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Memorial do Convento
Contextualização
1.Que acontecimentos sociopolíticos
marcaram o final do milénio?
O século XX caracterizou-se, nas primeiras
décadas, como um tempo de conflito, de
horror e de pessimismo. Nos últimos anos do
milénio, dominou a abstração da realidade, o
consumismo e a afirmação da internet.
2. De que forma o contexto social e
político do final do milénio influenciou o
contexto literário?
O século XX foi um momento de rutura a vários
níveis. A partir das duas Grandes Guerras, o mundo
mudou e a relação entre História e verdade foi
abalada e passou a entender-se o relato histórico
como uma versão dos acontecimentos geralmente
ligada ao poder. A História deixou de ser considerada
um “armazém de verdade” e o texto histórico é
encarado como uma maneira parcial e pessoal de
abordagem. O romance da segunda metade do
século XX recorre ao discurso histórico,
reescrevendo-o, e apresenta, muitas vezes, factos
que reconhecemos, sob um ponto de vista novo.
3. Que aspetos caracterizam o romance
histórico da segunda metade do
século XX?
No romance histórico do século XX, os
acontecimentos passam a ser perspetivados de
uma forma múltipla, expondo o ponto de vista do
homem comum, dando voz a quem nunca a teve
e apresentando versões diferentes de factos
reconhecíveis. O discurso histórico é hoje
considerado parcial e parcelar, pois regista apenas
uma parte daquilo que aconteceu. As minorias
são pobres em documentos, por isso, se tornam
pobres em História.
4. Por que razão se refere que a obra de
Saramago revela um grande fascínio
pela História?
A ficção do século XX, em geral, revela um
grande fascínio pela História. Nos romances de
José Saramago, o discurso da ficção e da História
entrelaçam-se. O passado torna-se presente ao ser
reescrito, num outro momento, e a História deixa
de ser considerada um repositório da verdade.
Assim, a conceção de História como um todo
acabado cai e passa a valorizar-se o discurso
histórico com marcas do eu e do momento da sua
escrita, como um tecido rendado onde os vazios
também têm significação.
O título e as linhas de ação
1.Por que razão se pode considerar que
o título deste romance é um convite à
sua leitura?
O título de qualquer obra é muito
importante, pois as suas palavras permitem o
primeiro contacto entre o autor e o leitor. O título é
sempre um cartão de visita de uma qualquer obra.
No caso deste romance, o título é constituído por
duas palavras: Memorial do Convento. Deste modo,
enquanto a palavra Memorial remete para
memórias do passado dignas de ser recordadas, a
palavra Convento evoca um monumento nacional
do património português: o Convento de Mafra.
2. Em que medida o título do romance e a
contracapa perspetivam uma visão
múltipla da construção do Convento de
Mafra?
O romance evoca a construção do Convento de
Mafra, perspetivando os acontecimentos através dos
diferentes olhares dos diversos intervenientes. O
termo Memorial remete para um recuo no tempo e
para o resgate de memórias relacionadas com um
acontecimento histórico. No entanto, o ato de recordar
é sempre subjetivo e as memórias megalómanas do rei
serão necessariamente muito diferentes da lembrança
sofrida dos trabalhadores que participaram na
construção do monumento, como demonstra o texto
inserido na contracapa do romance.
3. Qual é o fio condutor do romance?