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A canção no tempo

– 85 anos de
múú sicas brasileiras

Esquema elaborado com base na obra


de Jairo Severiano e Zuza Homem de
Mello
1ª parte – 1901-
1916
INTRODUÇÃO
• Predomínio das mesmas características do final do
século XIX. Mesmos gêneros – valsa, modinha,
cançoneta, chótis, polca – mesmos modos de cantar e
tocar, as mesmas formações instrumentais, a mesma
predileção pelo piano.
• Advento do disco brasileiro (1902).
• Compositores de destaque: Ernesto Nazareth,
Chiquinha Gonzaga e Anacleto de Medeiros.
• Letristas: Hermes Fontes e Catulo da Paixão Cearense.
• Pianistas: Arthur Camilo e Ernesto Nazareth.
• Cantores de destaque eram poucos e cantoras, quase
inexistentes antes da década de 1920.
Destaques 1901-1905
•1901
•“Ó abre-alas” (marcha-rancho), de Chiquinha Gonzaga;
•“O gondoleiro do amor”.
•Com a marcha “Ó abre-alas”, dedicada ao cordão Rosa de Ouro,
Chiquinha Gonzaga se torna pioneira na produção carnavalesca. Foi a
composição preferida dos foliões até pelo menos 1910.
•1902
•“A conquista do ar” (“Santos Dummont”) – marcha, de Eduardo das
Neves. Canção ufanista de louvor ao inventor da aviação. (“A Europa
curvou-se ante o Brasil/ e clamou parabéns em meigo tom/).
•Com base na composição de Neves, o radialista Paulo Roberto
escreveu em 1945, uma letra exaltando Minas Gerais.
•1904
•“Corta-Jaca” (“Gaúcho”), tango, de Chiquinha Gonzaga;
•Foi interpretado pela primeira dama Sra. Nair de Teffé no ano de
1914, fato explorado como escândalo pela oposição.
• “Saudades de Matão” (“Francana”), valsa, de Jorge Galati.
• Grande sucesso da época, a autoria da valsa foi reivindicada por
Pedro Perches de Aguiar, apesar de documentos indicarem a autoria
de Jorge Galati.
• 1905
• “Terna saudade” (“Por um beijo”), valsa de Anacleto de Medeiros e
Catulo da Paixão Cearense.
• Catulo da Paixão Cearense escreveu letras para muitas músicas
instrumentais, sendo parceiro de vários compositores da época.
1906-1910
DESTAQUES
•1906
•“Casinha pequenina”, modinha, de autor desconhecido.
•A modinha é considerada o gênero mais lírico e sentimental de nosso
cancioneiro, onde existe desde o século XVIII.
•O musicólogo Vicente Sales pesquisou a origem de “Casinha pequenina”, e
acredita que seu autor é o paraense Bernardino Belém de Souza.
•1907
•“Choro e poesia” (“Ontem ao luar”), polca, de Pedro de Alcântara e Catulo
da Paixão Cearense.
•Semelhante à canção “Love story”, do filme homônimo, voltou a ser
sucesso em 1970.
•“Iara” (“Rasga o coração”), chótis, de Anacleto de Medeiros e Catulo da
Paixão Cearense.
•Essencialmente instrumental, o chótis perdeu em graça e leveza ao ser
transformado em canção, embora os versos de Catulo tenham-lhe
aumentado a popularidade.
• 1909
• “No bico da chaleira”, polca, de Juca Storoni (João José da Costa Júnior)
• O sucesso da canção foi tão grande que popularizou as expressões
“chaleira” e “chaleirar” como sinônimos de bajulador e bajular. Isso
ocorria porque, dizia-se na época, o pessoal que subia a ladeira da Graça
disputava acirradamente o privilégio de segurar a chaleira que supria de
água quente o chimarrão do chefe José Gomes Pinheiro Machado, líder do
Partido Republicano Conservador.
• 1910
• “Odeon”, tango, Ernesto Nazareth
• Obra-prima do gênero, é uma das muitas peças de Nazareth em que
“melodia, harmonia e ritmo se entrosam de maneira quase espontânea,
com refinamento e expressão”, como afirma o pianista-musicólogo Aloysio
de Alencar Pinto. É dedicado à empresa Zambelli & Cia, dona do cinema
homenageado no título, onde o autor tocou na sala de espera.
• Em 1968, à pedido de Nara Leão, Vinicius de Moraes fez uma letra para
“Odeon”.
1911-1916
DESTAQUES
•1912
•“Flor do mal” (“Saudade eterna”), canção, de Santos Coelho e Domingos
Correia.
•1913
•“Subindo ao céu”, valsa, de Aristides Borges
•1914
•“Luar do sertão”, toada, de Catulo da Paixão Cearense
•Um dos maiores sucessos da música brasileira de todos os tempos, essa toada
permanece na memória dos brasileiros. Temática campestre, com versos
ingênuos e simples melodia.
•Catulo da Paixão Cearense deve ser apenas autor da letra, cabendo à João
Pernambucano ou a um anônimo a autoria da melodia.
•1915
•“Apanhei-te cavaquinho”, polca, Ernesto Nazareth
•É a segunda canção mais gravada de Nazareth, perdendo somente para
“Odeon”.
•“Pierrô e Colombina”, valsa, de Oscar de Almeida
•Antes do advento do samba e da marchinha, qualquer música alegre como a
valsa de Oscar de Almeida, fazia sucesso no carnaval. Como vários personagens
brasileiros do início do século, Almeida trabalhava nos Correios e telégrafos.
• OUTROS SUCESSOS
• 1911
• “Lua branca”, modinha, de Chiquinha Gonzaga.
• 1912
• “Ameno resedá”, polca, de Ernesto Nazareth.
• 1916
• “O meu boi morreu”, toada, de autor desconhecido.
2ª parte: 1917-1928
• INTRODUÇÃO
• Período de formação de novos gêneros musicais e implantação de
inventos tecnológicos com a área do lazer.
• Advento da marchinha e do samba, iniciando o ciclo da canção
carnavalesca.
• O sucesso do samba “Pelo telefone”, chamou a atenção dos
compositores, que passaram a fazer sambas e marchas carnavalescas.
• Compositores de destaque: Sinhô, Zequinha de Abreu, Hekel Tavares,
Pixinguinha (autor de “Rosa”) e Donga (Ernesto dos Santos).
• Letristas: em menor número, destaque apenas para Luís Peixoto e Sinhô.
O preconceito existente em relação à música pode ser o responsável por
essa carência.
• Os Oito Batutas, torna-se conjunto de sucesso fora do Brasil – Argentina
e França – organizado e dirigido por Pixinguinha, que inicia carreira
como arranjador e chefe de orquestra, além de instrumentista.
• Em 1927, aumenta a produção de discos cantados, prenunciando o
culto à voz dos anos trinta.
• Cantores: Francisco Alves e Vicente Celestino, Araci Cortes (que ganha
projeção na década de 1920, influenciando cantoras da década
posterior, como Carmem Miranda e Odete Amaral.
• Além da gravação elétrica do som, chegam ao Brasil o rádio
(1922) e o cinema falado (1929), responsáveis pela
popularização musical.
1917-1920
• DESTAQUES
• 1917
• “Pelo telefone”, samba, Donga e Mauro de Almeida.
• Primeiro samba a ser sucesso, inaugurou o reinado da canção
carnavalesca.
1921-1924
DESTAQUES
•1922
•“Tristezas do jeca”, toada paulista, de Angelino de Oliveira.
1925-1928
• “Abismo de rosas”, valsa, de Américo Jacomino (Canhoto)
• É considerado o hino nacional brasileiro do violão, pelo professor Ronoel
Simões, uma autoridade no assunto.
• “Chuá, chuá”, canção, Pedro de Sá Pereira e Ari Pavão.
• OUTROS SUCESSOS
• 1927
• “Os calças largas” (marcha/carnaval), de Lamartine Babo e Gonçalves de
Oliveira.
• “Malandrinha”, canção, de Freire Júnior.
• 1928
• “Suçuarana”, toada, de Hekel Tavares e Luís Peixoto
• MÚSICAS ESTRANGEIRAS DE SUCESSO NO BRASIL
• 1925
• “Amapola”, de Joseph M. Lacalle.
• “Cielito lindo”, tema popular mexicano.
• 1929
• “Fumando espero”, de J. Villadomat.
• “Tea for two”, de Vincent Youmans e Irving Caesar.
• 1927
• “A media luz”, de Carlos C. Lenzi e Eduardo Donato.
• “Baby face”, de Harry Akst e Benny Danis
• “La cumparsita”, de Gerardo Matos Rodriguez, Pascual Contorsi e
Enrique P. Maroni.
• 1928
• “Caminito”, de Gabino Coria Peñaloza e Juan de Dios Filiberto.
• “Esta noche me emborracho”, de Enrique S. Discepolo.
• “Mano a mano”, de Carlos Gardel, José Razzano e Celedonio E.
Flores.
3ª parte: 1929-1945
• INTRODUÇÃO
• De 1929 a 1945, tem início a chamada Época de Ouro da Música Brasileira.
• A Época de Ouro formou-se devido a três fatores: 1) renovação musical
propiciada pela invenção do samba, da marchinha e outros gêneros; 2) a
chegada do rádio no Brasil e da gravação eletromagnética do cinema
falado; 3) surgimento de considerável número e artistas talentosos.
• Compositores e letristas de destaque: Ari Barroso, Noel Rosa, Lamartine
Babo, João de Barro (Braguinha), Custódio Mesquita, Joubert de Carvalho,
Assis Valente, Ismael Silva, Antônio Nássara, Orestes Barbosa, Moreira da
Silva, Carmem Miranda, Radamés Gnattalli, Olegário Mariano.
• Cantores: Mário Reis.
• Noel Rosa, em apenas sete anos de atividade, deixou 250 composições, das
quais 60% são sambas. Lamartine Babo e João de Barro podem ser
considerados os pais da marchinha.
• O cinema foi importante para consolidar a carreira de Carmem Miranda,
grande sucesso da época.
• Em 1939, “Aquarela de Brasil”, de Ari Barroso, alcança popularidade. Com
tons ufanistas e exagerados, contribuiu para o aparecimento do chamado
samba-exaltação.
• Nos anos 1940, destaque para “Praça onze” (Herivelto e Grande Otelo) e
“Falsa baiana”, de Geraldo Pereira.
• 1929
DESTAQUES
• “Casa de caboclo”, canção, de Hekel Tavares e Luís Peixoto
• Mote desta canção, os versos “Numa casa de caboclo/ um é pouco/ dois
é bom/ três é demais”, consagraram-se como um verdadeiro dito
popular.
• “Gosto que me enrosco”, samba, Sinhô
• Letra de Bastos Tigre
• “Jura”, samba, Sinhô
• É o maior sucesso de Sinhô, representativo de sua última fase do
compositor. Apresenta características mais marcantes de suas
composições, como a repetição de palavras no início do estribilho (jura,
jura...), fraseado musical simples, alegre e original.
• “Linda flor” (“Ai, Ioiô), samba-canção, de Henrique Vogeler, Luís Peixoto
e Marques Porto
• Foi o primeiro samba-canção a fazer sucesso.
• 1930
• DESTAQUES
• “Pra você gostar de mim” (“Taí”), marcha de carnaval, de Joubert de
Carvalho.
• 1931
• DESTAQUES
• “Canção para inglês ver” (foxe humorístico), de Lamartine Babo
• Babo construiu uma letra com rimas absurdas (“I love you” rimando com
“Itapiru”), ao melhor estilo dos foxes americanos. Outras composições
foram feitas sobre o mesmo tema, como “Não tem tradução”, de Noel
Rosa e “Good-bye”, de Assis Valente.
• “Com que roupa”, samba (carnaval), de Noel Rosa
• Foi o primeiro sucesso de Rosa e inspirou anúncios comerciais, charges,
paródias, crônicas, entrevistas e até ajudou a fixar a expressão “Com que
roupa” como dito popular.
• “De papo pro á”, catererê, de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano
• “No rancho fundo”, samba-canção de Ari Barroso e Lamartine Babo
• “Tico-tico no fubá”, choro, de Zequinha de Abreu
• MÚSICAS ESTRANGEIRAS DE SUCESSO NO BRASIL
• “El manicero” (“The peanut vendor”), de Moises Simon.
1932
DESTAQUES

“A.E.I.O.U.”, marcha/carnaval, de Lamartine Babo e Noel


Rosa.
“Coisas nossas”, samba, de Noel Rosa.
“Loura ou morena”, foxe-cançaã o, de Viníúciús de Moraes e
Haroldo Tapajoú s.
“Maringá”, toada, de Joúbert de Carvalho.
“Noite cheia de estrelas”, tango-cançaã o, de Caâ ndido das
Neves.
“Pra me livrar do mal”, samba, de Ismael Silva e Noel Rosa.
“Pierrô”, cançaã o, de Joúbert de Carvalho e Pascoal Carlos
Magno.
“O teu cabelo não nega”, marcha/carnaval, de Irmaã os
Valença e Lamartine Babo.
4ª parte: 1946-1957
INTRODUÇÃO

Períúodo no qúal convivem veteranos da EÉ poca de Oúro com os artistas iniciantes


qúe integraraã o a Bossa Nova. As maiores novidades da eú poca saã o modas de baiaã o
(qúe vigoroú entre 46 e 52) e do samba cançaã o depressivo (conhecido como
samba de fossa, qúe vigoroú entre 52 e 57).

As modas projetaram o cantor, compositor e sanfoneiro Lúiz Gonzaga, bem como


seú parceiro Húmberto Teixeira, aleú m de conferir visibilidade para o compositor,
radialista e jornalista Antoâ nio Maria – aútor de sambas de fossa – e súa
inteú rprete Nora Ney.

Ao mesmo tempo, súrgia úma geraçaã o considerada precúrsora da bossa-nova.


Integravam essa geraçaã o Dick Farney, Lúú cio Alves, Doú ris Monteiro, Síúlvia Teles,
Lúis Claú údio e Agostinho dos Santos, o conjúnto vocal Os Cariocas, os múú sicos
Chiqúinho do Acordeom, Johnny Alf (tambeú m cantor), Lúíús Bonfaú , Moacir Santos,
Joaã o Donato e Paúlo Moúra.
Os compositores/cantores Tito Madi, Dolores Dúran e Billy Blanco, o
arranjador Lindolfo Gaya, aleú m de Antoâ nio Carlos Jobim, Viniciús de Moraes,
Joaã o Gilberto, Newton Mendonça e Carlos Lira.

Provenientes de eú poca anterior, devem ser inclúíúdos tambeú m o maestro


Radameú s Gnattali e os múú sicos Garoto, Valzinho, Laúrindo de Almeida e Vadico
(Osvaldo Gogliano).

Fato marcante do períúodo: declíúnio da múú sica de carnaval, ocasionada pela


aposentadoria oú desinteresse dos grandes compositores da deú cada. Os
veteranos qúe continúavam compondo eram apenas Bragúinha (Joaã o de
Barro), Haroldo Lobo e Wilson Batista.

A qúalidade das cançoã es carnavalescas soú naã o despencoú totalmente pela


atúaçaã o de novos compositores, como Kleciús Caldas, Armando Cavalcaâ nti, Jota
Júú nior e Lúíús Antoâ nio.

Inovações tecnológicas:
Súrgimento da televisaã o (1959), do elepeâ de 33 rotaçoã es (1951), do disco de
45 rotaçoã es (1953) e o aperfeiçoamento do processo de gravaçaã o de som.
• Período de prestígio do rádio brasileiro, ocasionado pelos
programas de auditório, nos quais se apresentavam Cauby
Peixoto, Francisco Carlos e as rivais Marlene e Emilinha Borba.
• COMPOSITORES E LETRISTAS DE DESTAQUE: Adoniran Barbosa,
Fernando Lobo, Zé Kéti e Luís Bandeira; Cantores: Gilberto
Milfont, Jamelão, Blecaute, Jackson do Pandeiro, Eliseth
Cardoso, Ângela Maria, Maysa e os conjuntos vocais Demônios
da Garoa, Trio Irakitan e Trio Nagô; Instrumentistas: Altamiro
Carrilho (flauta), Severino Araújo (clarinete), Sivuca (Severino
Dias de Oliveira) e Orlando Silveira (acordeom), Cipó (Orlando
Costa), Zé Bodega (José Araújo) e Moacir Silva (Sax-tenor),
Valdir Azevedo (cavaquinho), entre outros; Compositores:
provenientes da Época de Ouro: Dorival Caymmi, Ataulfo
Alves, Wilson Batista, Geraldo Pereira, Herivelto Martins, João
de Barro e Lupicínio Rodrigues;
• Cantores: Nelson Rodrigues, Gilberto Alves, Roberto Paiva e
Dalva de Oliveira, bem como os instrumentistas Jacó do
Bandolim, Abel Ferreira, Nicolino Copia, entre outros.
• No fim da década de 1950, o público já saturado de boleros e
sambas amargos estava pronto a receber a bossa-nova, a
jovem guarda e os festivais de canções.
A canção no tempo: 85 anos de
múú sicas brasileiras
Vol. 2
Apresentaçaã o
• A canção no tempo: 85 anos de músicas brasileiras (vol. 2:
1958-1985) relaciona, classifica e analisa as canções que o
povo brasileiro consagrou através dos anos, de 1958 a 1985,
oferecendo uma abrangente visão musical dessa época.
• Dividido em duas partes, cada uma correspondendo a uma
determinada fase histórica, o livro apresenta 28 capítulos
assim distribuídos: 1° parte: 1958 a 1972 – 15 capítulos; 2°
parte: 1973 a 1985 – 13 capítulos. Considerando-se as quatro
fases estudadas no volume 1, essas partes correspondem,
respectivamente, à quinta e à sexta fase de nossa música
popular no século vinte.
• A estrutura dos capítulos é dividida em cinco segmentos. No
primeiro são apresentadas e comentadas as composições de
maior destaque. Seguem-se as relações de outros sucessos, de
gravações representativas, de músicas estrangeiras de sucesso
no Brasil e, por fim, uma cronologia geral.
• Outra resolução adotada foi a de restringir a escolha aos
sucessos de âmbito nacional, ignorando-se os exclusivamente
regionais.
• Para a localização das composições no tempo foram
considerados os anos em que fizeram sucesso, os quais nem
sempre correspondem aos anos em que foram compostas ou
gravadas pela primeira vez.
• Os trabalhos de pesquisa e redação deste Volume 2 puderam
estender-se até setembro de 1998, tendo sido ouvidos
depoimentos de dezenas de personagens que participaram da
história.
1° parte: 1958 a 1972
Introdúçaã o
• A segunda grande fase da música popular brasileira começa
com o surgimento da bossa nova, em 1958, e se estende ao
final da era dos festivais, em 1972, passando pelo tropicalismo
e outras tendências. É uma fase de renovação e modernização,
que introduz novos estilos de composição, harmonização e
interpretação, determinando uma apreciável mudança na
linha evolutiva de nossa canção.
• A fase de maior evidência da bossa nova esgota-se nos últimos
meses de 1962, quando acontecem o espetáculo “Encontro”, o
único a reunir num palco o trio Jobim-Vinicius-Gilberto, e o
legendário show do Carnegie Hall, em Nova York.
• Na ocasião, porém, a bossa nova já havia aberto as portas do
sucesso à segunda leva de artistas do período que, entrando
em cena a partir de 1964, quase ao mesmo tempo que os
festivais da televisão, pode ser chamada de turma dos
festivais. Igualmente talentosos, os componentes desta turma
são adeptos fervorosos dos princípios bossanovistas,
idolatram os seus criadores e realizam à sua maneira uma
continuação do movimento.
• Sobressaem-se no grupo compositores como Chico Buarque,
Edu Lobo, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, as
cantoras Elis Regina, Maria Bethânia, Nana Caymmi, Gal Costa
e um grande número de letristas e músicos-compositores.
• Durante oito anos, esses artistas praticamente monopolizaram
as principais colocações nos festivais da televisão que, além de
lhes proporcionar a oportunidade de se tornarem conhecidos
no momento em que se iniciavam profissionalmente, foram de
inestimável ajuda para a consolidação de suas carreiras.
• Em 1967/68, componentes da ala baiana dessa geração –
Caetano, Gil, Tom Zé, Capinan, mais o piauiense Torquato
Neto, liderados pelos dois primeiros – lançaram a tropicália,
ou tropicalismo, um movimento poético-musical de vanguarda
que, mesmo sendo de duração efêmera, causou grande
agitação cultural e exerceu influência na obra de vários
compositores, alguns até surgidos anos depois como Arrigo
Barnabé e Eduardo Dusek. Em que pese a importância da
bossa nova e do tropicalismo, foram os citados festivais que
ficaram na memória do povo como a marca mais forte do
período.
• Ao mesmo tempo em que esses fatos revolucionavam a MPB,
aconteceu na área da música pop o crescimento do rock,
numa forma aqui denominada de iê-iê-iê, o que originaria o
fenômeno Jovem Guarda.
• O prestígio do iê-iê-iê atingiu o auge no triênio 1965/67. Estes
anos corresponderiam à duração de um programa de televisão
– comandado pelo cantor-compositor Roberto Carlos,
coadjuvado pelo parceiro Erasmo Carlos e a cantora
Wanderléa – que daria nome ao movimento e seria o seu
principal divulgador.
• Sustentada pelo entusiasmo de milhares de admiradores,
adolescentes na maioria, que fizeram de Roberto Carlos o seu
ídolo, a Jovem Guarda consagrou um numeroso grupo de
artistas, cujas carreiras não resistiram ao declínio do iê-iê-iê.
• O período 1958/1972 assistiu ainda ao final da canção
carnavalesca tradicional.
• A marchinha e o samba de carnaval praticamente
desapareceram durante os anos sessenta, substituídos pelo
samba-enredo das escolas de samba.
• No setor da tecnologia foi completada a implantação do
sistema estereofônico de gravação e reprodução do som, ao
mesmo tempo em que se difundia o uso dos gravadores
caseiros de fita magnética, preferencialmente o cassete, então
recém-inventado, e se aposentava para sempre o disco de 78
rotações.
• Em 1972, com o final do grande ciclo de festivais musicais da
televisão, pode-se considerar encerrada esta fase de nossa
música popular, a mais importante do século vinte, ao lado da
chamada Época de Ouro (de 1929 a 1945).
• Foi com a obra da geração consagrada nos anos sessenta que
a música popular brasileira conquistou a admiração e o
respeito de todo o mundo por sua criatividade e acabamento
profissional.
I. 1958
• DESTAQUES
• “Balada Triste” (samba-canção), Dalton Vogeler e Esdras Silva
• “Cabecinha no Ombro” (rasqueado), Paulo Borges: apenas um
verso pitoresco (“Encosta a tua cabecinha no meu ombro e
chora”), cantado sobre uma melodia simples, de fácil
memorização, pode às vezes despertar a atenção e a simpatia
do público.
• “Castigo” (samba-canção), Dolores Duran: a obra de Dolores
Duran a credencia como uma das maiores letristas da música
brasileira.
• “Chega de Saudade” (samba), Antônio Carlos Jobim e Vinicius
de Moraes: embora considerada o marco zero da bossa nova,
“Chega de Saudade” não é na opinião de Tom Jobim uma
composição bossa nova. Aliás, a inovação já está presente na
gravação de Elizeth Cardoso, a primeira de “Chega de
Saudade”, feita para o elepê Canção do amor demais, que tem
a participação de João Gilberto como violinista.
• No dia 10.7.58, seis meses depois da gravação da Elizeth,
aconteceu a do João, naturalmente repetindo a mesma batida
de violão e apresentando o seu estilo bossa nova de cantar.
Este disco histórico, que traz na outra face o baiãozinho “Bim-
Bom” (classificado no selo como samba) provocaria a
pitoresca e mal-humorada reação de Álvaro Ramos, gerente
das Lojas Assunção, quebrando o disco, indignado com o que
o Rio lhe mandava.
• “Fanzoca de Rádio” (marcha-carnaval), Miguel Gustavo:
lançada pelo palhaço/cantor Carequinha (George Gomes),
astro de um programa infantil da televisão, “Fanzoca de Rádio”
foi a marcha mais popular de 1958.
• “Madureira Chorou” (samba-carnaval), Carvalhinho e Júlio
Monteiro
• OUTROS SUCESSOS
• “Atiraste Uma Pedra” (samba-canção), Herivelto Martins e
David Nasser
• “Eu Chorarei Amanhã” (samba-carnaval), Raul Sampaio e Ivo
Santos
• “Meu Mundo Caiu” (samba-canção), Maysa
• “A Taça do Mundo É Nossa” (marcha), Wagner Maugeri,
Maugeri Sobrinho, Vitor Dagô e Lauro Müller
• GRAVAÇÕES REPRESENTATIVAS
• João Gilberto – Odeon, 14360, “Chega de Saudade”
• MÚSICAS ESTRANGEIRAS DE SUCESSO NO BRASIL
• “Cachito” (Consuelo Velasquez)
• “Diana” (Paul Anka)
• “Nel Blu Dipinto di Blu (Volare)” (Domenico Modugno e F.
Migliacci)
• “Patricia” (Perez Prado)
• CRONOLOGIA
• 10.03: Suicida-se no Rio de Janeiro (RJ) o compositor Assis
Valente.
• 04.04: Nasce no Rio de Janeiro (RJ) o compositor/cantor
Cazuza (Agenor de Miranda Araújo Neto).
• 29.06: O Brasil ganha em Estocolmo (Suécia) o VI Campeonato
Mundial de futebol, derrotando na final a Suécia por 5 a 2.
• 12: O romance Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado, bate
recordes de vendagem, tornando-se o livro brasileiro mais
vendido no ano.
II. 1959
• DESTAQUES
• “Chiclete com Banana” (samba), Gordurinha e Almira
Castilho: gravado por Jackson do Pandeiro em 1959, a
composição propõe uma divertida troca de influências entre
as músicas brasileira e americana. Além de inspirar um
espetáculo de Augusto Boal, “Chiclete com Banana” deu nome
a uma bem-sucedida banda baiana e às tiras de quadrinhos do
cartunista Angeli. Em 1972, voltou a fazer sucesso ao ser
incluída por Gilberto Gil no disco que marcou o seu retorno do
exílio londrino.
• “Desafinado” (samba), Antônio Carlos Jobim e Newton
Mendonça: soando como a coisa mias estranha que aparecera
até então na música brasileira, a primeira gravação de
“Desafinado” (Odeon, 14426-b), lançada em fevereiro de 59,
já mostrava tudo o que a bossa nova oferecia de inovador e
revolucionário: o canto intimista, a letra sintética, despojada, o
emprego de acordes alterados e, sobretudo, um
extraordinário jogo rítmico entre o violão, a bateria e a voz do
cantor. Responsável por este jogo rítmico, seu intérprete, João
Gilberto, assumia assim de imediato um papel destacado no
trio – completado pelo compositor Tom Jobim e o poeta
Vinicius de Moraes – que, criando a bossa nova, alteraria de
forma irreversível o curso de nossa música popular.
• Os autores criaram a impressão de que o cantor semitonava,
ou seja, desafinava, o que levou muita gente a achar João
Gilberto um cantor desafinado. Ao mesmo tempo, a batida
deslocada do violão e o contratempo da percussão
confundiram os músicos, provocando estupefação geral. Tanta
novidade apresentada numa única composição a levaria
inevitavelmente ao sucesso, que se estenderia ao exterior. Nos
Estados Unidos, por exemplo, o single de “Desafinado”, com
Stan Getz e Charlie Byrd, gravado em 1962, ultrapassou a
marca de um milhão de cópias e recebeu o prêmio Grammy de
melhor performance de jazz. Esta gravação é considerada o
marco inicial da bossa nova nos Estados Unidos.
• “Dindi” (samba-canção), Antônio Carlos Jobim e Aloísio de
Oliveira: Sílvia Teles, a própria “Dindi” da canção cuja letra é
assinada por seu futuro marido, Aloísio de Oliveira, foi a
lançadora, responsável pelo sucesso inicial da canção.
Fervorosa, envolvente, ela não seria igualada nem pela mesma
Silvinha nas três vezes em que a regravou: nos elepês Amor
em hi-fi (1960), Reencontro, com o Tamba Trio (1966) e,
finalmente, um mês antes de sua morte num acidente
automobilístico, no disco gravado ao vivo, em Berlim, com o
acompanhamento da violinista Rosinha de Valença.
• “Eu Sei que Vou te Amar” (samba-canção), Antônio Carlos
Jobim e Vinicius de Moraes: a melhor das 24 versões, lançadas
só no ano de 1959, seria a de Elza Laranjeira. “Eu Sei que Vou
te Amar” é uma composição standard em duas partes, nas
quais os oito primeiros compassos têm melodia idêntica,
encaminhada, porém, por meio de uma sutil alteração
harmônica, a diferentes arremates. Entretanto, o ponto alto da
canção é a letra: “Eu sei que vou te amar/ por toda a minha
vida eu vou te amar/ em cada despedida eu vou te amar/
desesperadamente, eu sei que vou te amar.” Seu romantismo
exacerbado remete a alguns sonetos de Vinicius, que
embalaram declarações de amor de toda uma geração. Por
tudo isso, pode-se concluir que “Eu Sei que Vou te Amar” é
mais uma canção de Vinicius do que de Tom Jobim, sem
demérito para o maestro.
• “A Felicidade” (samba), Antônio Carlos Jobim e Vinicius de
Moraes: estimulada pela expectativa de sucesso do filme –
que afinal aconteceu, com a premiação da Palma de Ouro em
Cannes e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em Hollywood
-, nossa indústria do disco lançou em 1959 nada menos do
que 25 gravações de “A Felicidade” (uma a mais do que “Eu Sei
que Vou te Amar”). Detalhe pitoresco é que “A Felicidade” foi
praticamente composta numa sucessão de telefonemas, com
Jobim no Rio de Janeiro e Vinicius em Montevidéu, onde
servia na embaixada brasileira.
• “Lobo Bobo” (samba), Carlos Lira e Ronaldo Boscoli.
• “Manhã de Carnaval” (samba), Luís Bonfá e Antônio Maria:
Sacha Gordine resolveu filmar a peça “Orfeu da Conceição”
(filme que se chamaria “Orfeu do Carnaval”). “A Felicidade” e
“Manhã de Carnaval” se tornaram clássicos do repertório
internacional.
• “A Noite do Meu Bem” (samba-canção), Dolores Duran: uma
obra-prima do repertório romântico, é o maior sucesso de
Dolores Duran. “A Noite do Meu Bem” foi lançada em
setembro de 1959 por Dolores, que não teve a oportunidade
de conhecer-lhe o sucesso, pois morreu no mês seguinte.
• OUTROS SUCESSOS
• “Brigas Nunca Mais” (samba), Antônio Carlos Jobim e Vinicius
de Moraes
• “Deusa do Asfalto” (samba-canção), Adelino Moreira
• “Ela Disse-me Assim” (samba-canção), Lupicínio Rodrigues
• “Este Seu Olhar” (samba), Antônio Carlos Jobim
• “Maria Ninguém” (samba), Carlos Lira
• “Quero Beijar-te as Mãos” (guarânia), Arsênio de Carvalho e
Lourival Faissal
• MÚSICAS ESTRANGEIRAS DE SUCESSO NO BRASIL
• “La Barca”, Roberto Cantoral
• “Come Prima”, Panzeri, Taccani e Di Paola
• “Hymme a l’Amour”, Edith Piaf e Marguerite Monnot
• “Oh! Carol”, Neil Sedaka e Howard Greenfield
• “Stupid Cupid (Estúpido Cupido)”, Neil Sedaka e Howard
Greenfield
• CRONOLOGIA
• 04.02: É lançado pela Odeon o elepê Chega de saudade, o
primeiro da bossa-nova.
• 09: Roberto Carlos grava seu primeiro disco.
III. 1960
• DESTAQUES
• “Coração de Luto” (toada-milonga), Teixeirinha.
• “Samba de uma Nota Só” (samba), Antônio Carlos Jobim e
Newton Mendonça: mostrando afinidades com a poesia
concreta, é o exemplo da mais perfeita integração
texto/melodia que se conhece na música popular brasileira. É
a mais bossa nova de todas as composições que constituíram
o movimento.
• “Serenata Suburbana” (guarânia), Capiba.
• “Zelão” (samba), Sérgio Ricardo: maior sucesso de Sérgio
Ricardo e uma obra-prima da canção de protesto, marca o
momento em que ele rompe com o lirismo bossanovista e
passa a se dedicar a uma pesquisa popular, que dá à sua obra
nova perspectiva, inteiramente voltada para os temas sociais.
• OUTROS SUCESSOS
• “Me Dá um Dinheiro Aí” (marcha/carnaval), Homero Ferreira,
Glauco Ferreira e Ivan Ferreira

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