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- Módulo II –
HISTORIA DA EDUCAÇÃO
O PAPEL DO TÉCNICO DE AÇÃO EDUCATIVA
Piaget
A criança é um ser em constante fase de crescimento capaz de agir, interagir, descobrir e transformar o
mundo, com habilidades, limitações e potencialidades.
A educação infantil tem como finalidade o desenvolvimento absoluto das crianças, sendo nesta etapa
que descobrem novos valores, sentimentos, costumes. Nesta etapa ocorre também o desenvolvimento
da sua autonomia, identidade e interação com outras pessoas.
O Conceito de Infância
A conceção de infância, durante muito tempo, esteve vinculada a uma visão de criança
como um adulto em miniatura, que não considerava suas características particulares, as
quais são bem diferentes dos adultos. (Falavam e se vestiam como adultos, jogavam os
seus jogos e até participavam de suas festas).
A criança era afastada muito cedo de seus pais e passava a conviver com
outros adultos, ajudando-os em suas tarefas.
A criança poderia ser facilmente substituída por outra devido à falta de apego
dos pais, considerando os altos índices de mortalidade infantil e as práticas
de infanticídio.
A partir do século XVI, a sociedade passou a separar as crianças dos adultos e então
surgem as primeiras instituições escolares.
Durante muito tempo estas Instituições, organizavam seus espaços e rotinas diárias
embasadas nas ideias assistencialistas, ou seja, a principal função da escola não era
transmitir conhecimentos por meio de informações e conteúdos didáticos, o principal
objetivo era cuidar, especialmente, de crianças de 0 a 6 anos.
A educação da criança passa a ser realizada pela própria família e isto fez
despertar um novo sentimento por ela.
A criança passa a ser vista como ingênua e frágil, que necessita de maior
atenção, e a morte é vista como um momento de sofrimento. Surge
outro sentimento, ainda no século XVII, que se contrapõe a estes, o da
moralização.
A criança passa a ser vista como um investimento futuro que necessita ser preservada e
protegida física e moralmente.
De acordo com Kramer (2003), “não é a família que é nova, mas, sim o sentimento de
família que surge nos séculos XVI e XVII, inseparável do sentimento de infância”. Kramer
(2003) ressalta também que a nova ideia de infância surge de acordo com as
modificações de organização social:
Diante deste novo quadro social, a família, além da preocupação com a educação da
criança, passou a se interessar pelas questões de higiene e saúde, ocasionando uma
considerável diminuição dos índices de mortalidade infantil.
A interação com o mundo e com outros indivíduos sempre nos proporcionou algum
tipo de aprendizado, seja observando um integrante mais velho da tribo caçar, os
fenômenos da natureza, o comportamento religioso nos rituais, etc.
NO EGITO
os jovens começavam a frequentar a escola por volta dos 7 anos, aprendendo a ler, a
contar histórias, escrever, entre outras coisas. Os maiores aprendiam também
astronomia, música, matemática e poesia.
NA GRÉCIA ANTIGA
o acesso ao estudo não era um direito de todas as crianças: as mulheres eram
educadas até, no máximo, os 7 anos e os meninos eram educados até os 14 anos. No
entanto, esse acesso dependia do poder aquisitivo dos pais, portanto era distribuído
de maneira desigual e privilegiada.
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HISTORIA DA EDUCAÇÃO
ENTRE OS HEBREUS
A educação era realizada em 10 anos – entre os 08 e 18 anos de idade. Nessa fase,
muitas eram as civilizações em que os pais da criança eram os responsáveis por sua
educação.
NA IDADE MÉDIA,
Os estudantes eram formados de acordo com o pensamento conservador da época e
a educação desenvolvida em consonância com os rígidos dogmas (doutrina) da Igreja
Católica.
Com a formação dos Estados Nacionais, o conhecimento passa a ser organizado para
ser transmitido pela escola através da figura de autoridade do professor como figura
detentora do saber e garantidor da ordem e da disciplina.
Esse modelo de educação se propagou pelos séculos XVIII e XIX, influenciados pela
revolução industrial e pelos regimes democráticos que se propagaram desde então. O
acesso à educação passa a ser uma reivindicação enquanto direito do cidadão.
Consolida-se então, um modelo de educação conteudista, que acompanhou os ideais
da industrialização.
Em Cabo Verde
as atividades de ensino permaneceram sob a incumbência das ordens religiosas
durante o período colonial, entretanto a constituição de 1975 preparou o espaço para
o surgimento de um Sistema Nacional de Educação.
No período colonial o sistema educativo cabo-verdiano fazia parte integrante do sistema educativo
português. Deste modo, o sistema educativo em Cabo Verde foi conhecendo variações importantes
em função das mutações politicas, sociais, económicas e culturais que se foram registando no
sistema colonial português.
Fevereiro de 1944
Criou-se no Ministério das Colónias a Direção Geral do Ensino que orientava superiormente os
serviços nas colónias que funcionava em intima relação com o Ministério da Educação Nacional.
E foi assim que o ensino primário se reformulou, em 1917 estruturando-se em três níveis:
• Primário elementar (até à 3ª classe);
• Normal ;
• Secundário (compreendendo o ensino profissional)
O golpe de estado de 1926 (Estado Novo) fez com que a Igreja voltasse a recuperar o seu estatuto
hegemónico que detinha e veria reforçada a sua influência espiritual e material na sociedade
portuguesa.
O novo estatuto que a Igreja passou a ocupar na estrutura social a nível da metrópole influenciou as
colónias de uma forma geral e, particularmente, a nível do sistema educativo.
Foram aprovadas várias leis que acabaram por reforçar o papel “civilizacional” das missões religiosas
nas colónias, onde estas passaram a ter a exclusividade da educação. Entre essas leis aprovadas,
destaca-se a publicação do Estatuto Missionário das missões católicas portuguesas em África e
Timor, em 1926 e o Acto Colonial em 1930 (Tolentino, 2007)
Em 1960, existiam em Cabo Verde 234 estabelecimentos de ensino, dos quais cerca
escolarizada no ensino primário (5. 392 a 9.303 alunos das quatro classes desse
Neste sentido, com a emergência dos movimentos de libertação, nos anos de 1960,
nas colónias portuguesas de África, Amílcar Cabral considerava a educação colonial
inadequada à realidade e expectativas dos cabo-verdianos, por que era altamente
seletiva e discriminatória, pois, “o número de alunos inscritos na instrução primária
correspondia a cerca de 1/5 (um quinto) do número de crianças em idade escolar
[-] Toda a educação portuguesa deprecia a cultura e a civilização do africano. As línguas africanas
são proibidas nas escolas. [-] As crianças africanas [-] aprendem a temer o homem branco e a ter
vergonha de serem africanos. A geografia, a história e a cultura de África não são mencionados, ou
adulterados, e a criança é obrigada a estudar a geografia e a história portuguesas.
Esse ciclo preparatório estava estruturado em dois anos de estudos, e para ter acesso a
este nível era necessário aprovar-se no exame do ciclo elementar e ter idade inferior a 14
anos.
Assim sendo, poucas eram as crianças que satisfaziam tais requisitos porque, por um
lado, a maioria das crianças entravam tardiamente no sistema de instrução e, por outro,
devido a elevada taxa de reprovação verificada no ensino primário.
1533
• Criação do bispado de Cabo Verde (Diocese de Santiago), o primeiro em Africa, sedeada na
Ribeira Grande;
1935
• Foi criada a primeira escola da Ribeira
Grande (Hoje cidade velha).
• Nessa escola lecionava-se apenas a Moral e
a Gramática Latina,
1856
Foi criado o seminário eclesiástico da diocese de Cabo
Verde (funcionou por meio seculo) - Seminário-Liceu de
São Nicolau
1917-1926
Foi extinto o Seminário-Liceu de São Nicolau, e cria-se o
Liceu Nacional de Cabo Verde em São Vicente .
1926-1937
Liceu Central Infante Dom Henrique
Em Janeiro de 1926, alterou-se o nome do liceu para Liceu Central Infante Dom Henrique, vindo a ser
encerrado a 26 de Outubro de 1937.
Anunciada a extinção dois dias depois, através da Rádio Colonial Portuguesa, em poucos minutos São
Vicente ficou a conhecer essa notícia e Cabo Verde ficou de luto, chegando o jornal Notícias de Cabo
Verde a sair no dia 1 de Novembro, véspera do dia de finados, com uma tarjeta negra ”Cabo Verde de
Luto!”.
Face a essa grande e intensa movimentação, doze dias após o seu encerramento, chegou a
notícia de que o Ministro do Ultramar havia comunicado que o liceu iria reiniciar as aulas
imediatamente.
Até 1960 o Liceu de São Vicente foi o único estabelecimento de ensino secundário a funcionar em todo o arquipélago,
não sendo de estranhar a sua assinalável influência no perfil da elite cabo-verdiana de então que se evidenciava pelo
seu carácter intelectual e ideológico e pela sua integração numa ilha cosmopolita e de gênese urbana.
Entretanto, na sequência da visita do Presidente da República General Craveiro Lopes, em 1955, foi criado na cidade
da Praia a Secção do Liceu Gil Eanes, com um vice-reitor, Dr. Aníbal da Cunha Leal, sendo reitor do liceu o Dr. Baltasar
Lopes da Silva.
” Durante muito tempo, até ao fim dos anos 50, o ensino destinava-se a um
pequeno número de privilegiados das cidades e do campo: filhos e filhas da
burguesia comerciante, dos proprietários agrícolas e filhos de uma classe média em
crescimento lento dos empregados e dos intelectuais (…)
• Dessa forma, era necessário que se pensasse uma educação que fosse menos
seletiva do que a anterior e voltada para a realidade nacional.
Mas nem sempre foi assim, antigamente não existia uma valorização da
criança como individuo, havia criança, mas não existia o conceito de
infância.
“[...] mal adquiria algum embaraço físico, era misturada aos adultos e
partilhava de seus trabalhos e jogos”.
A infância não era vista como uma fase de fragilidade, tendo em vista que
a criança tinha uma atenção especial somente no início da vida.
O importante era a criança crescer rápido para entrar na vida adulta. Aos
sete anos, a criança (tanto rica quanto pobre) era colocada em outra
família para aprender os trabalhos domésticos e valores humanos,
através de aquisição de conhecimento e experiências práticas.
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HISTORIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Essa ida para outra casa fazia com que a criança saísse do controle da
família genitora, não possibilitando a criação do sentimento entre pais e
filhos.
A justificativa para isso era que a criança era considerada fraca, e incapaz.
Estes pensadores e estudiosos contribuíram para que a sociedade começasse a enxergar a criança
pequena como criança, que necessita de atenção e cuidados para desenvolve-se e que é necessário
que esta criança viva a infância.
JEAN-JAQUES ROUSSEAU
(1712 – 1778) • Filósofo nascido em Genebra.
• Criou uma proposta educacional que combatia preconceitos e
autoritarismos.
• Afirmava que a infância não era apenas uma via de acesso à vida
adulta e tinha valor em si mesma.
• Defendia uma educação não orientada pelos adultos, mas que
fosse resultado do livre exercício das capacidades infantis e
enfatizasse não o que a criança tem permissão para saber, mas o
que é capaz de saber..
JEAN-JAQUES ROUSSEAU
Este teórico, constituiu um marco na pedagogia contemporânea, centralizando os interesses
pedagógicos no estudante, não mais no professor. Para a criação de um novo homem e de uma nova
sociedade, seria preciso educar a criança de acordo com a natureza, desenvolvendo progressivamente
seus sentidos e a razão com vistas à liberdade e à capacidade de julgar.
Rousseau “revolucionou a educação de seu tempo ao afirmar que a infância não era apenas uma
via de acesso, um período de preparação para vida adulta, mas tinha valor em si mesma”.
JOHANN PESTALOZZI
Para Pestalozzi a função principal do ensino é levar as crianças a desenvolver suas habilidades naturais e inatas.
A escola idealizada por Pestalozzi deveria ser não só uma extensão do lar, como inspirar-se no ambiente familiar
para oferecer uma atmosfera de segurança e afeto. A criança, na visão de Pestalozzi, se desenvolve de dentro para
fora.
Para o pensador suíço, um dos cuidados principais do professor deveria ser respeitar os estágios de
desenvolvimento pelos quais a criança passa. É a ideia do “aprender fazendo”, amplamente incorporada pela
maioria das escolas pedagógicas posteriores. O que importava não era tanto o conteúdo, mas o desenvolvimento
das habilidades e dos valores. Percebe-se nas ideias de Pestalozzi a preocupação com o desenvolvimento da criança
e o seu aprendizado.
FRIEDRICH FROEBEL
O fundador dos jardins de infância, destinados aos menores de oito anos, o alemão Friedrich Froebel foi um dos
primeiros educadores a considerar o início da infância como uma fase de importância decisiva na formação das
pessoas.
Ele formulou suas próprias ideias e princípios educacionais. Para ele, a criança se expressaria através das atividades
de perceção sensorial, da linguagem e do brinquedo, dando ênfase a liberdade da criança.
FRIEDRICH FROEBEL
Froebel teve uma infância muito infeliz, o que, provavelmente terá contribuído para surgir seu génio
e possibilitado um duplo resultado: a afeição pela natureza e, ainda muito jovem, tornou-se
consciente de sua própria vida interior.
DECROLY
Entre os pensadores da educação que, na virada do século 19 para o século 20, contestaram o modelo de
escola que existia até então e propusera uma nova conceção de ensino, o belga Decroly foi, provavelmente, o
mais combativo. Ele foi um dos precursores dos métodos ativos, fundamentados na possibilidade do estudante
conduzir o próprio aprendizado e, assim, aprender a aprender.
Os centros de interesse são marcantes na escola idealizada por Decroly, em que os estudantes escolhem o que
querem aprender, através das observações do cotidiano. Estes centros são grupos de aprendizados organizados
segundo as faixas de idade dos estudantes e concebidos com base nas etapas da evolução neurológica infantil.
A criança entra na escola dotada de condições biológicas suficientes para procurar e desenvolver os
conhecimentos de acordo com seus interesses. (Apud Ferrari, 2008).
MARIA MONTESSORI
• Médica psiquiatra italiana que trabalhava com crianças portadoras de deficiência mental.
• Elaborou materiais adequados à exploração sensorial pelas crianças e ao alcance dos objetivos educacionais.
• Criou instrumentos especialmente elaborados para a educação motora (ligados aos cuidados pessoais) e
para a ed. dos sentidos e da inteligência (letras móveis, contadores, etc.).
• Propôs a diminuição do mobiliário usado pelas crianças e dos objetos domésticos cotidianos, para a
brincadeira de casinha.
A utilização destes materiais valorizava a educação motora, a educação dos sentidos e a inteligência. A
pedagogia montessoriana dá destaque ao ambiente, adequando-o ao tamanho das crianças. (Apud Ferrari,
2008)
Em Cabo Verde, a educação pré-escolar surge, integrada na escolaridade obrigatória, nos últimos anos da época
colonial, mais precisamente no início da década de setenta, com a denominação de ensino pré-primário, tendo
como fonte legal o Regulamento do Ensino Primário Elementar aprovado em 1968.
Parte integrante do ensino primário obrigatório de cinco anos, o ensino pré-primário era então ministrado nas
escolas e nos postos escolares de ensino primário, com a duração de um ano, por docentes do ensino primário, a
maioria dos quais sem qualificação específica, e em condições de graves carências em termos de instalações e
recursos educativos minimamente adequados às exigências deste nível educativo, factos que estiveram na origem
da sua extinção em 1975, com a ascensão do arquipélago à Independência.
.
A extinção do ensino pré-primário, embora compreensível naquele contexto, privava as crianças cabo-verdianas
de uma oportunidade de preparação para o ingresso no ensino primário.
Assim, logo após a tomada de tal medida, foram lançados os primeiros estabelecimentos específicos de educação
pré-escolar geridos pelo então Instituto Cabo-verdiano de Solidariedade (ICS), organização não-governamental
fortemente apoiada pelo Estado, bem como por parceiros internacionais, sendo uma das formas de apoio estatal
a afetação àquele instituto de monitores de infância, previamente formados, os quais faziam parte do quadro de
pessoal docente do Estado.
De notar que, no âmbito do Instituto Cabo-verdiano de Solidariedade, contava-se, já em 1977, com “jardins-
escola” implantados em cinco ilhas e previa-se o seu alargamento a todas as ilhas.
A par das iniciativas do ICS na área da educação de infância, assiste-se à intervenção de outras entidades, de
entre as quais a Organização das Mulheres de Cabo Verde e a Cruz Vermelha, igualmente apoiadas pelo Estado,
a que se segue a intervenção progressiva de municípios, entidades privadas, organizações comunitárias e de
solidariedade social, ao longo da década de oitenta e, sobretudo, a partir da aprovação da primeira lei de bases
do sistema educativo, em finais de 1990, e do primeiro estatuto do ensino privado, em 1996 .
A Constituição de Cabo Verde consagra, no seu ARTIGO 78º, que “todos têm direito à educação”, estabelecendo
que esta deve ser “realizada através da escola, da família e de outros agentes e, designadamente:
• Ser integral e contribuir para a promoção humana, moral, social, cultural e económica dos cidadãos”;
• Contribuir para a igualdade de oportunidade no acesso a bens materiais, sociais e culturais”;
• Estimular o desenvolvimento da personalidade, da autonomia, do espírito de empreendimento e da
criatividade,
• Promover os valores da democracia, o espírito de tolerância, de solidariedade, de responsabilidade e
de participação”.
Reconhece a educação como direito/dever de todo o cidadão, bem como o direito/dever das famílias, das
comunidades e das autarquias locais nas diversas ações de promoção e realização da educação, relevando o
papel do Estado na dinamização das diversas formas de participação dos cidadãos e suas organizações na
concretização dos objetivos da Educação, na promoção progressiva da igualdade de possibilidades de acesso
de todos os cidadãos aos diversos graus de ensino e a igualdade de oportunidades no sucesso escolar (nºs 1
a 4 do artigo 4º).
Em conformidade com a Lei de Bases do Sistema Educativo (artigo 17º), a educação pré-escolar prossegue os
seguintes objetivos essenciais:
Da análise do percurso da educação pré-escolar em Cabo Verde e do quadro legal vigente resulta evidente o
potencial do desenvolvimento deste sistema mediante uma ação combinada das famílias, do Estado, das
autarquias e, em geral da sociedade civil.
Sem que o Estado tivesse assumido a responsabilidade de assumir a oferta direta da educação pré-escolar, a
intervenção das autarquias locais, de entidades privadas e de outras organizações da sociedade civil, com o
concurso das famílias, permitiu uma expansão significativa da rede da educação pré-escolar.
A par dos avanços registados, persistem constrangimentos de diversa ordem, patenteados em outros estudos,
sendo de se realçar, a par da precaridade de instalações, meios logísticos e recursos pedagógicos, a insuficiente
qualificação do pessoal docente afeto aos estabelecimentos de educação pré -escolar.
Vital Didonet,
Cuidar e educar são ações indissociáveis no cotidiano de instituições de educação infantil. Toda a ação
realizada junto à criança e com a criança tem dimensões de cuidados e educação.
EDUCAR VS CUIDAR
A educação de infância compreende a educação das crianças entre os 0 e os 6 anos de idade, ou seja,
desde o seu nascimento até à entrada no 1º Ciclo do Ensino Básico.
Sendo assim, o que deve ser priorizado nesta fase é a formação da identidade com a valorização da história
individual de cada criança. Promover sociabilidade, a linguagem, a interação. Adequar os meios de se
comunicar, se atentando para diálogo que traduza segurança e afetividade. Assim, possibilitar o prazer de iniciar
novas descobertas através de um olhar ao mundo e ao outro com a aprendizagem de diferentes linguagens:
movimento, música, artes visuais, linguagem oral e escrita, natureza, sociedade e matemática.
Para que este objetivo seja algo atingível, o professor da educação infantil precisa e deve ser um pesquisador e
sempre estar atualizando seu conhecimento, suas técnicas, etc.
Segundo estudos realizados em 1994 (RCNEI, p.39) aponta que muitos profissionais que atuam na Educação
Infantil ainda não possuem formação adequada, trabalham em situações precárias e com salários bem baixos.
A Educação Infantil diante dessa grande responsabilidade que possui necessita de uma atenção especial do
educador. É na primeira infância que podemos propiciar oportunidades para formar um ser humano mais
consciente, crítico, comunicador, confiante, reflexivo, pró-ativo, social e apto para aprender e desvendar o
mundo ao seu redor e ao mesmo tempo em que se descobre.
E a grande questão que professor o deve se fazer é: Como proporcionar todo este aprendizado de uma forma
que a criança viva o momento dela, que é ser criança?
O RCN deixa claro que todas as experiências das crianças precisam ser vivenciadas com prazer e alegria.
Portanto, o professor tem a necessidade de ver a criança com um olhar voltado para o que ela é, quais suas
necessidades, o que ela pode e consegue aprender no momento, o que ela tem potencial de aprender,
identificar oportunidades para provocar o interesse e usa-lo a favor de uma educação ativa e progressiva.
Na Educação Infantil não se pode ficar atrelado a conceitos prontos e fórmulas, há de ser considerado o
contexto da criança e o seu momento, sua fase de desenvolvimento, suas características sócioeconômicas,
afetivas, etnias, religião, etc. O educar precisa ser permeado de afetividade e atenção a esse mundo a ser
descoberto. A criança precisa ser, precisa ter espaço para aprender e se comunicar, precisa se sentir segura e
acima de tudo compreender que a escola é uma extensão de um cuidado e proteção destinada a ela.
Portanto, o educador que atua em Educação Infantil deve conhecer todos os estágios de desenvolvimento,
conhecer a psicologia infantil, compreender sobre afetividade, ludicidade, psicomotricidade, a importância do
faz de conta, a história e a cultura em que a criança está inserida e ser apaixonado pelo que faz
Outro ponto importante que não poderia deixar de mencionar é a fala do professor, a maneira que usa para se
comunicar com a criança. Essa fala precisa ter todo um cuidado e intenção em educar e proporcionar
oportunidades para o desenvolvimento infantil. Assim, como também o professor deve ser conhecedor de sua
enorme responsabilidade, pois num diálogo com uma criança você pode se tornar uma referência ou um
trauma para o resto daquela vida. Nosso comportamento e atitude, queiramos ou não vai deixar marcas.
Conforme dito nos capítulos anteriores a educação infantil é primordial na formação de qualquer indivíduo, já
que é nesta fase que se realiza não somente aprendizagem de conteúdos didáticos, mas sim é realizada os
primeiros contatos em relação ao amor, fraternidade, dignidade, solidariedade, responsabilidade, ética e os
demais valores que irão permear por toda a vida da criança.
O educador infantil tem um papel muito importante no desenvolvimento de uma criança. Entre suas
atribuições, esse profissional é responsável por propiciar experiências que ajudem a criança a desenvolver suas
capacidades cognitivas (atenção, memória, raciocínio, entre outras). Trata-se de um processo longo,
desenvolvido de forma contínua e dinâmica a partir dos primeiros anos de vida.
Dessa forma, qualquer professor, em todas as etapas educacionais, sempre será uma figura fundamental na
vida das crianças, no entanto aqueles que atuam na educação infantil são os que constroem a base para o
desenvolvimento infantil.
Assim, o papel do professor dentro da educação infantil vai muito além do que somente transmitir
conhecimento, mas o mesmo possui a responsabilidade de transmitir ou estimular condutas e atitudes dentro
das crianças, como por exemplo: o respeito e a empatia, que são posturas que se espera não somente dentro
da escola, mas que serão levadas para fora do ambiente escolar e que é fundamental na formação de cidadãos
mais coerentes.
Dentro da Educação Infantil, o educador também é responsável por desenvolver as capacidades cognitivas da
criança, como atenção, memória e o raciocínio. Além disso, nesta fase é quando a criança desenvolve sua
própria identidade, por esses motivos cabe ao professor de educação infantil criar ferramentas para que essa
construção ocorra. Para tanto, o educador irá basear-se na exploração do meio a qual está inserido, na
construção dos relacionamentos interpessoais, e na obtenção dos conhecimentos e valores, que são muitas
vezes transmitidas pelas brincadeiras, que são a forma mais produtiva e prazerosa de ensinar crianças de
educação infantil.
Vital Didonet,
Cuidar e educar são ações indissociáveis no cotidiano de instituições de educação infantil. Toda a ação
realizada junto à criança e com a criança tem dimensões de cuidados e educação.
PAPEL DO TÉCNICO DE AÇÃO EDUCATIVA
A criança pequena é reconhecida como sujeito histórico e de direitos que deve ter a sua integridade física,
moral e social preservada, respeitando-se cada fase do seu desenvolvimento.
É reconhecer que toda criança tem direito a um desenvolvimento saudável que deve ser propiciado e
proporcionado pelo adulto na família, na instituição de educação infantil e na sociedade.
Em Cabo Verde, LBSE foi responsável por mudanças importantes na legislação que regulamenta o atendimento
de crianças de 0 a 6 anos, de uma visão assistencialista e higienista, para uma concepção educativa, que
entrelaça o cuidar e o educar.
Mas, para que realmente exista um atendimento de qualidade dentro das instituições de educação infantil, que
as ações realizadas sejam voltadas para o desenvolvimento integral da criança, é necessário que haja
educadores infantis com conhecimentos pedagógicos sobre as diversas fases do desenvolvimento da criança.
Para Pascal e Bertron citados por Sanches (2003):
Entendemos que “profissionais da Educação Infantil” são todos os profissionais que atuam diretamente com a
criança. O professor e/ou o auxiliar (auxiliar de desenvolvimento infantil, professor auxiliar, auxiliar de creche,
auxiliar de recreação,...) estão diariamente junto às crianças desenvolvendo atividades pedagógicas dentro das
creches e centros infantis, e na ausência do professor, o auxiliar assume o trabalho pedagógico sozinho.
Mas, em muitas instituições infantis, acaba ocorrendo à divisão de tarefas, onde o professor se responsabiliza
pela parte pedagógica e o auxiliar (funcionário e/ou estagiário) fica responsável pelos cuidados (alimentação,
higiene e outros) com as crianças.
Esta situação ocorre em decorrência das atribuições dadas a cada profissional e como o próprio nome diz, o
auxiliar auxilia.
Tomando as palavras das autoras acima as instituições de educação infantil devem ter profissionais com
conhecimentos sobre o desenvolvimento infantil, sobre uma Pedagogia da Infância. É perceber a necessidade
eminente de uma Educação Infantil de qualidade, com profissionais qualificados para atender as crianças
pequenas e poder proporcionar a estas crianças um desenvolvimento adequado à infância.
Na trajetória da Educação Infantil brasileira percebemos avanços em alguns aspectos, como: estrutura física dos
espaços das creches e centros infantis, na concepção destes espaços como espaços educativos, numa
pedagogia voltada para a infância, na legislação que traz a garantia do direito a educação para a criança
pequena e na presença do professor (a) na educação das crianças de 0 a 3 anos (creches).
Mas, as instituições infantis continuam a ter em seus quadros, profissionais que não são professores, mas que
estão dentro das salas dos grupos infantis realizando atividades pedagógicas, sem formação para tal.
São admitidos nos sistemas de ensino, sobretudo, a nível municipal, e exercem suas atividades com uma carga
horária maior que a do professor, percebendo baixos salários, além de não participarem de um programa
efetivo de formação continuada.