suficiente para fundarmos o conhecimento de outras verdades claras e
distintas. Como se fundamenta, por exemplo, a existência do mundo exterior?

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

A existência de Deus – a segunda ideia clara e distinta

Se duvido sou imperfeito, logo não posso ser a causa da ideia de perfeição.

Um ser imperfeito torna necessária a existência de um ser perfeito.

A um ser perfeito não pode faltar o atributo da existência.

LOGO, DEUS EXISTE.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

Consequências da existência de Deus no cartesianismo


• A existência de Deus permite ultrapassar a hipótese do génio
maligno, pois um ser perfeito não pode ser enganador.

• Se Deus não engana, então o mundo físico existe.

• As provas da existência de Deus constituem-se como um passo


importante para a sustentação do conhecimento a outras
realidades.

• A existência de Deus permite a Descartes vencer definitivamente


o ceticismo inicial.

• Descartes ultrapassa o ceticismo provisório fixando-se no


dogmatismo metafísico.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

Que realidades é possível conhecer pelo método?

SUBSTÂNCIA O conhecimento do sujeito enquanto ser que pensa


PENSANTE (cogito).

SUBSTÂNCIA
O conhecimento da existência de Deus.
DIVINA

SUBSTÂNCIA O conhecimento da existência do mundo físico (nas suas


EXTENSA características objetivas – comprimento, largura e altura).

Conclusões:

Descartes destacou-se pelo rigor com que se propôs analisar o


conhecimento humano, salientando a importância do método e
alertando-nos para o risco das primeiras impressões.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

Racionalismo
Uma teoria explicativa do conhecimento
Racionalismo de Descartes
Racionalismo é a doutrina epistemológica que
defende o primado da razão.
«É a teoria das ideias inatas (...). Segundo ela,
são-nos inatos certo número de conceitos,
justamente os mais importantes, os conceitos
fundamentais do conhecimento. Estes
conceitos não procedem da experiência, mas
representam um património originário da
razão».
J. Hessen
Um dos seus mais ilustres representantes é
René Descartes (1596-1650).
Racionalismo de Descartes
René Descartes foi filósofo, físico e
matemático francês. Designado como
fundador da filosofia moderna e «pai»
da matemática moderna, foi um dos
pensadores mais influentes da história
da cultura ocidental.

Racionalismo de Descartes
Primado da razão: Descartes opta
por se apoiar na razão, e só nela, já
que os sentidos e a imaginação são
enganadores. A razão torna-se na
verdadeira e única fonte de
conhecimento seguro.

Racionalismo de Descartes
Bases a priori e irrefutáveis, isto é,
Ideias inatas premissas absolutamente verdadeiras
(ideias claras e distintas: evidentes).

Procura de uma cadeia de razões em que


tudo o que é descoberto surge como
Dedução consequência necessária do que já antes
fora encontrado como verdadeiro e
evidente.

• Universalmente válido.
Conhecimento • Logicamente necessário.
seguro • Objetivo.

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Dúvida metódica: a primeira regra do
método cartesiano consiste em
exercer sistematicamente a dúvida, a
fim de nunca aceitar como verdadeiro
aquilo que não for claro, distinto e,
portanto, evidente.

Racionalismo de Descartes
Dúvida metódica
Primeira evidência, a partir
Eu (cogito) da qual Descartes deduz a
existência de Deus.

É autor de tudo o que


existe no mundo, fonte de
Deus verdade e criador do
entendimento.

Do cogito e de Deus deduz


os princípios das coisas

Racionalismo de Descartes
Mundo
físicas: extensão, forma e
movimento.
A ideia de Deus como
garante da ciência: se o
cogito é o início do
pensamento, só Deus é o seu
garante e fundamento. Só
assim a razão pode
ambicionar um conhecimento
seguro, objetivo e
universalmente válido.

Racionalismo de Descartes
Pressupostos do racionalismo:
• A razão ou entendimento é a única fonte de
conhecimento seguro.
• Os sentidos e a imaginação são enganadores.
• A razão possui, à partida, ideias inatas (claras, distintas
e evidentes).
• Só o raciocínio dedutivo (a partir de premissas
evidentes) garante a validade do conhecimento.
• A matemática deve constituir-se como modelo de
todo o conhecimento.
• A razão constrói conhecimentos universalmente

Racionalismo de Descartes
válidos e absolutamente verdadeiros.
Bibliografia

• AAVV, Enciclopedia Oxford de Filosofía, Madrid,


Tecnos, 2001.
• A. Kenny, História Concisa da Filosofia Ocidental,
Temas & Debates, 2003.
• J. Russ, A Aventura do Pensamento Europeu. Uma
História das Ideias Ocidentais, Terramar, 1997.
Racionalismo de Descartes

Racionalismo
Uma teoria explicativa do conhecimento
Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

O que é o conhecimento?
Descrição e interpretação da atividade
cognoscitiva
Racionalismo de Descartes
Tipos de conhecimento
Podemos falar em conhecimento em três sentidos diferentes:
1. «O António sabe andar de bicicleta.»
É um conhecimento de aptidões ou saber-fazer.
2. «A Helena conhece Évora.»
Trata-se de um conhecimento por contacto.
3. «O Vítor sabe que a serra do Marão fica em Portugal.»
É o conhecimento dito proposicional.

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O que é o conhecimento?

Análise fenomenológica Teoria tradicional


do conhecimento do conhecimento
• O conhecimento é uma relação • Remonta a Platão.
entre um sujeito e um objeto. • Define o conhecimento
• O sujeito conhece o objeto; proposicional como
o objeto é conhecido pelo crença verdadeira
sujeito. justificada.
• Há uma correlação entre eles.
• O sujeito apreende o objeto e
constrói uma imagem ou
representação do objeto, que é o
conhecimento.

Racionalismo de Descartes
Teoria tradicional do conhecimento
O que é necessário para que um indivíduo possa afirmar
que sabe algo?
Atentemos na definição de solteiro.
Para qualquer indivíduo, alguém é solteiro se e, somente
se,:
1. For um adulto.
2. For homem.
3. Não for casado.

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Teoria tradicional do conhecimento
Na definição apresentada dizemos que:
1. Se um indivíduo tem as características apontadas, então é
solteiro. Assim, dizemos que elas são condições suficientes
para que se seja solteiro.
2. Se um indivíduo é solteiro, é porque tem essas três
características, e então dizemos que cada uma delas é uma
condição necessária para se ser solteiro.

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Teoria tradicional do conhecimento
Segundo a teoria tradicional do conhecimento, são necessários
três requisitos para haver conhecimento:
1. Crença - se alguém sabe que uma proposição é verdadeira,
então tem de acreditar que é verdadeira.
2. Verdade - se alguém sabe que uma proposição é
verdadeira,
então a proposição tem de ser verdadeira.
3. Justificação - para haver conhecimento têm de existir provas
que sustentem essa crença verdadeira .

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Contraexemplo de Gettier
A teoria tradicional do conhecimento diz que todos os casos de
crença verdadeira justificada são casos de conhecimento.

O filósofo norte-americano
Edmund Gettier (1927-) veio
afirmar que ainda que um
indivíduo possa ter uma
crença verdadeira justificada
pode não ter conhecimento.

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Contraexemplo de Gettier
Smith trabalha num escritório e sabe que alguém será promovido em
breve. O patrão, que é uma pessoa em quem se pode confiar, diz a Smith
que Jones será promovido. Smith acabou de contar as moedas no bolso
de Jones, encontrando 10 moedas. Smith tem então boas informações
para acreditar no seguinte:

a) Jones será promovido e Jones tem 10 moedas no bolso.

Smith deduz, então, deste enunciado o seguinte:

b) O homem que será promovido tem 10 moedas no bolso.

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Contraexemplo de Gettier
Suponha-se agora que Jones não receberá a promoção, embora Smith
não o saiba. Em vez disso, será o próprio Smith a ser promovido. E
suponha-se que Smith também tem dez moedas dentro do bolso. Smith
acredita em b e b é verdadeira. Gettier afirma que Smith acredita
justificadamente em b, dado que a deduziu de a. Apesar de a ser falsa,
Smith tem excelentes razões para pensar que é verdadeira.
Gettier conclui que Smith tem uma crença verdadeira justificada em b,
mas que Smith não sabe que b é verdadeira.

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Conclusões
Pelo contraexemplo de Gettier percebemos que:
1. O sujeito tem dados para acreditar na proposição em causa,
dados estes que são altamente credíveis, mas não infalíveis.
2. O patrão está geralmente certo sobre quem vai ser promovido.
3. Todavia, geralmente não é sempre. As fontes da informação que
o sujeito explora neste exemplo são altamente credíveis, mas
não são perfeitamente credíveis. Todas as fontes de informação
são suscetíveis de erro, pelo menos até certo ponto.

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Conclusões
Gettier pôs assim em causa a teoria tradicional do
conhecimento, ao afirmar que a crença verdadeira
justificada não é suficiente para haver conhecimento.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

O que é o conhecimento?
Descrição e interpretação da atividade
cognoscitiva
Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

A teoria do conhecimento procura responder a


questões como:

• O que é conhecer?
• Que tipos de conhecimento existem?
• Qual a estrutura do ato de conhecer?
• Quais as fontes do conhecimento?
• Será o conhecimento possível?

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

Tipos de conhecimento:

Consiste no conhecimento de verdades por parte


Conhecimento do sujeito:
Proposicional
“A Andreia conhece as principais falácias informais.”

Conhecimento que resulta do contacto entre


Conhecimento sujeito e objeto:
por Contacto
“A Leonor conhece o António.”

Conhecimento de uma habilidade, é do domínio


Saber-Fazer do fazer:
“O António sabe nadar.”

À Filosofia interessa prioritariamente o conhecimento de


verdades ou o conhecimento proposicional.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

Estrutura do ato de conhecer – análise fenomenológica:

• A fenomenologia estuda o fenómeno do conhecimento,


descrevendo o que ocorre na relação entre um sujeito e um objeto.
• Segundo a descrição fenomenológica do ato de conhecer:
• O conhecimento resulta da relação entre um sujeito que conhece e
um objeto que é conhecido – o resultado dessa relação é o
conhecimento.
• Sujeito e objeto são interdependentes – sujeito e objeto só existem
um em relação ao outro e as suas posições são irreversíveis.
• O sujeito apreende o objeto ficando na posse da sua imagem, mas o
objeto permanece exterior ao sujeito e inalterado.
• Depois do conhecimento, sujeito e objeto continuam separados.
• O sujeito é modificado pelo que apreendeu do objeto.

Racionalismo de Descartes
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A definição tradicional de conhecimento:

• A definição tradicional de conhecimento foi apresentada no diálogo


platónico Teeteto.
Platão definiu o saber como:
“Opinião verdadeira acompanhada de explicação.” Platão, Teeteto.

• Para que haja conhecimento devem ser satisfeitas três condições


cumulativamente:
VERDADE – o conhecimento é verdadeiro.
CRENÇA – o sujeito acredita que o conhecimento é verdadeiro.
JUSTIFICAÇÃO – o sujeito justifica racionalmente o conhecimento.

Racionalismo de Descartes
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Exemplo:
“O João sabe que Portugal é um país europeu.”

VERDADE – É verdade que Portugal está no continente europeu.


CRENÇA – O João é português e acredita que está no continente europeu.
JUSTIFICAÇÃO – O João justifica racionalmente o seu conhecimento com base
nos inúmeros mapas que viu e nas suas viagens pela Europa.

Se o João nunca tivesse visto um mapa, nunca tivesse viajado e não


acreditasse que estava na Europa, não poderíamos defender que o João
sabia que Portugal é um país europeu, mesmo que isso seja verdade.

VERDADE CRENÇA JUSTIFICAÇÃO

CONHECIMENTO

Racionalismo de Descartes
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Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

David Hume (1711-1776)

• Filósofo escocês que criticou o racionalismo e defendeu o


empirismo.
• Para David Hume a única origem fiável para o conhecimento
é a realidade empírica.
• Defendeu o primado da experiência e dos sentidos no
conhecimento humano.
• Investigou as fragilidades do nosso conhecimento e
promoveu uma intensa reflexão sobre a causalidade e a
indução.

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Que tipos de perceções tem a nossa mente?

Dados sensoriais da experiência interna e externa


(emoções e sensações) que afetam o sujeito no
IMPRESSÕES momento atual através da sensibilidade. Estas
impressões caracterizam-se por serem vivas e intensas.

Imagem mental retirada das impressões sensíveis. As


ideias são cópias das impressões que o sujeito retém
IDEIAS depois de ser afetado pela experiência sensível. As
ideias são menos intensas e mais desvanecidas do que
as impressões.

Racionalismo de Descartes
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Que tipos de conhecimento produz a mente?

A relação de ideias resulta do trabalho mental entre


ideias (retiradas previamente da experiência). São
exemplos de relações de ideias os conhecimentos da
Relações de ideias matemática ou da lógica. A relação de ideias é um
conhecimento dedutivo e necessário.
Exemplo: “Três mais dois igual a cinco”.

As questões de facto resultam diretamente da


sensibilidade e exigem o confronto com a realidade
Questões de facto sensível. O conhecimento dos factos é indutivo, a
posteriori e contingente.
Exemplo: “A neve é branca”.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
Como construímos conhecimento a partir de ideias?

A mente é preenchida por um conjunto de ideias que resultaram das


nossas impressões sensíveis.

Por exemplo: Ao adicionar um litro de água a outro recebemos na


sensibilidade a informação de que se obtém o dobro da água (2 litros).

A mente, na posse desta ideia, pode agora produzir outras relações de


quantidade sem o recurso à impressão original. Exemplo: 1+1+1=3

O conhecimento que se obtém da relação de ideias, porque exige


apenas conformidade lógica, é necessário. Este tipo de conhecimento é
dedutivo e não acrescenta mais do que o que existia na ideia inicial.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
Como construímos conhecimento a partir de factos?

A mente por si só não produz conhecimento quando privada das


impressões e das ideias que têm origem na sensibilidade.

Por exemplo: Recebemos a impressão sensível de que ao induzir calor


num recipiente cheio de água ela entra em ebulição aos 100ºC.

Estabelecemos então uma relação causal entre o calor (causa) e o seu


efeito (água em ebulição).

Esta sequência temporal de causa e de efeito permite-nos, pelo


hábito, produzir conhecimento indutivo e prever acontecimentos
futuros. A indução amplia o nosso conhecimento da realidade.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

Conclusões:

• Todo o conhecimento humano deriva da experiência sensível.


• A mente humana tem dois tipos de perceções: impressões e ideias.
• Produzimos conhecimento a partir da relações entre ideias e das
questões de facto.
• As relações entre ideias são necessárias, contudo, porque dedutivas,
não ampliam o nosso conhecimento do mundo.
• A indução resulta da experiência e permite-nos criar conhecimento
novo, contudo, esse conhecimento é contingente e apenas provável,
pois a explicação da relação causal baseia-se unicamente no hábito.
• A conexão temporal constante entre causa e efeito não nos fornece
uma explicação cabal da indução.
• Não é possível ao ser humano compreender cabalmente a conexão
necessária entre uma causa e um efeito, pelo que o conhecimento
empírico de factos é apenas probabilístico e contingente.

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Racionalismo de Descartes
ESTRUTURA DO ATO DE CONHECER

CONHECIMEN
TO
Processo de captação ou
compreensão de algo.

SUJEIT OBJET
O O
Aquele que conhece. Aquele que é conhecido.
ESTRUTURA DO ATO DE CONHECER

CONHECIMEN
TO
TIPOS DE
CONHECIMENTO

PRÁTIC PROPOSICION POR


O
Conhecimento AL
Conhecimento CONTACTO
Conhecimento
relacionado com relacionado com relacionado com as
aptidões. os juízos sobre a experiências
realidade. pessoais do sujeito.
ESTRUTURA DO ATO DE CONHECER

CONHECIMENTO COMO
CRENÇA VERDADEIRA
JUSTIFICADA
Conhecimento distinto das meras opiniões, cuja
garantia exige que as crenças, para além de
verdadeiras tenham também de ser
fundamentadas (justificadas).

CRENÇ VERDAD JUSTIFICAÇ


A E ÃO
ESTRUTURA DO ATO DE CONHECER

CRENÇ
A
Convicção de que algo
corresponde à realidade.
S acredita que P.
Condição necessária
mas não suficiente.
ESTRUTURA DO ATO DE CONHECER

VERDAD
E Proposição correspondente
com a realidade.
P é verdadeira.
Condição necessária mas
não suficiente.
ESTRUTURA DO ATO DE CONHECER

JUSTIFICAÇÃO
Fundamentos em que a proposição é
suportada.
S está justificado a acreditar que P.
Condição necessária e suficiente.
TEORIAS EXPLICATIVAS DO
CONHECIMENTO

PROBLEMAS DO
CONHECIMENTO
Teorias acerca da origem e possibilidade do
conhecimento procuram respostas às questões: «é
possível conhecer?» «como se conhece?»

RACIONALISMO EMPIRISMO
René Descartes (1596-1650) David Hume (1711-1776)

APRIORISMO OU CRITICISMO
Immanuel Kant (1724-1804)
TEORIAS EXPLICATIVAS DO
CONHECIMENTO

PROBLEMAS DO
CONHECIMENTO
RACIONALISMO

René Descartes (1596-1650)


A razão como fonte de conhecimento.
Posição dogmática acerca da possibilidade
do conhecimento.
Conhecimento universalmente válido e
demonstrável.
TEORIAS EXPLICATIVAS DO
CONHECIMENTO

PROBLEMAS DO
CONHECIMENTO
EMPIRISMO
David Hume (1711-1776)
A experiência como fonte de conhecimento
(impressões e ideias).
Posição cética acerca da possibilidade do
conhecimento.
Conhecimento contingente dependendo da
experiência.
TEORIAS EXPLICATIVAS DO
CONHECIMENTO

PROBLEMAS DO
CONHECIMENTO
APRIORISMO OU CRITICISMO
Immanuel Kant (1724-1804)
A razão e a experiência como fonte de
conhecimento – intuições e conceitos
Posição crítica acerca da possibilidade do
conhecimento.
Conhecimento dos fenómenos.
1. Descrição e interpretação
da atividade cognoscitiva
1.1. Estrutura do ato de conhecer
1.1.1. Os problemas do conhecimento
GNOSIOLOGIA

TEORIA DO
CONHECIMENTO

Estudo do conhecimento – estudo das relações entre o


sujeito e o objeto, procurando esclarecer e analisar
criticamente os problemas que essas relações suscitam.

Origem, natureza, possibilidade e limites do conhecimento.


ALGUMAS QUESTÕES
GNOSIOLÓGICAS

O que é o conhecimento?
Que tipos de conhecimento existem?
Quais as fontes do conhecimento?
Qual a origem do conhecimento?
Será que o conhecimento é possível?
Qual o fundamento do conhecimento?
CONHECIMENTO

Um SUJEITO apreende um OBJETO

Aquele que Aquilo que é


conhece conhecido

CORRELAÇÃO: o sujeito só é sujeito em relação a um


objeto e este só é objeto em relação a um sujeito.

INTERAÇÃO: o sujeito interage com a realidade, e é desse


processo que o conhecimento emerge.

Representar o objeto é também, em certa medida, construí-lo.


ATO DE CONHECIMENTO

É inseparável de um contexto.

Existem diferentes tipos de Existe uma pluralidade


conhecimentos. de experiências.

EXPERIÊNCIA: Apreensão, por parte de um sujeito, de uma realidade, um modo de fazer,


uma maneira de viver, etc., constituindo, em muitos casos, um modo de conhecer algo
imediatamente antes de todo o juízo que se formula sobre aquilo que se apreende.
TIPOS DE CONHECIMENTO

SABER-FAZER SABER-QUE CONHECIMENTO


(conhecimento por
aptidão ou saber-
(conhecimento
proposicional)
POR CONTACTO
como)

Conhecimento Conhecimento de Conhecimento


prático ou proposições ou direto de alguma
conhecimento de pensamentos realidade.
atividades. verdadeiros.

Exemplo: saber Exemplo: saber Exemplo: conhecer


cozinhar. que «2 + 2 = 4». Paris.

O saber-que também se
designa por conhecimento
factual, podendo ser expresso
com outras locuções: por
exemplo, «sei onde»; «sei
quando»; «sei quem», etc.
CONTEXTO

SUJEITO INTERAÇÃO OBJETO

Aquele que Conhecimento Aquilo que é


conhece conhecido

Saber-fazer Conhecimento por Saber-que


contacto
O que é o O que é a
conhecimento? realidade?

Ser particular REALIDADE Seres em geral

• o que é ou existe (o ser, o existente);


• o que se opõe ao aparente ou ilusório;
• o que não é potencial ou apenas possível, mas sim atual;
• o que se opõe ao nada, ao não-ser;
• o que existe independentemente do sujeito que o pensa ou
conhece;
• o que nos é dado na experiência em geral;
• o que é (ou pode ser) esclarecido pelo conhecimento científico.
CONHECIMENTO

REALIDADE LINGUAGEM

Linguagem verbal Diversos tipos de linguagem

Possibilidade de emitir sons articulados e de os exprimir por escrito.

Capacidade que nos permite organizar o pensamento.


LINGUAGEM PENSAMENTO

Elementos indissociáveis

Está diretamente implicada:

no conhecimento do mundo

na reflexão sobre o conhecimento

na construção
na comunicação dos resultados do conhecimento
de uma visão
do mundo e de
uma cultura
1.1.2. Definição tradicional de conhecimento
CONHECIMENTO PROPOSICIONAL
(SABER-QUE)

Proposições verdadeiras Proposições falsas

Relação adequada entre No conhecimento proposicional verifica-se uma


o sujeito cognoscente e a relação entre um sujeito e um objeto.
realidade.

SUJEITO CRENÇA OBJETO

O verdadeiro e o
Atitude de adesão a uma
falso de qualquer
Saber é acreditar naquilo determinada proposição,
crença dependem
que se sabe. tomando-a como
de algo exterior à
verdadeira.
própria crença.

A crença é uma condição necessária do conhecimento. Mas as crenças podem ser verdadeiras ou falsas.
DEFINIÇÃO TRADICIONAL DE CONHECIMENTO

CONDIÇÕES DO CONHECIMENTO

CRENÇA VERDADE JUSTIFICAÇÃO

S dispõe de
S acredita que P. P é verdadeira. justificação ou
provas para
acreditar que P.

S sabe que P se, e só se:


CONHECIMENTO – DEFINIÇÃO TRIPARTIDA

CRENÇA VERDADEIRA JUSTIFICADA

PLATÃO – DIÁLOGO TEETETO

Todas as três
condições são Crença, verdade
necessárias e justificação:
para que haja condições
conhecimento. necessárias e
Consideradas suficientes para
isoladamente, que haja
nenhuma delas conhecimento.
é suficiente.
1.1.3. Críticas à definição tradicional de
conhecimento
EDMUND GETTIER

Contraexemplos à definição de conhecimento


como crença verdadeira justificada.

Pode haver crenças verdadeiras justificadas sem que


tais crenças equivalham a um efetivo conhecimento.
É possível que alguém não possua conhecimento,
ainda que sejam realizadas as três condições: crença,
verdade e justificação.

Pode haver crenças verdadeiras que são justificadas


apenas acidentalmente, em resultado da sorte, do
acaso ou da mera coincidência.
1.1.4. Fontes de conhecimento
FONTES DE CONHECIMENTO

JUSTIFICAÇÃO DO
CONHECIMENTO
PENSAMENTO SENTIDOS
Perguntar pela fonte
OU RAZÃO do conhecimento
(EXPERIÊNCIA SENSÍVEL)
equivale, a perguntar
pela forma como é
Juízos a priori possível conhecer a Juízos a posteriori
verdade de um
Exemplo: determinado juízo ou Exemplo:
«5 + 5 = 10». pela justificação que «O Sol brilha».
apresentamos para
esse conhecimento.

Juízos cuja verdade pode ser conhecida Juízos cuja verdade só pode ser conhecida
independentemente de qualquer experiência, através da experiência sensível.
tendo, portanto, origem no pensamento ou razão.

Não são estritamente universais (não são


verdadeiros sempre e em toda a parte) e são
São universais (são verdadeiros sempre e em toda a contingentes – são verdadeiros, mas poderiam
parte) e necessários (negá-los implicaria entrar em ser falsos, e negá-los não implica entrar em
contradição). contradição.
MODOS DE CONHECIMENTO

Conhecimento a priori Conhecimento a posteriori

Baseia-se em juízos a priori, tendo a sua fonte ou Baseia-se em juízos a posteriori, tendo a sua
origem apenas no pensamento ou na razão. É origem na experiência. É o conhecimento
justificado pela razão e não pela experiência. empírico, justificado pela experiência.

Todos os corpos são extensos. O Manuel é alto. Exemplos


A=A A chuva molha.
2+2=4 Todos os corpos são pesados.
Exemplos

Todo o conhecimento começa com a experiência,


mas nem todo deriva da experiência , segundo Kant.
Utilizando como critério a inclusão (implícita) ou não
do predicado no conceito relativo ao sujeito, Kant
dividiu os juízos em:

Analíticos Sintéticos Sintéticos a priori

São aqueles cujo São aqueles cujo São juízos


predicado está predicado não está independentes da
implícito no implícito no experiência, tendo
conceito do conceito do uma origem racional
sujeito, sujeito. Não são (a priori), mas cujo
encontrando-se estritamente predicado não está
pela simples universais e são implícito ou incluído
análise e contingentes. no conceito do
explicação desse sujeito (sintéticos).
conceito. São São universais e
universais e necessários.
necessários.
JUÍZOS

Analíticos Sintéticos Sintéticos a priori

Exemplos: Exemplos: Exemplos:


- O todo é maior - A minha escola - 20 x 5 = 100.
do que cada uma tem muitos alunos. - Num triângulo
das suas partes. - As ovelhas retângulo, o
- O solteiro é não descansam à quadrado da
casado. sombra das hipotenusa é igual à
árvores. soma dos quadrados
dos catetos.

Não contribuem São extensivos, isto São extensivos, isto


para aumentar o é, ampliam o nosso é, ampliam o nosso
nosso conhecimento. conhecimento.
conhecimento.
1.2. Análise comparativa de duas teorias
explicativas do conhecimento
1.2.1. Origem do conhecimento
ORIGEM DO CONHECIMENTO

RACIONALISMO EMPIRISMO
(Racionalismo do século XVII) (Empirismo inglês do século XVIII)

Filósofos: Será que todo o nosso Filósofos:


René Descartes conhecimento provém da John Locke
(1596-1650) experiência? (1632-1704)
Ou será que provém
Gottfried Leibniz também da razão? George Berkeley
(1646-1716) Ou procederá de ambas (1685-1753)
Bento de Espinosa estas fontes, mas tem David Hume
(1632-1677) maior importância (1711-1776)
Nicolas Malebranche quando provém de uma
(1638-1715) do que de outra?
RACIONALISMO

A razão (entendimento) é a Desconfiança


Ideias inatas: fonte principal do dos sentidos:
As ideias conhecimento. Eles são fonte
fundamentais já de crenças
nascem confusas e,
connosco. A razão é fonte de um muitas vezes,
incertas.
conhecimento totalmente
independente da experiência
sensível – a priori, necessário
Intuição e e universal. A matemática
Otimismo
dedução: constitui o modelo do
racionalista:
As ideias conhecimento. Há uma
fundamentais
correspondência
descobrem-se
entre
por intuição
pensamento e
intelectual. O
realidade. Toda a
conhecimento O sujeito impõe-se ao realidade pode
constrói-se de objeto através das noções ser conhecida.
forma dedutiva. e princípios evidentes
que traz em si.
EMPIRISMO
Rejeição do John Locke:
inatismo: O conhecimento
Não existem A experiência é a fonte
encontra-se limitado
ideias, principal do conhecimento.
conhecimentos pela experiência
ou princípios (externa ou interna),
inatos. O ao nível da sua:
entendimento
assemelha-se a Todas as ideias têm uma base
uma página em empírica, até as mais
branco. complexas. O conhecimento
do mundo obtém-se através
de impressões sensoriais. Extensão: o Certeza: as
entendimento certezas de
Significado da é incapaz de que dispomos
experiência: ultrapassar os referem-se
limites apenas àquilo
É nela que o impostos pela que se
conhecimento experiência. encontra
tem o seu dentro dos
fundamento e limites da
os seus limites. experiência.
O objeto impõe-se ao
sujeito.
FUNDACIONALISMO

O conhecimento deve ser concebido como uma estrutura que se ergue e se


desenvolve a partir de fundamentos certos, seguros e indubitáveis.

RAZÃO Combinação da EXPERIÊNCIA


RAZÃO e da
EXPERIÊNCIA
RACIONALISMO EMPIRISMO

Valorização do Valorização do
conhecimento a conhecimento a
priori (mas não se posteriori (mas não
nega a existência se nega a existência
do conhecimento a do conhecimento a
posteriori). priori).
FUNDACIONALISMO De acordo com a definição tradicional de
conhecimento, uma crença encontra-se justificada se
tivermos razões para pensar que ela é verdadeira.

Uma crença é justificada por outra, a qual por sua vez


é justificada por outra e assim sucessivamente.

A justificação é inferencial: a crença justificada infere-


se daquela que a justifica.

Corre-se o risco da regressão infinita da justificação.

permitem evitar a

crenças básicas ou fundacionais


FUNDACIONALISMO

Crenças básicas Crenças não básicas

infalíveis – não podem estar erradas

incorrigíveis – não podem ser refutadas

indubitáveis – não podem ser postas em dúvida

Suportam o sistema do saber.


Não necessitam de uma
justificação fornecida por
outras crenças, porque se São justificadas por outras
justificam a si mesmas. crenças.
1.2.2. Possibilidade do conhecimento
Possibilidade do
conhecimento

Será que o sujeito apreende efetivamente o objeto?


Será que o conhecimento é possível?

SIM NÃO

DOGMATISMO CETICISMO
DOGMATISMO

QUATRO ACEÇÕES DO TERMO

Posição própria do Confiança de que a Submissão, sem Exercício da razão,


realismo ingénuo – razão pode atingir exame pessoal, a em domínios
ausência de exame a certeza e a certos princípios metafísicos, sem
crítico das verdade. ou à autoridade de uma crítica prévia
aparências. que provêm. da sua capacidade.

É o dogmatismo O conhecimento é Expressando uma Opõe-se ao


ingénuo. Não possível. Esta ausência de criticismo (Kant).
coloca o problema perspetiva opõe-se espírito crítico, o
do conhecimento. ao ceticismo. termo adquire aqui
Não ocorre um sentido
propriamente na pejorativo.
filosofia.
CETICISMO

Não é possível ao sujeito apreender, de um modo


efetivo ou então de um modo rigoroso, o objeto.

Pode haver apenas Ceticismo absoluto Ceticismo mitigado


um ceticismo ou radical ou moderado
localizado, que
incide sobre um
conhecimento
determinado: por
exemplo, o
conhecimento
metafísico –
ceticismo
Pirro de Élis Arcesilau
metafísico.
(c. 365-275 a. C.) (c. 315-241 a. C.)

Sexto Empírico Carnéades


(séculos II-III d. C) (c. 213- c. 128 a. C.)
CETICISMO RADICAL
Estado de
- É impossível ao sujeito apreender o objeto. neutralidade em
- O conhecimento não é possível. que nada se afirma
e nada se nega.
- Nega-se que haja justificações suficientes para as
nossas crenças.
Conduz à ataraxia
ou ausência de
Argumentos para a suspensão do juízo perturbação.

A existência, O facto de os A existência de O facto de nada se


relativamente ao objetos, pelas opiniões compreender por si
mesmo objeto, diversas formas divergentes a e o facto de nada
de sensações e como se nos respeito dos mais poder ser
perceções apresentam, variados verdadeiramente
diferentes, e até desencadearem assuntos, compreendido com
incompatíveis. ilusões e tornando base noutra coisa:
aparências (os impossível que regressão infinita
sentidos nos decidamos da justificação.
enganam-nos). por uma ou outra.

CONTRADIÇÃO: exprime o conhecimento de que o conhecimento não é possível.


CETICISMO
MITIGADO

Não estabelece a impossibilidade do conhecimento,


mas sim a impossibilidade de um saber rigoroso.

Não podemos afirmar se este ou aquele juízo é ou


não verdadeiro, se corresponde ou não à realidade,
apenas podemos dizer se é ou não provável ou
verosímil.

CONTRADIÇÃO: o conceito de «probabilidade»


pressupõe o de «verdade».
CETICISMO

Importante no nosso desenvolvimento intelectual.

Inconformismo perante as soluções apresentadas e


busca de novas soluções.

Ceticismo Ceticismo
metódico sistemático

É um meio para Adota a dúvida como


alcançar a verdade. um princípio definitivo.
1.2.3. O racionalismo de René Descartes
RENÉ DESCARTES
(1596-1650)

Filósofo racionalista

A razão a fonte principal do conhecimento:


fonte do conhecimento universal e necessário.

Procurou na razão os fundamentos do conhecimento.

Tentativa de superação dos argumentos dos céticos radicais.


Proposições da matemática

Têm origem exclusivamente racional e a priori.

Método inspirado na matemática.

REGRAS DO MÉTODO

Evidência Análise Síntese Enumeração /


revisão

Não aceitar nada Dividir cada uma Começar pelo Fazer


como verdadeiro das dificuldades mais simples e enumerações tão
se não se em partes, para fácil de completas e
apresentar à melhor as compreender e revisões tão
consciência como resolver. subir gerais, que
claro e distinto, gradualmente tivesse a certeza
sem qualquer para o mais de nada omitir.
margem para complexo.
dúvidas.
REGRAS DO MÉTODO

Permitem guiar a razão (o bom senso),


orientando duas operações fundamentais:

Intuição Dedução

Ato de apreensão direta Encadeamento de


e imediata de noções intuições, envolvendo
simples, evidentes e um movimento do
indubitáveis. pensamento, desde os
princípios evidentes até
às consequências
necessárias.
SABEDORIA HUMANA

Permanece una e idêntica: a filosofia é comparada a uma árvore:

moral

mecânica medicina

física

metafísica
DÚVIDA
Se alguma crença
resistir à dúvida,
então ela poderá
Recusar todas as crenças em que se note a ser a base ou o
mínima suspeita de incerteza. fundamento para
as restantes.
É um instrumento da luz natural ou razão, posto
ao serviço da verdade.

RAZÕES QUE JUSTIFICAM A DÚVIDA

Por causa dos Porque os Porque não Porque alguns Porque pode
preconceitos e sentidos são dispomos de um seres humanos se existir um deus
dos juízos muitas vezes critério que nos enganaram nas enganador, ou um
precipitados que enganadores: permita discernir demonstrações génio maligno,
formulámos na convém fazer de o sonho da vigília. matemáticas. que sempre nos
infância. conta que nos engana.
enganam sempre.

Esta hipótese equivale a admitir que o entendimento humano é de tal


natureza que se engana sempre, mesmo quando pensa captar a
verdade.
CARACTERÍSTICAS
DA DÚVIDA

Metódica e provisória Hiperbólica Universal e radical

É um meio para atingir Rejeita como se fosse Incide não só sobre o


a certeza e a verdade, falso tudo aquilo em conhecimento em
não constituindo um que se note a mínima geral, como também
fim em si mesma. suspeita de incerteza. sobre os seus
fundamentos e as suas
raízes.
DÚVIDA

EXERCÍCIO VOLUNTÁRIO SUSPENSÃO DO JUÍZO

FUNÇÃO DA DÚVIDA

Tem uma função catártica, já que liberta o espírito dos erros que o
podem perturbar ao longo do processo de indagação da verdade.

Abre caminho à possibilidade de reconstruir, com fundamentos sólidos,


o edifício do saber.
Dúvida – ato
livre

Ser que «Penso, logo


Cogito –
pensa e existo.»
verdade
duvida («Cogito,
incontestável
ergo sum.»)

Afirmação da
minha
existência
CARACTERÍSTICAS DO COGITO

É um princípio evidente e indubitável, uma certeza inabalável.

Obtém-se por intuição, de modo inteiramente racional e a priori.

Serve de modelo do conhecimento: fornece o critério de verdade.

É uma crença fundacional relativamente a todo o sistema do saber.

Apresenta a condição da dúvida e impõe uma exceção à sua universalidade.

Revela a natureza ou a essência do sujeito: o pensamento ou alma.

Refere-se a toda a atividade consciente, distinguindo-se do corpo. A alma é conhecida


antes do corpo e de tudo o resto, de forma bastante mais fácil.
CRITÉRIO DE VERDADE

CLAREZA DISTINÇÃO

Separação de uma
ideia relativamente a
Presença da ideia ao EVIDÊNCIA outras: não lhe estão
espírito. associados elementos
que não lhe
pertençam.

Ainda não afastámos a hipótese do deus enganador. Necessitamos de demonstrar a


existência de um deus que não nos engane.
SER IMPERFEITO: possuir o saber é uma
SUJEITO PENSANTE
perfeição maior do que duvidar.

Dispõe de ideias Tipos de ideias

Adventícias Factícias Inatas

Têm origem na São fabricadas pela São ideias


experiência sensível. imaginação. constitutivas da
própria razão.

Exemplos: ideias de Exemplos: ideias de Exemplos: ideias de


árvore, cebola, sereia, unicórnio, pensamento,
relógio. dragão. existência, ser
perfeito; ideias
matemáticas.
IDEIA DE SER PERFEITO : noção de um ser
omnisciente, omnipotente e sumamente bom.

PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

1.ª prova 2.ª prova 3.ª prova

Argumento Argumento da marca A causa da existência


ontológico: na ideia de impressa: a causa que do ser pensante e
ser perfeito estão faz com que a ideia de imperfeito não é ele
compreendidas todas ser perfeito, que próprio. De contrário,
as perfeições; a representa uma daria a si próprio as
existência é uma substância infinita, se perfeições de que tem
dessas perfeições; encontre em nós não ideia. Além disso,
logo, Deus existe pode ser outro ser como o sujeito finito
necessariamente. O senão Deus, que não possui o poder de
facto de existir é possui todas as se conservar no seu
inerente à essência de perfeições próprio ser, o seu
Deus. representadas nessa criador e conservador
ideia. é Deus (causa sui).
É um ser perfeito e não é É infinito, a fonte do bem e
enganador. da verdade.

É a garantia da verdade É omnipotente, eterno e


objetiva das ideias claras e omnisciente.
distintas.
Embora criador do
É o criador das verdades DEUS Universo, não é autor do
eternas, a origem do ser e - a sua mal nem responsável pelos
importância nossos erros.
o fundamento da certeza.
no sistema
cartesiano
Garante a adequação entre É o princípio do ser e do
o pensamento evidente e a conhecimento.
realidade.

Permite superar os
Legitima o valor da ciência argumentos dos céticos
e confere objetividade ao radicais e provar a
conhecimento. existência do mundo
exterior.
TEORIA DO ERRO

No erro intervêm:

ENTENDIMENTO VONTADE

Dá ou não o
consentimento aos
Formula juízos. juízos que o
entendimento
formula.

Erramos quando se verifica uma precipitação da vontade - quando usamos mal a


liberdade e damos o consentimento a juízos que não são evidentes.
Três tipos de
substâncias e seus
atributos essenciais

Substância pensante Substância extensa Substância divina


(res cogitans) (res extensa) (res divina)

Pensamento Extensão Vários atributos, todos


eles numa perfeição
infinita.

Alma Corpo Qualidades objetivas

Qualidades subjetivas
Ser humano
(não estão presentes nos
corpos)
Fundacionalismo de Descartes

Ideias inatas
– conhecimento claro e distinto

Principais verdades:
- a existência do pensamento (alma), traduzida no cogito;
- a existência de Deus, ser perfeito, com os atributos respetivos;
- a existência de corpos extensos em comprimento, largura e altura.

O fundamento do conhecimento é o cogito, enquanto crença básica ou


fundacional e primeira verdade, e outras ideias claras e distintas da razão.

Todavia, este fundamento do conhecimento depende daquele que é o


princípio de toda a realidade: Deus.

CÍRCULO CARTESIANO: o facto de a ideia que temos de Deus ser clara e


distinta garante-nos que Deus existe; mas é Deus quem garante a verdade e a
objetividade das ideias claras e distintas.
1.2.4. O empirismo de David Hume
DAVID HUME
(1711-1776)

Filósofo empirista

O conhecimento deriva fundamentalmente da


experiência.

Todas as crenças e ideias têm uma base empírica, até


as mais complexas.

É na experiência que deve ser procurado o


fundamento do conhecimento.
Elementos do conhecimento

Perceções

Grau de Ideias
Impressões maior força e menor
vivacidade
(pensamentos)

São as representações
das impressões, ou as
São as perceções mais suas imagens
vívidas e fortes, como enfraquecidas.
as sensações, emoções As ideias derivam das Exemplo: a memória
e paixões. impressões, são cópias da cor de uma flor.
Exemplo: a cor de uma delas. (As ideias da memória
flor. são mais fortes e
vívidas que as da
imaginação.)

Não existem ideias


inatas.
Ideias
Impressões
(pensamentos)
Simples

Exemplo: Exemplo:
Não admitem qualquer
sensação visual de um memória de um tom
separação ou divisão.
tom de verde. de verde.

Podem ser divididas em


partes, resultando da Exemplo:
Exemplo: combinação das pensar numa certa
ver uma certa maçã. impressões ou das ideias maçã.
simples.

Complexas

Ideias simples derivam de impressões simples, mas muitas ideias complexas não resultam de impressões
complexas.
A ideia de Deus, por exemplo, referindo-se a um Ser infinitamente inteligente, sábio e bom, é uma ideia complexa
que tem por base ideias simples que a mente e a vontade compõem, elevando sem limite as qualidades de bondade
e sabedoria. Nenhum objeto da experiência sensível lhe corresponde.
Tipos ou modos de
conhecimento
Não estão A sua
dependentes justificação
do confronto
RELAÇÕES DE QUESTÕES DE encontra-se na
com a IDEIAS FACTO experiência
experiência. sensível.
Conhecimento a
Conhecimento a
posteriori,
priori, traduzido
traduzido em
em proposições
São sempre proposições
necessárias.
verdadeiras, em contingentes.
quaisquer
circunstâncias. Verdades Poderiam ter
Verdades
Negá-las implica necessárias. sido falsas.
contingentes.
contradição. Exemplo: Negá-las não
Exemplo: «As
São os «2 + 4 = 6.» implica
estrelas cintilam.»
conhecimentos contradição.
da lógica e da
matemática.
Os conhecimentos a priori nada nos dizem de substancial acerca do mundo.

A distinção entre relações de ideias e questões de facto é, de certa maneira,


equivalente à distinção entre juízos analíticos e juízos sintéticos (a posteriori).
Princípios de associação de ideias

Semelhança Contiguidade no Causalidade


tempo e no espaço (causa e efeito)

Exemplo: Exemplo: Exemplo:


uma ave desenhada a recordação de uma o vinho que se bebeu
num papel faz lembrar festa de aniversário em excesso (causa) faz
uma ave que vemos leva à recordação dos pensar nas
voar. amigos que estavam desagradáveis
presentes. consequências que daí
advirão (efeito).
CAUSALIDADE E INDUÇÃO

Factos que esperamos que se


verifiquem no futuro…

…têm por base uma inferência causal.

Inferências de carácter indutivo


(indução como previsão).

Exemplo:
Até hoje, sempre o calor dilatou os corpos. Logo, isso irá
igualmente verificar-se amanhã.
CONEXÃO NECESSÁRIA?

RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO

É geralmente entendida como uma conexão necessária.

Mas não dispomos de qualquer impressão


relativa à ideia de conexão necessária
entre fenómenos.

As certezas relativas
A única coisa que percecionamos é que aos factos futuros têm
entre dois fenómenos se verifica uma só um fundamento
conjunção constante. psicológico: o hábito
ou costume.
Conhecimento O conhecimento acerca dos factos futuros
a posteriori e é apenas suposição ou probabilidade,
não a priori. assentando na expectativa.

O hábito é um guia imprescindível da vida prática,


mas não constitui um princípio racional.
Apenas se pode aceitar quando é
Inferência causal
estabelecida entre impressões.

Algo de que nunca tenhamos tido qualquer impressão.

MUNDO (REALIDADE
EU EXTERIOR) DEUS

A crença na Não temos experiência O que concebemos


identidade, na ou impressão de uma como existente
unidade e na realidade exterior e também o podemos
permanência do eu é independente das conceber como não
apenas um produto da nossas impressões. Só existente. Por outro
imaginação, não a coerência e a lado, Deus não é
sendo possível afirmar constância de certas objeto de qualquer
que existe o eu como perceções é que nos impressão. Os
substância distinta em levam a acreditar argumentos
relação às impressões nessa realidade tradicionais deixam de
e às ideias. externa. ter sentido.
Relativo às teorias
metafísicas: elas
Fundacionalismo de Hume procuram
ultrapassar
o âmbito da
Empirismo experiência e da
observação, o que
Hume considera
inaceitável.
Fenomenismo Ceticismo

Mitigado ou
moderado: Hume
A crença na reconhece as
Só conhecemos as
existência de algo para limitações
perceções, pelo que a
lá dos fenómenos das nossas
realidade acaba por se
carece de capacidades
reduzir aos
fundamento. A cognitivas e a
fenómenos.
capacidade cognitiva nossa propensão
do entendimento para o erro.
humano limita-se ao
âmbito do provável.

Crenças básicas para um empirista: crenças de que se está Baseiam-se nas


a ter estas ou aquelas experiências. impressões dos sentidos.
1.2.5. Análise comparativa das teorias de
Descartes e Hume
ANÁLISE COMPARATIVA DAS TEORIAS DE DESCARTES E HUME

DESCARTES HUME
A experiência é a fonte principal do conhecimento e
A razão é a fonte principal do conhecimento – Origem do todas as ideias têm uma origem empírica –
racionalismo. conhecimento empirismo.

Há ideias factícias, adventícias e inatas. A partir das Não há ideias inatas. As ideias associam-se por
Operações da semelhança, contiguidade no tempo e no espaço e
ideias inatas, obtém-se o conhecimento (por
mente e ideias causalidade. Sublinha-se o papel do raciocínio
intuição e dedução).
indutivo.

Descartes adotou um ceticismo metódico. Mas, A capacidade cognitiva do entendimento humano


Possibilidade do
porque depositava inteira confiança na razão, poderá limita-se ao âmbito do provável (ceticismo mitigado).
conhecimento Nada podemos conhecer para lá do âmbito da
ser enquadrado no âmbito do dogmatismo.
experiência (ceticismo metafísico).

Não encontramos qualquer princípio que confira


Podemos ter ideias claras e distintas dos atributos Perspetivas unidade e conexão às perceções. Não temos
essenciais de três tipos de substâncias: pensante,
metafísicas impressões do eu pensante, de uma realidade
extensa e divina.
exterior, de Deus.

O fundamento do conhecimento encontra-se na O fundamento do conhecimento encontra-se nas


razão: é o cogito e outras ideias claras e distintas. Fundamentação impressões dos sentidos. É a crença básica de que se
Mas tal fundamento depende do princípio de toda a do conhecimento está a ter determinada experiência que justifica as
realidade: Deus. crenças obtidas através dela.
Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
Cronologia Geral

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
INFÂNCIA – 1596
• Nasce, a 31 de março,
na cidade francesa de
La Haye (Touraine).

• A sua mãe, Jeanne


Brochard, morre
quando Descartes tem Racionalismo de Descartes
apenas um ano.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
PRIMEIROS ESTUDOS
1606-1612
• Frequenta o Colégio
Jesuíta de La Flèche, onde
estuda humanidades
(gramática, retórica,
poética), matemática e
filosofia (escolástica).
Racionalismo de Descartes

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
ESTUDOS SUPERIORES
1612-1616
• Estuda direito e medicina
na Universidade de
Poitiers, onde obtém o
grau de bacharel e de
licenciado em direito.

Racionalismo de Descartes

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
VIDA MILITAR – 1618
• Parte para a Holanda e alista-se
no exército de Maurício de
Nassau.
• A Holanda lutava então para se
tornar independente de
Espanha, naquela que ficou
conhecida como a Guerra dos Racionalismo de Descartes
Oitenta Anos.
• Maurício assumiu o controlo da
revolta contra os espanhóis,
organizou as tropas e venceu
várias batalhas importantes, que
levaram a uma trégua de 12
anos, terminada em 1621.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
VIDA MILITAR – 1619
• Viaja pela Europa e, na Alemanha,
alista-se nas tropas do duque
Maximiliano da Baviera.

Racionalismo de Descarte

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
VIAGENS – 1618-1627
• 1620 - Renuncia à vida “Em todos os nove anos seguintes não fiz
militar e volta a viajar outra coisa senão girar pelo mundo,
pela Europa. procurando ser mais um espectador que
um ator em todas as comédias que nele se
representam(…).

Ia entretanto desenraizando do meu


espírito todos os erros que nele se haviam
introduzido anteriormente (…)

Não que eu imitasse os céticos (…) Todo o


meu propósito tendia a possuir a certeza.”

Discurso do Método

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
FILÓSOFO E ESCRITOR
1627-1649
• Fixa-se na Holanda, convivendo com
homens de ciência e filósofos.
• Publica as suas principais obras.
• Atento à condenação de Galileu em
1633, Descartes interrompe a
preparação do seu tratado de física e
publica o Discurso do Método (1637).
Racionalismo de Descarte
• Nesta obra, aborda as questões da
objetividade da razão e da autonomia
da ciência face à autoridade da religião.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
FILÓSOFO E ESCRITOR
1627-1649
“Tendo a intenção de dedicar toda a
minha vida duma ciência tão necessária
• Fixa-se na Holanda, (…), julguei não haver melhor (...) que
convivendo com comunicar fielmente ao público todo o
homens de ciência e pouco que eu houvesse encontrado e
convidar os bons engenhos a esforçar-se
filósofos. por irem mais além.

• Publica as suas Assim, reunindo as vidas e os trabalhos


principais obras. de muitos, iríamos todos juntos muito
mais longe do que cada um em particular
seria capaz de o fazer.”

Discurso do Método

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
FILÓSOFO E ESCRITOR
1641
• Com a obra Meditações sobre a Filosofia
Primeira, Descartes afirma definitivamente
a sua vocação e a sua missão de filósofo.
• Nela expõe a sua visão do ser humano
(antropologia), a sua teoria do
conhecimento, o seu método e também as
meditações sobre Deus, a alma e o mundoRacionalismo de Descart
(metafísica).
• As ideias de brevidade da vida e de
imortalidade marcam esta obra,
provavelmente um reflexo da morte
prematura da sua filha Francine, com
apenas cinco anos de idade.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
FILÓSOFO E ESCRITOR
1644
• Os Princípios da Filosofia são uma
vasta obra dividida em quatro partes.
• Na primeira, Descartes sintetiza o
Discurso (1637) e as Meditações
(1641), expondo os princípios dos
quais é possível deduzir tudo o que Racionalismo de Descarte
podemos conhecer acerca do mundo.
• Nas restantes, reflete sobre os
princípios das coisas materiais, a
composição do universo e a
composição da Terra e seus
elementos.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
FILÓSOFO E ESCRITOR
1649
• No Tratado das Paixões da Alma,
Descartes relaciona a experiência
percetiva, as emoções e a própria
consciência com as diversas estruturas
e funções do organismo humano.
• Em particular, procura explicar essas Racionalismo de Descar
experiências a partir do funcionamento
das estruturas fisiológicas,
nomeadamente do cérebro.
• Antecipa, assim, os atuais estudos da
neurobiologia da consciência e das
emoções.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
FILÓSOFO E ESCRITOR
1649
• Muda-se para Estocolmo, a
convite da rainha Cristina, após
garantir a publicação do seu
Tratado das Paixões da Alma
(1649).
• Apesar da sua condição física Racionalismo de Descartes
débil e do rigor do clima nórdico,
aceita o repto de se encontrar
diariamente com a Rainha, às
cinco horas da manhã, para
debater assuntos filosóficos.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
MORTE DE DESCARTES
1650
• René Descartes morre em
Estocolmo, a 11 de fevereiro
de 1650.
• Durante muitos anos a sua
morte foi atribuída a uma
pneumonia.
• Investigações mais recentes Racionalismo de Descartes
apontam, porém, para a
possibilidade de Descartes
ter sido envenenado com
uma dose letal de arsénico
por causa da sua influência
sobre a rainha Cristina.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
David Hume – vida e obra

Cronologia básica

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

Um pensador precoce

• Sentindo aversão por tudo exceto pela


filosofia e por aprender em geral,
abandona os estudos de Direito.
• Tenta, sem sucesso, a vida de comerciante.
Retira-se em França (Reims). Entre 1734-
37 compõe um volumoso Tratado sobre a
Natureza Humana, maioritariamente em
La Flèche, onde estudara Descartes.
• Regressa a Londres (1737) e publica o
Tratado em 3 volumes entre 1738-40.
• O Tratado contém já o essencial do seu
pensamento, que obras posteriores
explicitarão melhor.

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

Principais obras de D. Hume

Principais obras filosóficas Obras não filosóficas


• 1739-40: Tratado da Natureza • 1741: Ensaios, Moral e Política
Humana • 1752: Discursos Políticos
• 1748: Investigação sobre o • 1754-62: História da Inglaterra (6
Entendimento Humano volumes)
• 1751: Investigação sobre os • 1757: História Natural da Religião
Princípios da Moral
• 1779: Diálogos sobre a Religião
Natural [obra póstuma]

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

Um pensador iluminista
• A senda mais suave e mais inócua da vida passa pelos caminhos da
ciência e do saber; e quem quer que consiga remover todos os
obstáculos deste rumo ou abrir outras perspetivas deve ser considerado
como um benfeitor da humanidade.
• A obscuridade é, sem dúvida, dolorosa para a mente como o é para os
olhos; mas trazer luz da obscuridade, seja por que trabalho for, deve
forçosamente ser agradável e jubiloso.
• O único método de libertar imediatamente o saber das questões
abstrusas é investigar com seriedade a natureza do entendimento
humano.
• A argumentação rigorosa e justa é o único remédio universal, adequado
a todas as pessoas e a todas as disposições.

David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Secção I

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

Empirismo consistente

Empiristas, mas racionalistas Empirismo anti-racionalista


• John Locke • David Hume
– Empirista: a origem das ideias está – O seu projeto consiste em
na perceção e introspeção. conceber uma ciência da
– Racionalista: o tribunal da Razão natureza humana, baseada na
decide sobre crenças e juízos. experiência e observação, como
• George Berkeley fundamento das outras ciências.
– Empirismo metafísico: coisas – Todo o conteúdo da nossa mente
sensíveis não têm existência provém de perceções (que
independente da mente. incluem impressões e ideias).
– Rejeita a noção de substância – O seu empirismo é uma antítese
material de Locke. do racionalismo continental, sem
– Utiliza o empirismo ao serviço de compromisso algum como
uma metafísica espiritualista: as sucede em Locke ou Berkeley.
coisas são ideias que existem na
mente ou espírito.

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

Ceticismo consequente
• Distingue dois tipos de ceticismo:
– Ceticismo antecedente: a dúvida metódica de Descartes que é radical,
universal e anterior a qualquer investigação ou filosofia.
• Atinge tanto as crenças e opiniões adquiridas desde criança como as
faculdades capazes de atingir a verdade.
– Ceticismo consequente: o “ceticismo consequente com a ciência e a
investigação” resulta da descoberta e reconhecimento das limitações
da nossa mente e do nosso conhecimento.
• Divide-se em:
– Ceticismo acerca dos sentidos;
– Ceticismo acerca da Razão.

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

Um pensador antimetafísica
• O único método de libertar imediatamente o saber das
questões abstrusas é investigar com seriedade a natureza do
entendimento humano e mostrar, por meio de uma análise
exata dos seus poderes e da sua capacidade, que de nenhum
modo ele serve para assuntos tão vagos e abstrusos.
• Devemos sujeitar-nos a esta fadiga para, depois, vivermos
sempre em sossego; e devemos cultivar a verdadeira
metafísica com algum cuidado, a fim de destruirmos a falsa e
adulterada.

David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Secção I

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

Ceticismo multiplamente corrosivo

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

Dissolver a Metafísica em 5 passos

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

“ Ora, para me expressar em linguagem


filosófica, todas as nossas ideias, ou perceções
mais fracas, são cópia das nossas impressões
ou perceções mais intensas.


David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Secção II, n. 13

CONHECIMENTO
Todas as inferências a partir da experiência são um efeito do
hábito, não do raciocínio.

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

“ A mente é levada pelo hábito, em consequência do


aparecimento de um evento, a esperar o seu
concomitante usual e a crer que ele virá a existir. (…)
Esta conexão que sentimos na mente é o sentimento
ou impressão a partir do qual formamos a ideia de


poder ou conexão necessária.
David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Secção VII, n. 59

CAUSALIDADE
Pensar da causa para o efeito não deriva da Razão. Tem origem no hábito e
experiência.

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

“ É impossível, pois, que quaisquer argumentos


da experiência possam provar a semelhança
do passado com o futuro, visto que todos os
argumentos se baseiam na suposição desta
semelhança.

David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Secção IV, n. 32

INDUÇÃO
Não garante as conclusões a partir da experiência: não é processo de raciocínio e
é impossível provar a semelhança do passado com o futuro.

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

“ O que eu quero dizer do resto da humanidade


é que não passam de um feixe ou conjunto de
diferentes perceções, seguindo-se umas a
outras muito rapidamente, num fluxo e
movimento perpétuo.

David Hume, Tratado da Natureza Humana, Parte IV, Secção 6

EU
O “Eu” como identidade permanente não existe: somos apenas cenário
ou feixe conexo de perceções.

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

“ A mente do homem é de tal modo formada pela


natureza que, com o aparecimento de certas maneiras
de ser, disposições e ações, experimenta
imediatamente o sentimento de aprovação ou censura
(…) sobretudo as que contribuem para a paz e
segurança da sociedade humana.
David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Secção VIII, n. 80

MORAL
As distinções morais não derivam da Razão, nem como questão de facto
nem como relação entre ideias. A Moral tem a sua base no sentimento.

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra
Um filósofo reformador

• E embora um filósofo possa viver afastado dos negócios, o


génio da filosofia, se for cuidadosamente cultivado por vários,
deve difundir-se gradualmente por toda a sociedade e
conferir uma similar correção a toda a arte e ofício. O político
adquirirá uma maior previsão e subtileza na divisão e
equilíbrio do poder; o advogado mais método e princípios
apurados nas suas argumentações; e o general, maior
regularidade na sua disciplina e mais cautela nos seus planos
e operações.

David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Secção I

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

Um pensador atual e inspirador


“The most important philosopher ever to write in English”
Stanford Encyclopedia of Philosophy

Crítica

Teorias explicativas do conhecimento


Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

A definição tradicional de conhecimento:

• Segundo a definição tradicional há conhecimento desde que estejam


satisfeitas cumulativamente três condições:
1ª A proposição p é verdadeira.
2ª O sujeito A acredita que p é verdadeira.
3ª O sujeito A tem uma justificação para a sua crença em p.
• Segundo esta definição, ter uma crença verdadeira justificada é
condição suficiente para que haja conhecimento.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
Edmund Gettier:

Edmund Gettier é um filósofo norte-


-americano que nasceu em 1927.
Gettier tornou-se conhecido pelo facto de
ter refutado a definição tradicional de
conhecimento num ensaio de apenas três
páginas, publicado em 1963, com o título -
“Uma crença verdadeira justificada é
conhecimento?".

Gettier sugeriu dois contraexemplos que pretendem mostram que podemos ter uma
crença verdadeira justificada sem que essa crença seja conhecimento. Se aceitarmos
os seus contraexemplos, ter uma crença verdadeira justificada não é condição
suficiente para o conhecimento.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

Um dos contraexemplos de Gettier:

Vamos supor que Smith e Jones se tinham candidatado a um emprego.


Admitamos que Smith acredita na informação de que é Jones quem será
selecionado. Por outro lado, Smith sabe que Jones tem 10 moedas no bolso.
Com base nesta informação podemos defender que Smith acredita que:
a) Jones é o homem que conseguirá o emprego e Jones tem dez moedas no
1 bolso.
A explicação de Smith que suporta a) pode ser a de que o dono da empresa
lhe tenha garantido que Jones seria selecionado e a de que ele próprio tinha
contado as moedas que Jones traz no bolso.
Assim, a proposição a) implica a proposição b):
b) O homem que irá conseguir o emprego tem dez moedas no bolso.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

Um dos contraexemplos de Gettier:

Vamos supor que Smith acredita em a) e que reconhece que a) implica b).
Smith aceita b) com base em a) e justifica assim a sua crença de que b) é
verdadeira.
Por fim vamos admitir que o homem que consegue o emprego não é Jones mas
o próprio Smith, que por acaso também tem 10 moedas no bolso mas não sabe
2 disso.
Isso faz de b) uma proposição de facto verdadeira.

Poderemos defender que Smith estava na posse de conhecimento só porque


tinha uma crença verdadeira justificada a propósito de b)?

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

A opinião de Gettier:

Smith acredita e justifica a proposição verdadeira:


b) O homem que conseguirá o emprego tem 10 moedas no bolso.

Smith tem fortes razões para acreditar e justificar a verdade de b).


• O dono da empresa é uma fonte credível;
• Ele próprio tinha contado as moedas que Jones trazia no bolso.

Contudo, Gettier defende que Smith justifica b) pelos motivos


errados. Apesar de Smith estar na posse de uma crença verdadeira
justificada, não está na posse de conhecimento.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

Conclusões a partir do contraexemplo de Gettier:

• É possível acreditar em verdades plenamente justificadas pelo sujeito


sem que se esteja na posse de verdadeiro conhecimento.
• As três condições da definição tradicional de conhecimento não são
suficientes para assegurar que estamos sempre na posse de
conhecimento verdadeiro.
• Conhecer uma verdade mas ignorar os seus verdadeiros motivos ou
explicações pode iludir o sujeito no ato de conhecer.
• Devemos assumir uma postura crítica constante quando justificamos as
nossas crenças.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
LÓGICA FORMAL

VALIDADE DOS VERDADE DAS


ARGUMENTOS PROPOSIÇÕES

ANÁLISE DE
ARGUMENTOS

LÓGICA LÓGICA
ARISTOTÉLICA PROPOSICIONAL
LÓGICA ARISTOTÉLICA

Quantidade e qualidade das proposições

INFERÊNCIAS

IMEDIATAS MEDIATAS
Por oposição: Silogismo
subalternas, subcontrárias, Regras do silogismo
contrárias e contraditórias. Extensão do termo médio
Por conversão: simples Extensão dos termos maior
e ou por limitação e menor
LÓGICA PROPOSICIONAL
Análise ao argumento do ponto de vista das proposições

PROPOSIÇÕES SIMPLES PROPOSIÇÕES COMPLEXAS

Proposições nucleares Proposições


que não se podem constituídas pela
decompor noutras combinação entre
proposições (P, Q, R…) várias proposições
simples
LÓGICA PROPOSICIONAL
CONECTIVAS, CONECTORES OU OPERADORES
LÓGICOS

Instrumentos que permitem transformar e assegurar a


ligação entre as diversas proposições simples,
assegurando a construção de raciocínios.

negação conjunção disjunção condicional bicondicional


(¬) (˄) (V) (→) (←→)
¬P P˄Q PVQ P→Q P ←→ Q
FORMAS DE VERIFICAR A VALIDADE DOS
ARGUMENTOS

TABELAS INSPETORES DERIVAÇÕES


DE VERDADE DE (LEIS E REGRAS)
CIRCUNSTÂNCI
A Deduções naturais
Matriz Matriz
• Tautologia Válido – Inválido • Modus Ponens
• Contradição • Modus Tollens
• Contingência • Contraposição
• Silogismo disjuntivo
• Silogismo hipotético
• Transitividade
• Leis de De Morgan
FALÁCIAS FORMAIS

Erros formais de raciocínio que aparentam torná-lo válido.

LÓGICA LÓGICA
ARISTOTÉLICA PROPOSICIONAL
• Falácia do termo • Falácia da afirmação
médio do consequente
não distribuído • Falácia da negação
• Falácia da ilícita maior do antecedente
• Falácia da ilícita menor
Racionalismo de Descartes

Lógica formal
Distinção entre validade e verdade
Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
A validade é uma propriedade dos
argumentos dedutivos
corretamente construídos.
A validade diz unicamente respeito
à forma lógica do argumento.

Racionalismo de Descartes
A verdade, pelo contrário, é uma
propriedade exclusivamente
relacionada com o conteúdo ou
matéria das proposições.

Racionalismo de Descartes
A virtude essencial de um
argumento válido não reside no
facto de as premissas serem
verdadeiras ou falsas, mas no facto
de a conclusão se seguir necessária
e logicamente das premissas.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

Lógica formal
Distinção entre validade e verdade
Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

VERDADE

• A verdade diz respeito à relação entre aquilo que é


enunciado e a realidade.
• Aplica-se ao conteúdo das proposições (o que é afirmado ou
negado pelas proposições).

Uma proposição é verdadeira quando aquilo que é


enunciado relata a realidade de forma adequada.

EXEMPLO:
A proposição “O Pedro deixou cair as chaves” é verdadeira se o
Pedro tiver efetivamente deixado cair as chaves.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

VALIDADE FORMAL

• Aplica-se aos argumentos.


• Não se diz que uma premissa é válida ou inválida.
• Diz respeito à relação estabelecida entre os conceitos.

Um argumento é válido quando existe uma


relação entre o valor de verdade das premissas e o
valor de verdade da conclusão.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

VALIDADE FORMAL

EXEMPLO:

No argumento:

Todos os peixes vivem na água.


A sardinha é um peixe.
Logo, a sardinha vive na água.

Há uma relação de necessidade entre as


premissas e a conclusão. Se as premissas forem
verdadeiras, a conclusão também o é. O
argumento é válido.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

Os argumentos válidos podem ter premissas falsas?

Os argumentos válidos podem ter premissas falsas ou cuja


veracidade não pode ser aferida.

Todos os peixes são seres voadores.


A sardinha é um peixe.
Logo, a sardinha é um ser voador.

Este argumento tem uma premissa falsa, contudo, é válido, pois a


aceitação das duas premissas implica necessariamente a aceitação
da conclusão.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes

Os argumentos inválidos podem ter premissas verdadeiras?

Os argumentos podem ser inválidos mesmo que todas as suas


premissas sejam verdadeiras.

Todos os humanos são mortais.


A sardinha é um peixe.
Logo, alguns pássaros são pardais.

Apesar de todas as proposições serem verdadeiras, não há qualquer


ligação entre as duas premissas e a conclusão, pelo que o
argumento não é válido.

Racionalismo de Descartes
Racionalismo de Descartes
1. Argumentação e lógica
formal
1.1. Distinção validade – verdade

2. A Filosofia na cidade
1.1.1. A definição de lógica
Raciocínio ou inferência

Operação mental através da qual


chegamos a uma conclusão partindo
de determinadas razões.

Comunicar o raciocínio

Argumento

Todos os seres racionais possuem a capacidade


de raciocinar e de argumentar, mas nem todos o
fazem de modo correto.
ARGUMENTOS

Têm na sua base convicções,


crenças, ideias, opiniões,
informações: aquilo em que
acreditamos acerca do mundo.

Existência de discordâncias:
não há uma verdade única.

Mas há crenças partilhadas e bastante consensuais.

Essas crenças levam-nos a discordar de conclusões que


eventualmente as contradigam e das razões avançadas para as
apoiar.
Exemplo Exemplo

Todos os mamíferos são inteligentes. Todos os mamíferos são inteligentes.


Todos os seres humanos são mamíferos. Todos os seres humanos são inteligentes.
Logo, todos os seres humanos são inteligentes. Logo, todos os seres humanos são mamíferos.

Podemos discordar desta conclusão, mas temos Ainda que consideremos a conclusão verdadeira,
de reconhecer que a forma como ela é obtida é não faz sentido aceitá-la a partir das razões em
consistente, razoável e válida. que ela se baseia.

Podemos aceitar ou rejeitar a correção de uma forma de raciocínio, sem que isso implique
aceitar ou rejeitar o conteúdo das crenças de que se parte e das crenças a que se chega.
LÓGICA

Disciplina filosófica que estuda a distinção entre argumentos corretos (ou válidos) e
incorretos (ou inválidos), mediante a identificação das condições necessárias à operação
que conduz da verdade de certas crenças à verdade de outras.

Estudo das leis, princípios e regras a que devem obedecer o


pensamento e o discurso para serem válidos.

Lógica formal Lógica informal

Analisa
Analisa a validade essencialmente a
dos argumentos validade dos
dedutivos. argumentos não
dedutivos.
1.1.2. O argumento
ARGUMENTO

Conjunto de proposições
devidamente articuladas

Conclusão
Premissa(s)
(tese)

A(s) premissa(s) procura(m) defender,


sustentar ou justificar a conclusão.
Exemplo

Premissa Todos os portugueses são europeus.


ANTECEDENTE
Premissa Os alentejanos são portugueses.

CONSEQUENTE Conclusão Logo, os alentejanos são europeus.

Indicador de
Nexo lógico
conclusão

Não se enquadram na categoria de «argumentos» aqueles que são


meros conjuntos de proposições sem qualquer conexão lógica entre si.

Exemplo
Um argumento tem subjacente uma
Os rapazes são giros.
inferência ou raciocínio, uma operação
As cerejas fazem bem à saúde.
que efetua a transição lógica entre
Logo, as férias devem continuar.
proposições.
PROPOSIÇÕES FRASES

Nem todas as frases expressam proposições.

Só as frases declarativas.

Afirmam, negam, atribuem, declaram ou


constatam alguma coisa.

Podem ser consideradas verdadeiras ou falsas.


EXEMPLOS DE FRASES QUE NÃO EXPRESSAM PROPOSIÇÕES

EXEMPLOS TIPO DE FRASE

Saia da minha frente! Frase imperativa.

Que belo jardim você tem! Frase exclamativa.

Quem sou eu? Frase interrogativa.

Farei o que me mandas fazer. Frase que traduz uma promessa.

Ajuda-me a transportar estes sacos. Frase que expressa um pedido.

PROPOSIÇÃO

Pensamento ou conteúdo, verdadeiro ou falso,


expresso por uma frase declarativa.

A mesma proposição pode ser expressa por


diferentes frases declarativas:
“A Terra é contemplada pelo astronauta a partir da Lua.”
=
“O astronauta contempla a Terra a partir da Lua.”
Proposições Exemplos

Afirmam ou negam Todos os rios correm.


Simples Categóricas sem restrições nem Os poetas não são
condições. arquitetos.

Afirmam ou negam Se viajo, então aprendo.


Condicionais sob determinadas Se não fores, então vou
condições. eu.

Afirmam ou negam Disjunção exclusiva:


Compostas Ou és sábio ou és
em forma de ignorante.
(complexas)
alternativas que se
Disjuntivas excluem (disjunção
exclusiva) ou não Disjunção inclusiva:
(disjunção És inteligente ou boa
pessoa.
inclusiva).

As proposições, simples ou compostas, relacionam-se umas com as outras, organizando-


se em operações mais complexas – os argumentos.
PROPOSIÇÕES Relacionam termos.

É geralmente entendido como a


TERMO
expressão verbal do conceito.

JUÍZO CONCEITO Elemento básico do pensamento.

• O mesmo conceito pode


ser expresso por termos
Operação diferentes sob o ponto de
Representação intelectual de
mental que vista linguístico. determinada realidade.
permite
estabelecer • O mesmo vocábulo pode
uma relação exprimir diferentes
conceitos (termos O conteúdo dessa representação
entre distintos sob o ponto de
conceitos e vista lógico). Pode dizer respeito a uma classe de
que está objetos ou a uma realidade singular.
subjacente à • Um termo pode ser (No entanto, há autores que defendem que só as
formação de constituído por mais do noções ou ideias gerais é que podem ser
proposições. que uma palavra, consideradas conceitos.)
exprimindo um único
conceito.
DEFINIÇÃO

Procura fornecer o significado e


permitir a compreensão do que Uma definição
é definido. bem construída
nunca será
demasiado ampla
nem demasiado
Definição explícita restrita.

Aquela que é feita com base em condições


necessárias e suficientes.
Uma definição,
para ser explícita,
deve ser clara e
Exemplo: convir inteira e
“A macieira é uma árvore que tem como fruto a maçã.” exclusivamente
«Ter como fruto a maçã» e «ser árvore» são condições necessárias, mas ao definido,
também suficientes, para que algo seja uma macieira. garantindo a
reciprocidade ou
a troca de lugares.
Indicadores de premissa e de conclusão

Uma vez que é uma atividade física, o Proposição 1 – O desporto é atividade física.
desporto é saudável. Como se sabe, a Proposição 2 – O desporto é saudável.
atividade física é saudável. Proposição 3 – A atividade física é saudável.

Indicadores de premissa Toda a atividade física é saudável.


Todo o desporto é atividade física.
Logo, todo o desporto é saudável.

Indicador de conclusão
Indicadores de premissa e de conclusão
(continuação)

O Universo não é infinito. Com efeito, se Proposição 1 – O Universo não é infinito.


o Universo fosse infinito, a força da Proposição 2 – Se o Universo fosse infinito, a força
gravidade não existiria. Ora, a força da da gravidade não existiria.
gravidade existe. Proposição 3 – A força da gravidade existe.

Se o Universo fosse infinito, a força da gravidade


Indicadores de premissa não existiria.
A força da gravidade existe.
Logo, o Universo não é infinito.

Indicador de conclusão
O ENTIMEMA

A premissa «Todos os estudiosos obtêm


António é estudioso.
Logo, António obtém boas classificações.
boas classificações» encontra-se implícita,
tendo sido suprimida.

ENTIMEMA
Indicador de conclusão

Argumento em que uma ou mais


proposições são omitidas,
encontrando-se subentendida(s) –
pode inclusive omitir-se a conclusão.
Alguns indicadores de premissa Alguns indicadores de conclusão

Porque… Logo…
Pois… Então…
Admitindo que… Por conseguinte…
Pressupondo que… Portanto…
Considerando que… Por isso…
Partindo do princípio de que… Consequentemente…
Sabendo que… Segue-se que…
Dado que… Infere-se que…
Uma vez que… Conclui-se que…
Devido a… É por essa razão que…
Como… Daí que…
Ora… Assim…
Em virtude de… Isso prova que…
1.1.3. A verdade e a validade
PROPOSIÇÕES

VERDADE FALSIDADE

Aplicam-se à matéria ou conteúdo das proposições. Se estiverem


de acordo com a realidade, as proposições são verdadeiras; se
não estiverem, são falsas.

São qualidades próprias dos argumentos, resultantes do facto de


as premissas apoiarem ou não a conclusão.

VALIDADE INVALIDADE

ARGUMENTOS

VALIDADE
VALIDADE A validade traduz uma certa relação entre os valores de
verdade das premissas e o valor de verdade da conclusão.
NÃO
DEDUTIVA
DEDUTIVA
ARGUMENTOS
DEDUTIVOS

A sua validade depende apenas da forma lógica.

Se as premissas
forem verdadeiras e
Num argumento dedutivo válido é logicamente impossível que
a conclusão falsa,
as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa. então o argumento
é inválido.

Os argumentos dedutivos válidos são especialmente


apreciados pelos filósofos.

Estes argumentos preservam


a verdade.
Exemplo Exemplo

Todos os alunos são sensatos. Todos os alunos são sensatos.


Todos os jovens de dezasseis anos são alunos. Todos os jovens de dezasseis anos são sensatos.
Logo, todos os jovens de dezasseis anos são sensatos. Logo, todos os jovens de dezasseis anos são alunos.

Argumento válido Argumento inválido

É logicamente impossível as duas premissas A verdade da conclusão não é garantida pela


serem verdadeiras e a conclusão falsa. verdade das premissas.

Todos os A são B. Importância da Todos os A são B.


Todos os C são A. forma lógica do Todos os C são B.
Logo, todos os C são B. argumento. Logo, todos os C são A.

Forma válida Forma inválida


Pode haver argumentos dedutivos válidos com premissas e conclusão falsas.

Todos os portugueses são pintores.


Bertrand Russell é português.
Logo, Bertrand Russell é pintor.

Pode haver argumentos dedutivos inválidos com premissas e conclusão verdadeiras.

Todos os naturais de Lisboa são portugueses.


Fernando Pessoa é português.
Logo, Fernando Pessoa é natural de Lisboa.
Argumentos dedutivos

Argumento dedutivo válido Argumento dedutivo inválido

Argumento que tem uma forma lógica tal


que a verdade das premissas garante Argumento que tem uma forma lógica tal
sempre a verdade da conclusão, sendo que a verdade das premissas não garante
impossível que as premissas sejam a verdade da conclusão.
verdadeiras e a conclusão falsa.

Premissas Argumento Conclusão


Verdadeira
Válido
Verdadeiras É impossível ser falsa
Verdadeira
Inválido
Falsa
Verdadeira
Válido
Falsa
Falsas
Verdadeira
Inválido
Falsa

Argumentos sólidos: argumentos válidos constituídos por proposições verdadeiras.


Falácia

Argumento incorreto ou inválido, embora


aparente ser válido.

Falácias cometidas Falácias cometidas


involuntariamente intencionalmente

Paralogismo Sofisma
Falácias formais Falácias informais

Resultam de
Decorrem apenas aspetos que vão
da forma lógica do para lá da forma
argumento. lógica do
argumento.
ARGUMENTOS NÃO
DEDUTIVOS

A sua validade depende de aspetos que vão para lá da


forma lógica do argumento.

Num argumento não dedutivo, a verdade das premissas


apenas sugere a plausibilidade da conclusão ou a
probabilidade de ela ser também verdadeira.

Um argumento não dedutivo é válido quando é


improvável, mas não propriamente impossível, ter
premissas verdadeiras e conclusão falsa.
ARGUMENTOS NÃO DEDUTIVOS

INDUTIVOS OUTROS

A indução conduz-nos a conclusões que não derivam


necessariamente das premissas.

Alguns estudantes copiam nos testes. Até hoje, todos os cavalos nasceram quadrúpedes.
Logo, todos os estudantes copiam nos testes. Logo, o próximo cavalo a nascer será quadrúpede.

Argumento Argumento
Argumento indutivo inválido Argumento indutivo válido forte
fraco

A verdade das premissas não A verdade das premissas fornece


fornece fortes razões para pensar fortes razões para pensar que a
que a conclusão é verdadeira. conclusão é verdadeira.
1.2. Formas de inferência válida e
principais falácias

2. A Filosofia na cidade
1.2.1. Lógica silogística
Estrutura das proposições categóricas

Numa proposição categórica, afirmamos ou


negamos alguma coisa – o termo predicado – de
uma outra coisa – o termo sujeito.

Todos os artistas são sábios.

SUJEITO CÓPULA PREDICADO

Ser relativamente Característica ou


Elemento que faz a
ao qual se afirma qualidade que se
ligação do sujeito
ou nega o afirma ou nega do
com o predicado.
predicado. sujeito.

SéP
Exemplos Proposições afirmativas

VERDADEIRA Portugal é um país europeu. Estabelecem uma


conveniência entre os
sujeitos e os predicados
respetivos.
FALSA O Sol é um planeta.

Indicam uma Picasso não é o autor de Guernica. FALSA


inconveniência entre os
sujeitos e os predicados
respetivos.
Nenhum cão é animal aquático. VERDADEIRA

Proposições negativas

A proposição categórica é o enunciado que estabelece uma


relação de afirmação ou de negação entre termos, podendo tal
relação ser considerada verdadeira ou falsa.
QUANTIFICADORES

Nota:
UNIVERSAIS EXISTENCIAL há outros
quantificadores
com idêntico
significado –
«TODOS» «NENHUM» «ALGUM» por exemplo,
«Qualquer»
equivale a
«Todos».

Permitem-nos saber se o sujeito é tomado na sua totalidade ou somente em parte.

Exemplos:
1. Todos os seres humanos são bípedes.
2. Alguns seres humanos não são altos.

Nas proposições categóricas há uma relação de inclusão ou de não inclusão, na


classe relativa ao predicado, de todos ou de apenas alguns dos elementos que
fazem parte da classe do sujeito.
TERMO GERAL

Designa os membros de determinada classe.

COMPREENSÃO
EXTENSÃO
(INTENSÃO)

É o sentido ou a
significação de um Exemplo:
É o conjunto de conceito / termo, propriedades
seres, objetos, isto é, a propriedade comuns aos cães -
Exemplo: todos os
membros ou o conjunto de animal, mamífero,
cães.
abrangidos por um propriedades que vertebrado,
conceito / termo. determinam a quadrúpede,
extensão do ladrador, etc.
conceito.

Nota: em geral, quanto maior é o número de elementos a


que o conceito se aplica (extensão), menor é a quantidade
de características comuns (compreensão) e vice-versa.
PROPOSIÇÕES

Forma-padrão ou forma canónica

Exemplos: Exemplos:
Os gatos vivem. Todos os gatos são viventes.
Os americanos cantam. Todos os americanos são cantores.

Quaisquer frases declarativas podem exprimir proposições do tipo «S é P».


Exemplo

Os gatos que brincam na minha rua descobrem ratos nos locais mais obscuros das casas silenciosas»
equivale a «Todos os gatos que brincam na minha rua são descobridores de ratos nos locais mais
obscuros das casas silenciosas.
PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS

QUALIDADE QUANTIDADE

AFIRMATIVAS NEGATIVAS UNIVERSAIS PARTICULARES

Uma proposição é
negativa quando ela
Uma proposição é nos indica – nuns
Uma proposição é Uma proposição é
afirmativa quando ela casos através da
considerada universal considerada particular
nos indica – através da cópula, noutros
quando o sujeito é quando o sujeito é
cópula – que o através de
tomado em toda a sua tomado apenas numa
predicado convém ao quantificadores como
extensão. parte da sua extensão.
sujeito. «Nenhum» – que o
predicado não convém
ao sujeito.

Exemplo: Exemplo: Exemplo: Exemplo:


Qualquer deus é Há animais que não Todos os cães são Alguns insetos
imortal. são mortais. vertebrados. perturbam.

NOTA: as proposições singulares – aquelas em que um predicado/atributo é afirmado ou


negado de um único sujeito – serão consideradas proposições universais.
Tipos de proposições Forma lógica

Tipo A Universal afirmativa Todo o S é P.

Tipo E Universal negativa Nenhum S é P.

Tipo I Particular afirmativa Algum S é P.

Tipo O Particular negativa Algum S não é P.


QUADRADO DE OPOSIÇÃO

Exemplo: Todos os papéis Exemplo: Nenhum papel


são brancos. é branco.

A CONTRÁRIAS
E
SUBALTERNAS CONTRADITÓRIAS SUBALTERNAS

I SUBCONTRÁRIAS
O
Exemplo: Alguns papéis Exemplo: Alguns papéis
são brancos. não são brancos.
Proposições categóricas na sua forma-padrão ou forma
canónica e outras expressões das mesmas

Tipo A Universais afirmativas

O predicado é afirmado de todos os elementos da classe que o sujeito representa.

Forma-padrão Outras expressões

Qualquer filósofo é crítico.


Ser filósofo é ser crítico.
Todo o S é P Os filósofos são críticos.
O filósofo é crítico.
Todos os filósofos são críticos. Quem é filósofo é crítico.
Não há filósofos que não sejam críticos.
Só há filósofos críticos.
Tipo E Universais negativas

O predicado é negado de todos os elementos da classe que o sujeito representa.

Forma-padrão Outras expressões

Os animais não são perigosos.


O animal não é perigoso.
Nenhum S é P Ser perigoso não é uma característica dos
animais.
Nenhum animal é perigoso. Não há animal que seja perigoso.
Só existem animais não perigosos.
Todos os animais não são perigosos.
Tipo I Particulares afirmativas
O predicado é afirmado apenas de uma parte dos elementos da classe que o sujeito
representa.
Forma-padrão Outras expressões

Certos dias são belos.


Algum S é P
Há dias belos.
Existem dias belos.
Alguns dias são belos.
Existe pelo menos um dia que é belo.
Tipo O Particulares negativas
O predicado é negado apenas de uma parte dos elementos da classe que o sujeito
representa.
Forma-padrão Outras expressões

Certos caminhos não são transitáveis.


Algum S não é P Há caminhos não transitáveis.
Existem caminhos não transitáveis.
Alguns caminhos não são Existe pelo menos um caminho que não é
transitáveis. transitável.
Nem todos os caminhos são transitáveis.
A DISTRIBUIÇÃO DOS TERMOS

Todos os gatos são animais. S


TIPO A
D ND Termo
P
Todo o S é P distribuído (D):
quando é tomado
universalmente
Nenhum gato é animal. S P
TIPO E (ou seja, em toda
D D a sua extensão).
Nenhum S é P
Termo não
distribuído (ND):
Alguns gatos são animais. S P quando não é
TIPO I
ND ND tomado
universalmente
Algum S é P (refere-se apenas
a uma parte da
Alguns gatos não são animais. sua extensão).
TIPO O S P
ND D
Algum S não é P
Para compreender a distribuição do predicado

Proposições de tipo A Proposições de tipo E


– universais afirmativas – universais negativas

Nenhuns seres humanos são anjos.


Todos os deuses são benfeitores.
Isto significa que todos os anjos se
Isto significa que todos os deuses
encontram excluídos da classe dos
são alguns dos benfeitores.
seres humanos.

Proposições de tipo I Proposições de tipo O


– particulares afirmativas – particulares negativas

Alguns desportistas não são ricos.


Alguns loucos são inteligentes.
Isto significa que à classe de todos
Isto significa que alguns loucos são
os ricos não pertencem alguns
alguns dos inteligentes.
desportistas.
Silogismo categórico regular

Forma particular de argumento dedutivo, tendo sido


Aristóteles o seu criador.

Argumento formado por três proposições categóricas, de tal maneira que, sendo
dadas as duas primeiras – as premissas –, se segue necessariamente a terceira –
a conclusão –, desde que o argumento seja válido.

Necessidade lógica entre as premissas e a conclusão.

Aceitando as premissas, somos obrigados a aceitar a conclusão.


Silogismo categórico regular

Premissa maior Contém o termo maior (P) e o termo médio (M).

Premissa menor Contém o termo menor (S) e o termo médio (M).

Conclusão Faz a ligação entre o termo maior e o termo menor.


A classificação dos termos é feita com base na função que eles
desempenham nas proposições em que se encontram.

Termo maior É sempre o predicado da conclusão.

Termos
extremos

Termo menor É sempre o sujeito da conclusão.

Serve de intermediário dos anteriores, permitindo a


Termo médio passagem das premissas à conclusão. Nunca deve
entrar na conclusão.
SILOGISMO CATEGÓRICO REGULAR Forma lógica

Premissa M P Todos os M são P.


maior Todos os cientistas são sábios.
ANTECEDENTE
Premissa S M Todos os S são M.
menor Todos os biólogos são cientistas.

S P Logo, todos os S
CONSEQUENTE Conclusão são P.
Logo, todos os biólogos são sábios.

O silogismo categórico regular é um argumento que, a partir de um antecedente que


relaciona dois termos (o maior e o menor) com um terceiro (o médio), chega a um
consequente que relaciona esses dois termos entre si.
David Hume – vida e obra
A FORMA DO SILOGISMO: O MODO E A FIGURA

64 modos
Modo Tipo de proposições (A, E, I, O)
possíveis

Forma do 256 (64x4)


Apenas 24 destas formas são válidas. formas
silogismo
possíveis

4
Posição do termo médio (nas
Figura premissas) figuras
possíveis

Teorias explicativas do conhecimento


AS QUATRO FIGURAS DO SILOGISMO

Primeira figura: o termo médio é sujeito na Segunda figura: o termo médio é predicado nas
premissa maior e predicado na premissa menor. duas premissas.

MODO EXEMPLO FIGURA MODO EXEMPLO FIGURA


A Todos os mamíferos sonham. M–P E Nenhum português é asiático. P–M
A Os macacos são mamíferos. S–M A Todos os chineses são asiáticos. S–M
A Logo, os macacos sonham. E Logo, nenhum chinês é português.
S–P S–P

Terceira figura: o termo médio é sujeito nas duas Quarta figura: o termo médio é predicado na
premissas. premissa maior e sujeito na premissa menor.

MODO EXEMPLO FIGURA MODO EXEMPLO FIGURA


I Alguns filósofos são alemães. M–P E Nenhum gato é ave. P–M
A Todos os filósofos são europeus. M–S I Algumas aves são mamíferos. M–S
I Logo, alguns europeus são alemães. O Logo, alguns mamíferos não são gatos.
S–P S–P
24 formas válidas do silogismo categórico regular

Primeira figura Segunda figura Terceira figura Quarta figura

AAA EAE AAI AAI


EAE AEE IAI AEE
AII EIO AII IAI
EIO AOO EAO EAO
AAI EAO OAO EIO
EAO AEO EIO AEO
Forma canónica tradicional do silogismo

Exemplo Premissa maior: Todos os estudiosos são perspicazes. 1.ª


Premissa menor: Todos os alunos portugueses são estudiosos. 2.ª
Conclusão: Logo, todos os alunos portugueses são perspicazes.. 3.ª

Primeira figura
Modo: AAA

Mas tal ordem de colocação não é obrigatória,


nomeadamente no que se refere às premissas.

Exemplo Alguns filósofos são crentes. S–M


Todos os crentes são felizes. M–P Este Devemos
silogismo identificar as
Logo, alguns filósofos são felizes. S–P
pertence à premissas a
primeira partir da
figura e posição dos
Todos os crentes são felizes. M–P não à termos na
Alguns filósofos são crentes. S–M quarta. conclusão.
Logo, alguns filósofos são felizes. S–P
Regras da validade do silogismo categórico

Um silogismo categórico válido é aquele que respeita todas as regras.

1.ª O silogismo tem três termos, e só três termos: o maior, o


regra menor e o médio.

Silogismo inválido Silogismo válido

As rosas são flores. As rosas são flores.


Algumas mulheres são Rosas. Algumas coisas belas são rosas.
Logo, algumas mulheres são flores. Logo, algumas coisas belas são flores..

Este silogismo tem quatro termos. A Além de cumprir as restantes regras,


palavra «rosas» está usada em dois este silogismo contém, apenas, três
sentidos, valendo por dois termos. termos.
2.ª
O termo médio nunca pode entrar na conclusão.
regra

Falso silogismo Silogismo válido

Alguns pintores são inteligentes. Os pintores são inteligentes.


Alguns pintores são artistas. Os pintores são artistas.
Logo, alguns artistas são pintores. Logo, alguns artistas são inteligentes..

O termo médio («pintores») entra


O termo médio encontra-se apenas nas
indevidamente na conclusão, onde o
premissas. Além disso, este silogismo
termo «inteligentes» nem sequer
cumpre todas as restantes regras.
aparece. Embora seja válido, este
argumento não é um silogismo.
3.ª O termo médio deve ser tomado pelo menos uma vez em toda
regra a sua extensão: tem de estar distribuído pelo menos uma vez.

Silogismo inválido Silogismo válido


Algumas pontes são belas.
Todas as pontes são belas.
Algumas pontes são construções seguras.
Algumas pontes são construções seguras.
Logo, algumas construções seguras são
Logo, algumas construções seguras são belas.
belas.

As premissas, ao apresentarem ambas um Além de cumprir todas as restantes regras,


termo médio («pontes») tomado apenas em este silogismo também cumpre a regra
parte da sua extensão, não nos permitem presente, pois o termo «pontes» encontra-se
concluir que existem pontes distribuído na primeira premissa.
simultaneamente belas e seguras. A
conclusão é, por isso, ilegítima.
4.ª Nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que
regra nas premissas.

Silogismo inválido Silogismo válido

Os europeus são inteligentes. Os europeus são inteligentes.


Os portugueses não são europeus. Os portugueses são europeus.
Logo, os portugueses não são inteligentes. Logo, os portugueses são inteligentes.

Na conclusão é tomado universalmente um Neste silogismo, nenhum termo é mais


termo que nas premissas o é apenas em extenso na conclusão do que nas premissas. O
parte – o termo maior: «inteligentes». termo maior não se encontra distribuído nem
na premissa nem na conclusão; o menor é
tomado universalmente em ambas. Este
silogismo também cumpre as restantes regras.
5.ª A conclusão deve seguir sempre a parte mais fraca (negativa e
regra particular).

Silogismo inválido Silogismo válido

Todos os homens são felizes. Todos os homens são felizes.


Alguns homens são espertos. Alguns homens são espertos.
Logo, todos os espertos são felizes. Logo, alguns espertos são felizes.

Neste silogismo, além de se cumprirem


A conclusão é ilegítima, por se
as restantes regras, também a
apresentar como universal quando,
conclusão segue a parte mais fraca: a
afinal, há uma premissa particular (a
segunda premissa.
parte mais fraca deste silogismo).
6.ª
De duas premissas negativas nada se pode concluir.
regra

Silogismo inválido Silogismo válido


Nenhum poeta é fumador.
Nenhum poeta é fumador.
Alguns desportistas são fumadores.
Nenhum fumador é desportista.
Logo, alguns desportistas não são
Logo, nenhum desportista é poeta.
poetas.

Este silogismo, além de respeitar as


Neste silogismo, a conclusão é restantes regras, também permite
indevidamente extraída das premissas, estabelecer uma ligação entre os
das quais aliás nenhuma conclusão se termos.
pode extrair, pois não há uma ligação
entre os termos.
7.ª
De duas premissas particulares nada se pode concluir.
regra

Silogismo inválido Silogismo válido


Alguns jovens são espertos. Todos os jovens são espertos.
Alguns jovens não são desconfiados. Alguns jovens são desconfiados.
Logo, alguns seres desconfiados não Logo, alguns seres desconfiados são
são espertos. espertos.

Em silogismos com premissas


particulares, a conclusão será extraída Este silogismo respeita a presente regra
indevidamente, na medida em que e todas as restantes.
haverá violação de alguma outra regra.
No exemplo apresentado, o termo
médio não se encontra distribuído pelo
menos uma vez.
8.ª De duas premissas afirmativas não se pode extrair uma
regra conclusão negativa.

Silogismo inválido Silogismo válido


Todos os artistas são cantores.
Todos os artistas são cantores.
Alguns americanos são artistas.
Alguns americanos são artistas.
Logo, alguns americanos não são
Logo, alguns americanos são cantores.
cantores.

Neste silogismo afirma-se, nas


premissas, uma ligação dos termos Este silogismo é válido, pois respeita a
«cantores» e «americanos» com o presente regra e todas as restantes.
termo «artistas». Sendo assim,
também se deveria afirmar alguma
ligação entre os termos extremos na
conclusão, o que não acontece.
Quadro-síntese das regras da validade do silogismo categórico

Regras relativas aos termos Regras relativas às proposições

1.ª O silogismo tem apenas três termos. 5.ª A conclusão deve seguir sempre a
parte mais fraca.
2.ª O termo médio nunca pode entrar
na conclusão. 6.ª De duas premissas negativas nada se
pode concluir.
3.ª O termo médio deve ser tomado
pelo menos uma vez em toda a sua 7.ª De duas premissas particulares nada
extensão. se pode concluir.

4.ª Nenhum termo pode ter maior


extensão na conclusão do que nas 8.ª De duas premissas afirmativas não
premissas. se pode tirar uma conclusão negativa..
Falácias no silogismo categórico

Sempre que se desrespeitam as regras do silogismo, seja as relativas aos termos, seja
as relativas às proposições, comete-se uma falácia.

Algumas das falácias do silogismo categórico apresentam designações específicas:

Falácia do Falácia das


Falácia dos Falácia da ilícita Falácia da ilícita
termo médio premissas
quatro termos maior menor
não distribuído exclusivas

Quando o termo Quando o termo


maior se encontra menor se encontra Quando se extrai
Quando se infringe distribuído na distribuído na uma conclusão de
a regra segundo a conclusão e não na conclusão e não na duas premissas
Quando se infringe
qual o termo premissa, premissa, negativas,
a regra segundo a
médio deve ser infringindo –se a infringindo-se a infringindo-se a
qual o silogismo
tomado pelo regra segundo a regra segundo a regra segundo a
tem três termos e
menos uma vez em qual nenhum qual nenhum qual de duas
só três termos.
toda a sua termo pode ter termo pode ter premissas
extensão. maior extensão na maior extensão na negativas nada se
conclusão do que conclusão do que pode concluir.
nas premissas. nas premissas.
Silogismo condicional

Silogismo cuja premissa maior é uma


proposição condicional

Antecedente Consequente

Exemplo

Premissa maior Se há vida após a morte, então a existência tem sentido.

Premissa menor Há vida após a morte.

Conclusão Logo, a existência tem sentido.


Expressões alternativas de proposições condicionais

• A existência tem sentido, se houver vida após a morte.

• A existência tem sentido, caso haja vida após a morte.

• Desde que haja vida após a morte, a existência tem sentido.

• Se há vida após a morte, a existência tem sentido.

• A existência não tem sentido, a menos que haja vida após a morte.

• Para a existência ter sentido basta haver vida após a morte.


Silogismo condicional

Modos válidos

Modo afirmativo Modo negativo

Modus ponens Modus tollens

Há uma relação necessária entre as


premissas e a conclusão.
Modus ponens

Modo que consiste em afirmar o antecedente na premissa menor e


em afirmar, de seguida, o consequente na conclusão.

Forma lógica Exemplos

Se P, então Q.
P. Se compro a casa, então gasto muito dinheiro.
Logo, Q. Compro a casa.
Logo, gasto muito dinheiro.

Se não gasto dinheiro, então faço uma boa poupança.


Não gasto dinheiro.
Logo, faço uma boa poupança.
Modus tollens

Modo que consiste em negar o consequente na premissa menor e


em negar depois o antecedente na conclusão.

Forma lógica Exemplos

Se P, então Q. Se compro a casa, então gasto muito dinheiro.


Não Q. Não gasto muito dinheiro.
Logo, não P. Logo, não compro a casa.

Se estiver sol, então não fico em casa.


Fico em casa.
Logo, não está sol.
Silogismo condicional: falácias

Falácia da afirmação do consequente: Falácia da negação do antecedente:


afirma-se o consequente na premissa nega-se o antecedente na premissa menor
menor e o antecedente na conclusão. e o consequente na conclusão.

Se P, então Q. Se P, então Q.
Forma lógica Q. Forma lógica Não P.
Logo, P. Logo, não Q.

Exemplos Exemplos

Se chove, então fico em casa. Se chove, então fico em casa.


Fico em casa. Não chove.
Logo, chove. Logo, não fico em casa.

Se não chove, então não fico em casa. Se não chove, então não fico em casa.
Não fico em casa. Chove.
Logo, não chove. Logo, fico em casa.
Silogismo disjuntivo

Silogismo cuja premissa maior é uma


proposição disjuntiva (que pode ser
exclusiva ou inclusiva).

A premissa menor afirma ou nega uma


das alternativas. A conclusão, por sua
vez, afirma ou nega a outra, em função
do que se passar na premissa menor.

Exemplo

Premissa maior Ou sou inocente ou sou culpado.

Premissa menor Sou inocente.

Conclusão Logo, não sou culpado.


Silogismo disjuntivo
(disjunção exclusiva)

Modos válidos

Modus ponendo tollens (modo Modus tollendo ponens (modo


que, afirmando, nega) que, negando, afirma)

Há uma relação necessária entre as


premissas e a conclusão.
Modus ponendo tollens

Modo cuja premissa maior é uma disjunção exclusiva, cuja premissa menor
afirma uma das alternativas e cuja conclusão nega a outra.

Forma lógica Exemplos

Ou P ou Q.
P. Ou penso ou sinto.
Logo, não Q. Penso.
Logo, não sinto.
OU:
Ou não estou desconcentrado ou estou cansado.
Ou P ou Q. Estou cansado.
Q. Logo, estou desconcentrado.
Logo, não P.
Modus tollendo ponens

Modo cuja premissa maior é uma disjunção exclusiva, cuja premissa menor
nega uma das alternativas e cuja conclusão afirma a outra.

Forma lógica Exemplos

Ou P ou Q.
Não P. Ou chove ou faz sol.
Logo, Q. Não chove.
Logo, faz sol.
OU:
Ou não fico em casa ou não vou para a rua.
Ou P ou Q. Vou para a rua.
Não Q. Logo, não fico em casa.
Logo, P.
Proposições disjuntivas

Disjunção completa ou
Disjunção inclusiva.
exclusiva.

Uma das alternativas Uma alternativas não


exclui a outra. exclui a outra.

Exemplo: Exemplo:
Ou danço ou estou quieto. Escrevo ou sorrio.
Falácia no silogismo disjuntivo Modus tollendo ponens

A premissa maior é uma disjunção inclusiva, a Modo cuja premissa maior é uma disjunção
premissa menor apresenta a afirmação de uma inclusiva, cuja premissa menor apresenta a
das alternativas (que não se excluem) e a negação de uma das alternativas (que não se
conclusão nega a outra. excluem) e cuja conclusão afirma a outra.

Forma lógica Exemplos Forma lógica Exemplos

Sou marinheiro ou cantor. P ou Q. Escrevo ou sorrio.


P ou Q.
Sou marinheiro. Não P. Não escrevo.
P.
Logo, não sou cantor. Logo, Q. Logo, sorrio.
Logo, não Q.
Ou:
Ou:
Os pássaros voam ou não
Sou marinheiro ou cantor. P ou Q. cantam.
P ou Q.
Sou cantor. Não Q. Os pássaros cantam.
Q.
Logo, não sou marinheiro. Logo, P. Logo, voam.
Logo, não P.
1.2.2. Lógica proposicional
PROPOSIÇÃO

Pensamento ou conteúdo expresso por uma frase declarativa, suscetível de


ser considerada verdadeira ou falsa.

As proposições têm valor de verdade.

Simples ou elementares Complexas ou compostas

São proposições em que São proposições em que


não estão presentes está presente um operador
quaisquer operadores. ou mais do que um.

Exemplos Exemplos
As casas são brancas. As casas são amarelas. As casas são brancas ou as casas são amarelas.
Gertrudes é arquiteta. Paulo é engenheiro. Gertrudes é arquiteta e Paulo é engenheiro.
Deus existe. O mundo foi criado por Deus. Se Deus existe, então o mundo foi criado por ele.
Eu sou jogador de futebol. Eu não sou jogador de futebol.
Proposições

Simples Complexas

O seu valor de verdade


O seu valor de verdade
depende do valor de
depende do facto de elas
verdade das proposições
estarem ou não de acordo
simples e dos operadores
com a realidade.
utilizados.

Gertrudes é arquiteta. Paulo é engenheiro. Gertrudes é arquiteta e Paulo é engenheiro.

verdadeira falsa falsa

Gertrudes é arquiteta ou Paulo é engenheiro.

verdadeira
Operadores Proposicionais

Trata-se de palavras ou expressões que, sendo ligadas a determinada(s)


proposição(ões), permitem formar novas proposições.

«Penso que», «visto


que», «acredito «E», «ou», «se…,
que», «é possível então», etc.
que», etc.

Operadores
verofuncionais
(operadores lógicos
ou conetivas
Proposição complexa função de verdade proposicionais).

Operadores que nos permitem, uma vez conhecidos os valores de verdade das
proposições simples, determinar, apenas com base nessa informação, o valor de
verdade da proposição resultante.
Variáveis Letras P: Deus existe.
proposicionais proposicionais Q: A vida tem sentido.

Exemplo Forma lógica

Deus existe e a vida tem sentido. P e Q.


Logo, Deus existe. Logo, P.

Argumento dedutivamente válido.

É possível determinar, com base nos operadores


verofuncionais, a validade dos argumentos em que as
proposições se integram.
OPERADORES VEROFUNCIONAIS

Símbolo Leitura Formas proposicionais


 não Negação
 e Conjunção
Constantes
lógicas  ou Disjunção
→ se..., então Condicional
↔ se, e só se Bicondicional
Forma lógica Exemplos
P Não P. Deus não existe.
PQ P e Q. Deus existe e a vida tem sentido.
PQ P ou Q. Deus existe ou a vida tem sentido.
P→Q Se P, então Q. Se Deus existe, então a vida tem sentido.
P↔Q P se, e só se, Q. Deus existe se, e só se, a vida tiver sentido.

Operador singular,
Aplica-se apenas a uma proposição. «Não».
unário ou monádico

Operador binário ou «E», «ou», «se...,


Aplica-se a duas proposições.
diádico então», «se, e só se».
Negação Tabela de verdade

P: Portugal é um país asiático. Tabela que apresenta as diversas condições


de verdade de uma forma proposicional
 P (Não P) específica, permitindo determinar de modo
mecânico a sua verdade ou falsidade.
Portugal não é um país asiático.
A tabela de verdade exibe os valores de
Expressões verdade possíveis da(s) proposição(ões) e os
alternativas valores de verdade resultantes das operações
efetuadas.
Não é verdade que Portugal é um país asiático.
É falso que Portugal seja um país asiático.
É errado afirmar que Portugal é um país asiático. Tabela de verdade da
negação

P P
A negação é uma proposição com a
forma «Não P», representando-se por
« P». Se P é verdadeira,  P é falsa;
V F
Coluna de referência
se P é falsa,  P é verdadeira. F V

A negação de uma negação (ou dupla Primeira parte Segunda parte


negação) – que se representa por «  P» Sendo o operador da negação o único operador
– equivale a uma afirmação. unário, só haverá duas filas na tabela.
Tabela de verdade da conjunção
Conjunção
P Q PQ
P: A vida é enigmática.
Q: A morte é enigmática. V V V
V F F
P  Q (P e Q) F V F
F F F
A vida é enigmática e a morte é
enigmática.
Sendo o operador da conjunção, à semelhança dos
que estudaremos a seguir, um operador binário,
haverá na tabela quatro condições de verdade.
Expressões
alternativas
A vida é enigmática e a morte também o é. A conjunção é uma proposição com a
A vida e a morte são enigmáticas. forma «P e Q», simbolizando-se por
A vida é enigmática, mas a morte é-o igualmente. «P  Q», a qual é verdadeira se as
Quer a vida quer a morte são enigmáticas.. proposições conectadas – que
também se chamam «proposições
conjuntas» – forem verdadeiras e é
falsa desde que pelo menos uma
dessas proposições seja falsa.
P: Descartes era racionalista. Tabela de verdade da

Disjuntas
Disjunção disjunção inclusiva
inclusiva Q: Locke era empirista.
P Q PQ
P  Q (P ou Q) V V V
Descartes era racionalista ou V F V
Locke era empirista. F V V
F F F
A disjunção inclusiva é uma proposição com a forma «P ou Q», simbolizando-se por «P  Q», a qual será
sempre verdadeira, exceto quando P e Q forem simultaneamente falsas.

Tabela de verdade da
Disjunção P: Vou ao cinema. disjunção exclusiva
exclusiva Q: Fico em casa.
P Q PQ

P  Q (Ou P ou Q) V V F
V F V
Ou vou ao cinema ou fico em F V V
casa. F F F
A disjunção exclusiva é uma proposição com a forma «Ou P ou Q», simbolizando-se por «P  Q», a qual é
verdadeira se P e Q possuem valores lógicos distintos e falsa se P e Q possuem o mesmo valor lógico.
Tabela de verdade da
Condicional P: Marco golos. condicional
(implicação Q: Sou desportista.
P Q P→Q
material)
P → Q (Se P, então Q) V V V
Se marco golos, então sou V F F
desportista. F V V
F F V
Expressões
Antecedente É uma condição suficiente
alternativas
(P) para o consequente.
Sou desportista, se marco golos. Consequente É uma condição necessária
Sou desportista, caso marque golos. (Q) para o antecedente.
Desde que eu marque golos, sou desportista.
Ser desportista é condição necessária para eu
marcar golos. A condicional é uma proposição
Marcar golos é condição suficiente para eu ser composta com a forma «Se P, então
desportista. Q», simbolizando-se por «P → Q», a
Se marco golos, sou desportista. qual só é falsa se P – o antecedente –
Não sou desportista, a menos que marque golos. é verdadeira e Q – o consequente – é
falsa. Em todas as restantes situações,
a nova proposição é verdadeira.
Tabela de verdade da
Bicondicional P: Sou escritor. bicondicional
(equivalência Q: Publico livros.
material) P Q P↔Q

P ↔ Q (Se, e só se) V V V
Sou escritor se, e só se, publico V F F
livros. F V F
F F V

Expressões
alternativas
Sou escritor se, e somente se, publico livros. A bicondicional é uma proposição
Sou escritor se, e apenas se, publico livros. composta com a forma «P se, e só se,
Publicar livros é condição necessária e suficiente Q», simbolizando-se por «P ↔ Q», a
para eu ser escritor. qual é verdadeira se ambas as
Se sou escritor, publico livros e vice-versa. proposições tiverem o mesmo valor
lógico e falsa se as proposições
tiverem valores lógicos distintos.
Formas proposicionais e operadores verofuncionais
Proposições
Disjunção
simples
Negação Conjunção Condicional Bicondicional
inclusiva exclusiva

P Q P Q PQ PQ PQ P→Q P↔Q


V V F F V V F V V
V F F V F V V F F
F V V F F V V V F
F F V V F F F V V
Âmbito dos operadores P: Eu sonho.
Q: Eu estudo.

Operador principal:  Eu sonho e não estudo. PQ

Uma conjunção e uma negação que incide sobre a proposição Q.

Operador principal:  É falso afirmar que eu sonho e não estudo.  (P   Q)

Uma negação que incide sobre a conjunção de P e de  Q.

Âmbito de um operador: refere-se à proposição (ou proposições)


sobre a qual (ou sobre as quais) esse operador incide.

No segundo exemplo, o operador da negação (enquanto operador principal) apresenta


um âmbito diferente do do outro operador da negação.
Formalizar proposições complexas

Isolar as proposições simples


que as constituem e atribuir
Colocar as proposições na variáveis proposicionais a
forma canónica, identificando cada uma. A isto se chama Simbolizar ou formalizar a
os operadores verofuncionais «construir o dicionário» proposição complexa.
envolvidos. dessas proposições ou
proceder à sua
«interpretação».

Exemplo: Não sou bom aluno a Filosofia, a não ser que estude lógica.

Expressão canónica Interpretação (dicionário) Formalização

Se estudo lógica, então sou P: Estudo lógica.


P→Q
bom aluno a Filosofia. Q: Sou bom aluno a Filosofia.
Exemplo: Não sou rico se, e só se, não tenho dinheiro.

Expressão canónica Interpretação (dicionário) Formalização

Não sou rico se, e só se, não P: Sou rico.


P↔Q
tenho dinheiro. Q: Tenho dinheiro.

Exemplo: O ser humano não é feliz, a não ser que o dizer-se que Deus não existe e a
vida é absurda constitua uma falsidade.

Expressão canónica Interpretação (dicionário) Formalização

Se é falso que Deus não existe P: Deus existe.


e que a vida é absurda, então Q: A vida é absurda.  ( P  Q) → R
o ser humano é feliz. R: O ser humano é feliz.
O método das tabelas de verdade

Expressão canónica Interpretação Formalização

Não é verdade que se está sol P: Está sol.


 (P → Q))
então está bom tempo. Q: Está bom tempo.

1. P Q  (P → Q) 2. P Q  (P → Q)
Desenhar a tabela, Colocar na tabela
colocando aí as os valores de V V
verdade das
letras
proposicionais e a proposições V F
proposição simples, esgotando
as possibilidades.
F V
complexa.
F F

3. P Q  (P → Q) 4. P Q  (P → Q)
Calcular os valores
de verdade das V V V Calcular os valores V V F V
proposições, de verdade da
excetuando os V F F proposição relativa V F V F
daquela que é
relativa ao
F V V ao operador
principal.
F V F V
operador principal. F F V F F F V
Para duas variáveis, são necessárias quatro filas; para
três, oito; para quatro, dezasseis, etc.

P Q R [R  (P  Q)] ↔ (R  Q)

Determinamos primeiro os valores


V V V V V V V de verdade da conjunção «P  Q» e
V V F V V V V da disjunção «R  Q» (a ordem neste
V F V V F V V caso é irrelevante). De seguida,
V F F F F V F determinamos os valores da
disjunção «R  (P  Q)». Por fim,
F V V V F V V
determinamos os valores da
F V F F F F V bicondicional a partir dos valores
F F V V F V V obtidos para as duas disjunções.
F F F F F V F
Tautologias ou
verdades lógicas

Fórmulas proposicionais que são sempre verdadeiras, qualquer que seja o


valor de verdade das proposições simples que as constituem.

Exemplo Forma lógica

Se acendo e apago a luz,


(P  Q) → P
então acendo a luz.

P Q (P  Q) → P

V V V V
V F F V
F V F V
F F F V
Contradições ou
falsidades lógicas

Fórmulas proposicionais que são sempre falsas, independentemente do valor


de verdade das proposições simples que as compõem.

Exemplo Forma lógica

Não penso ou não sonho se, e


( P   Q) ↔ (P  Q)
só se, penso e sonho.

( P   Q) ↔ (P 
P Q
Q)
V V F F F F V
V F F V V F F
F V V V F F F
F F V V V F F
Contingências ou proposições indeterminadas

Fórmulas proposicionais que tanto podem ser verdadeiras como falsas,


consoante os valores lógicos das proposições simples que as compõem.
Exemplo Forma lógica

Se passeio ou corro, então


(P  Q) → R
mantenho a saúde.

P Q R (P  Q) → R

V V V V V
V V F V F
V F V V V
V F F V F
F V V V V
F V F V F
F F V F V
F F F F V
Equivalências lógicas

Duas proposições são logicamente equivalentes se apresentarem as mesmas


condições de verdade: quando uma for verdadeira, a outra também o será e,
quando uma for falsa, a outra sê-lo-á também. Tal significa que a sua
bicondicional constitui uma verdade lógica ou uma tautologia.

Bicondicional ou equivalência
Equivalência lógica
material

Pode ser verdadeira ou falsa. É sempre verdadeira.


Exemplo: P Q P↔Q
As duas proposições
Trabalho se, e só se, tenho saúde. complexas são
V V V equivalentes, pois
Forma lógica
V F F apresentam as mesmas
F V F condições de verdade:
têm o mesmo valor de
P↔Q F F V
verdade em qualquer
circunstância.

Exemplo: P Q (P → Q)  (Q → P)
Se trabalho, então tenho saúde e,
se tenho saúde, então trabalho. V V V V V
Forma lógica
V F F F V
F V V F F
(P → Q)  (Q → P) F F V V V
P Q (P ↔ Q) ↔ [(P → Q)  (Q → P)]

V V V V V V V
V F F V F F V
F V F V V F F
F F V V V V V

Tautologia

P ↔ Q  (P → Q)  (Q → P)
ALGUMAS EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS
Símbolo de
equivalência P → Q   (P   Q)
lógica P→QPQ
P  Q   ( P   Q)
P  Q   ( P   Q)
PP
P↔QQ↔P
Tautologias e formas de inferência válida

Condicional Passagem das


ou implicação material premissas à conclusão

P Q [(P → Q)  P] → Q
V V V
V V
V F F F V
F V V F V
F F
V F V

Uma forma de inferência dedutiva é válida se, e somente se, a fórmula


proposicional (implicativa) que lhe corresponde for uma tautologia.
Inspetores de
Argumento Interpretação Formalização
circunstâncias
Se sou português,
então sou conhecedor
P: Sou português. P→Q
Num inspetor de de Camões.
Q: Sou conhecedor de P
circunstâncias, um Sou português.
Camões. Q
argumento válido será Logo, sou conhecedor
aquele no qual não de Camões.
existe nenhuma linha
que torne todas as Nota: Em vez do símbolo , também poderemos usar o símbolo ,
premissas verdadeiras que se designa por «martelo semântico». Ambos se leem «Logo»,
e a conclusão falsa. um indicador de conclusão.

Premissa 1 Premissa 2 Conclusão

P Q P → Q, P Q
A primeira linha exprime a única
circunstância em que ambas as
V V V V V premissas são verdadeiras. Ora,
dado que tal circunstância
V F F V F também torna a conclusão
F V V F V verdadeira, o argumento é
F F V F F considerado válido.
Argumento Interpretação Formalização

Se corro, então sinto-


P→Q
me bem. P: Corro.
Q
Sinto-me bem. Q: Sinto-me bem.
P
Logo, corro.

Premissa 1 Premissa 2 Conclusão


A primeira e a terceira linhas
P Q P → Q, Q P exprimem as únicas
circunstâncias em que ambas as
premissas são verdadeiras.
V V V V V Contudo, se na primeira linha a
V F F F V circunstância torna a conclusão
verdadeira, já na terceira linha a
F V V V F
circunstância em causa torna a
F F V F F conclusão falsa. O argumento é,
por isso, inválido.
Argumento Interpretação Formalização

Se leio, aumento a minha inteligência. P: Leio.


Se aumento a minha inteligência, Q: Aumento a minha P→Q
aumento a minha autoestima. inteligência. Q→R
Logo, se leio, aumento R: Aumento a minha P→R
a minha autoestima. autoestima.

Premissa 1 Premissa 2 Conclusão

P Q R P → Q, Q→R P→R

V V V V V V
Estamos perante um argumento
V V F V F F válido, pois nas circunstâncias
V F V F V V em que ambas as premissas são
V F F F V F verdadeiras, a conclusão
F V V V V V também o é.
F V F V F V
F F V V V V
F F F V V V
Modus ponens: Exemplo Formalização
Algumas afirmação do
formas de antecedente na
segunda premissa Se está sol, então vou à praia. P→Q
inferência e do Está sol. P
válida consequente na Logo, vou à praia. Q
conclusão.

Modus tollens: Exemplo Formalização


negação do
consequente na Se está sol, então vou à praia. P→Q
segunda premissa Não vou à praia. Q
e do antecedente Logo, não está sol.  P
na conclusão.

Exemplo Formalização

Se Deus existe, então o mundo é finito.


P→Q
Logo, se o mundo não é finito, então
 Q →  P
Deus não existe.
Contraposição
Exemplo Formalização
Se o mundo não é finito, então Deus não
existe. Q→P
Logo, se Deus existe, então o mundo é P → Q
finito.
Exemplo Formalização

Canto ou assobio. PQ


Silogismo Não canto. P
disjuntivo Logo, assobio. Q
(disjunção
inclusiva) ou Exemplo Formalização
modus tollendo
ponens Canto ou assobio. PQ
Não assobio. Q
Logo, canto. P

Exemplo Formalização

Se viajar, então aprendo novas coisas.


Silogismo Se aprendo novas coisas, então torno- P→Q
hipotético me melhor pessoa. Q→R
Logo, se viajar, então torno-me melhor P → R
pessoa.
Exemplo Formalização
Leis de De
Morgan: Não é verdade que fumo e que tenho
 (P  Q)
indicam-nos saúde.
 P   Q
Negação Logo, não fumo ou não tenho saúde.
que de uma
da
conjunção conjunção Exemplo Formalização
negativa
podemos Não fumo ou não tenho saúde.
PQ
inferir uma Logo, não é verdade que fumo e que
 (P  Q)
disjunção tenho saúde..
de
negações, e Exemplo Formalização
que de uma
disjunção Não é verdade que há sol ou chuva.  (P  Q)
negativa Logo, não há sol e não há chuva.  P   Q
Negação
podemos
da
inferir uma disjunção Exemplo Formalização
conjunção
de Não há sol e não há chuva.
PQ
negações. Logo, não é verdade que há sol ou
  (P  Q)
chuva.
Formas argumentativas inválidas

Exemplo Formalização

Falácia da
afirmação do Se és meu amigo, então dizes-me sempre a verdade. P→Q
consequente Dizes-me sempre a verdade. Q
Logo, és meu amigo. P

Comete-se quando, a partir de uma proposição condicional, se afirma o consequente na


segunda premissa, concluindo-se com a afirmação do antecedente.

Exemplo Formalização

Falácia da
negação do Se és meu amigo, então dizes-me sempre a verdade. P→Q
antecedente Não és meu amigo. P
Logo, não me dizes sempre a verdade. Q

Comete-se quando, a partir de uma proposição condicional, se nega o antecedente na


segunda premissa, concluindo-se com a negação do consequente.
Variáveis de fórmula
Representam qualquer tipo de proposição (simples ou complexas). Usam-se
as letras iniciais do alfabeto: A, B, C, etc.

P: Tenho livros. Exemplo 1 Formalização


Q: Estudo.
R: Sou feliz. Se tenho livros, então estudo. P→Q
Não estudo. Q
Logo, não tenho livros.  P

Exemplo 2 Formalização

Se tenho livros, então estudo e sou feliz. P → (Q  R)


Não é verdade que estudo e que sou feliz.  (Q  R)
Logo, não tenho livros.  P

Exemplo 2 Formalização

Se tenho livros, então estudo e sou feliz. A→B


Não é verdade que estudo e que sou feliz. B
Logo, não tenho livros.  A
Modus ponens Modus tollens
A→B A→B
A B
B  A
Silogismo disjuntivo Silogismo hipotético
AB AB A→B
A B B→C
B A A → C
FORMAS DE
Contraposição Leis de De Morgan
INFERÊNCIA
VÁLIDA
A→B B→A  (A  B) AB
 B →  A A→B
  A   B   (A  B))

O
OU A→BB→A  (A  B)   A   B
U

Nota: o símbolo  significa, no presente  (A  B) AB


  A   B   (A  B)
contexto, que tanto se pode inferir validamente
num como noutro sentido. O
 (A  B)   A   B
U
Afirmação do consequente Negação do antecedente
FORMAS A→B A→B
FALACIOSAS B A
A B

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