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ANÁLISE COMPARATIVA DE DUAS TEORIAS

EXPLICATIVAS DO CONHECIMENTO
DESCARTES, A RESPOSTA RACIONALISTA 
O projeto de fundamentação rigorosa do saber

Descartes, é um filósofo francês nascido a 31 de Março de 1596 na


cidade francesa de La Haye, que pretendeu efetuar uma reforma
profunda no conhecimento humano.

A atitude de Descartes perante o saber do seu tempo pode


caracterizar-se segundo dois vectores:
1. O conjunto dos conhecimentos, que constituem o sistema do
saber ou o edifício científico tradicional, está assente em bases
frágeis.

2. Esse edifício científico é constituído por conhecimentos que


não estão na sua devida ordem.
Discurso do Método
(Quarta Parte)
René Descartes

Texto e Guião de leitura


1. Natureza dos fundamentos ou crenças básicas do saber /
conhecimento

– Metafísica

– etimologicamente significa o que está para além da


física, da natureza.

• Objeto:
•Alma
•Deus
•Mundo
al
or
M
M
ec
ân i cin a
ica d
Me
Física

METAFÍSICA
2. Comparação do procedimento do sujeito a nível da ação
moral com o conhecimento da verdade.
Procura da verdade Ação Moral

- Necessidade de rejeitar como falso - Possibilidade de seguir opiniões


tudo aquilo em que se possa imaginar a incertas - no que respeita às
menor dúvida. questões práticas da vida.
- «no tocante aos costumes»,
- “[…] afastando-me de tudo aquilo em Descartes defende ser necessário
que pudesse imaginar a menor dúvida, aceitar como certo o que é
do mesmo modo como o faria em duvidoso, pois a dúvida apenas
relação a algo que soubesse ser conduziria à indecisão.
absolutamente falso; e continuarei
sempre neste caminho até ter
encontrado algo de certo […]”
René Descartes, Meditações Metafísicas (Meditação Segunda), p.
21
PROCURA DA VERDADE
• Descartes procura pôr de lado todas as opiniões que até então
aceitara como válidas.

• Põe em dúvida não só as opiniões que de imediato lhe parecem


ser falsas, mas todas aquelas que não lhe ofereçam a garantia
total de certeza.

• Trata-se de começar tudo de novo, do princípio.


– Esse princípio tem de ser um conhecimento que resista a
todas a tentativas de o pôr em causa.

– Se o conseguirmos encontrar, teremos o alicerce ou a base


que será o fundamento do sistema do saber que
pretendemos firme, seguro e bem organizado.
PROCURA DA VERDADE

• Para rejeitar essas opiniões basta-lhe encontrar em qualquer


delas o mais pequeno motivo de dúvida.

• Não é necessário examinar particularmente cada uma delas,


uma vez que ruindo os princípios centrais do conhecimento, se
estes se revelarem falsos, todas as crenças baseadas neles serão
falsas, por isso também ruirão.

• O processo da dúvida não é, contudo, aplicável ao domínio da


prática moral.
PROCURA DA VERDADE
Descartes sempre se preocupou
em dirigir bem o seu espírito na
EVIDÊNCIA

REGRAS DO MÉTODO
procura da verdade. Para isso,
inventou um método constituído
por quatro regras simples. ANÁLISE
Com as quatro regras do
método Descartes julga ser
possível o alcance de SÍNTESE
conhecimentos seguros, seja
qual for o domínio do real a que ENUMERAÇÃO
respeitem.

O método cartesiano inspira-se no rigor inerente ao procedimento


matemático, em que as demonstrações matemáticas são
construções puramente mentais indubitáveis.
Para que o homem adquira este método, Descartes preconiza a
resolução de problemas matemáticos como forma de exercitar a
razão a pensar bem.
REGRAS DO MÉTODO
René Descartes, Discurso do Método, (Segunda Parte), p. 25

1ª regra - EVIDÊNCIA

“não tomar nenhuma coisa por verdadeira sem que a conheça


evidentemente como tal, quer dizer: em evitar cuidadosamente a
precipitação e a prevenção, e não integrar nada mais nos meus
juízos do que aquilo que se apresenta tão nítida e distintamente
ao meu espírito, que não tenha ensejo de duvidar dele.”

• a precipitação (conhecimentos apressadamente formulados


acerca de qualquer assunto antes de ter atingido a evidência);

• a prevenção (conhecimentos dados como certos desde a


infância, preconcebidamente).
REGRAS DO MÉTODO
René Descartes, Discurso do Método, (Segunda Parte), p. 25

2ª regra - ANÁLISE
“dividir cada uma das dificuldades a examinar em tantas parcelas quantas
as necessárias, e requeridas para melhor as resolver.”

3ª regra – SÍNTESE
“conduzir os meus pensamentos por ordem, começando pelos objetos mais
simples e mais adequados ao conhecimento, para me elevar pouco a pouco,
como por degraus, até ao conhecimento dos mais complexos, e supondo
mesmo uma ordem entre aqueles que não se precedem, naturalmente, uns
aos outros.”

4ª regra - ENUMERAÇÃO
“proceder sempre a enumerações tão completas e a revisões tão gerais,
que pudesse estar certo de nada ter omitido.”
3. Razões que justificam a decisão de Descartes de rejeitar
«como absolutamente falso tudo aquilo em que pudesse
imaginar a menor dúvida»:

• Justifica-se rejeitar completamente o que ofereça a menor dúvida:


– Descartes pretende agora descobrir verdades que sirvam de
fundamento ao edifício do conhecimento;

– Para poderem fundar o conhecimento, essas verdades, ou


primeiros princípios ou fundamentos, têm de ser indubitáveis
(absolutamente certas).

– O fundamento do sistema do saber tem de ser firme, seguro e


bem organizado.
4. Função da dúvida no pensamento cartesiano

• Permitir encontrar algo que seja absolutamente indubitável.

Esse princípio deve possuir, em suma, as seguintes características:


Deve ser de tal modo evidente que o pensamento não possa dele
duvidar.

Dele dependerá o conhecimento do resto, de modo que nada pode


ser conhecido sem, mas não reciprocamente.
5. Níveis de aplicação da dúvida

DESCARTES DUVIDA:

das informações
da crença na
dos sentidos sobre
existência das das proposições da
as qualidades ou
realidades físicas matemática.
propriedades dos
ou sensíveis.
objetos.
5. Níveis de aplicação da dúvida

Descartes vai avaliar a firmeza ou a solidez das bases em que


assentam os conhecimentos que lhe foram transmitidos.
Essas bases são:

1. A crença de que a experiência é a fonte dos nossos


conhecimentos, isto é, de que o conhecimento começa com a
experiência sendo os dignos de confiança.
2. A crença de que existe um mundo físico que, por isso mesmo,
constitui objeto de conhecimento.
3. A crença de que o nosso entendimento não se engana quando
descobre conhecimentos verdadeiros.
6. Razões que levaram Descartes a rejeitar as crenças baseadas
nos nossos sentidos.

• Argumento das ilusões dos sentidos (ilusões percetivas e


alucinações):

– Para decidirmos quais as crenças que podemos aceitar como


verdadeiras, temos de rejeitar como falso tudo o que não seja
indubitável.
– Se os nossos sentidos nos enganam algumas vezes, não é
inconcebível que nos enganem sempre.
– Verificamos que os nossos sentidos nos enganam algumas
vezes.
– Logo, as crenças baseadas nos sentidos devem ser todas
rejeitadas.

Os sentidos não são fonte segura de conhecimento


7. Argumento do sonho
Descartes poderia estar a sonhar quando pensava estar acordado.
As nossas perceções podem levar-nos a crer em falsidades.
Logo, não é possível distinguir o sonho da vigília.

Quantas vezes me acontece que, durante o repouso noturno, me deixo


persuadir de coisas tão habituais como que estou aqui, com o roupão vestido,
sentado à lareira, quando, todavia, estou estendido na cama e despido! Mas,
agora, observo este papel seguramente com os olhos abertos, esta cabeça que
movo não está a dormir, voluntária e conscientemente estendo esta mão e
sinto-a: o que acontece quando se dorme não parece tão distinto. Como se
não me recordasse já de ter sido enganado por pensamentos semelhantes!
R. Descartes, Meditações sobre a Filosofia Primeira, Coimbra, Livraria Almedina, 1985, p. 108.

Como distinguir o sonho da realidade? - ausência de critério para


distinguir os objetos reais daqueles que nos sonhos se
Háapresentam
razão para com
acreditar que toda
o mesmo e qualquer
grau de realidade física é
vivacidade.
uma ilusão
8. Razões para duvidar dos raciocínios matemáticos
– duvida das proposições da matemática:
“Duvidaremos também de todas as outras coisas que outrora nos pareceram
certíssimas, mesmo das demonstrações matemáticas e dos seus princípios, embora
por si mesmos bastante manifestos, porque há homens que se enganaram sobre
essas matérias, mas principalmente porque ouvimos dizer que Deus, que nos criou,
pode fazer tudo o que lhe agrada, e não sabemos ainda se ele nos quis fazer de tal
maneira que sejamos sempre enganados, até sobre as coisas que pensamos
conhecer melhor. Pois, uma vez que permitiu que algumas vezes nos tivéssemos
enganado, como já foi assinalado, por que não poderia permitir que nos
enganássemos sempre?”
René Descartes, Princípios da Filosofia, § 5

Por vezes cometemos paralogismos (é um erro involuntário ou


“Vou supor, por consequência, não o Deus sumamente bom, fonte da verdade, mas
umde boa-fé,
certo géniodevido
malignoàao
fraqueza do nosso
mesmo tempo entendimento).
extremamente poderoso e astuto, que
pusesse toda a sua indústria em me enganar.”
René Descartes, Meditações Sobre a Filosofia Primeira

O argumento de Descartes para duvidar dos seus raciocínios


matemáticos mais evidentes é o do génio maligno como experiência
mental.
8. Razões para duvidar dos raciocínios matemáticos

– O argumento do génio maligno levanta a hipótese de uma


entidade externa controlar a nossa mente, fazendo-nos
acreditar, por exemplo, que 2 + 2 = 4.
– Coloca a hipótese de um génio maligno que se
ocupe a fazer-nos acreditar em falsas evidências
(Descartes chama-lhe ‘génio’ porque o seu poder é
idêntico ao de um deus, mas não é um deus porque
revela maldade ao querer enganar-nos).

Há razão para acreditar que o nosso entendimento confunde o


verdadeiro com o falso
9. Primeiro Princípio da Filosofia
• Cogito ergo sum = Penso, logo existo.

“Serei eu tão dependente do corpo e dos sentidos que não possa existir sem eles?
Mas eu persuadi-me de que não havia nada no mundo, que não havia nenhum
céu, nenhuma terra, nenhuns espíritos, nem nenhuns corpos; não me terei por
isso persuadido de que também eu não existia? De modo algum! Se fui capaz de
pensar e de me persuadir de alguma coisa, existia com certeza. Mas há um
enganador, não sei qual, muito poderoso e muito astuto, que emprega todo o seu
engenho em me enganar. Não há dúvida de que eu existo, se ele me engana; e
que me engane quanto queira, nunca conseguirá que eu seja nada, enquanto eu
pensar que sou alguma coisa. De modo que, após ter pensado muito nisto e
cuidadosamente examinado todas as coisas, deve finalmente concluir-se e
reconhecer como constante que esta proposição – Eu sou, eu existo – é
necessariamente verdadeira, sempre que a pronuncio ou a concebo no meu
espírito.”
René Descartes, Meditações Metafísicas (Meditação Segunda), pp.22-23
9. Primeiro Princípio da Filosofia
• A descoberta de uma verdade absolutamente indubitável

Duvidar é um ato que tem de ser exercido por alguém.

Para duvidar, seja do que for e mesmo que seja de tudo, é


necessário que exista o sujeito que dúvida

A dúvida é um ato do pensamento que só é possível se existir um


sujeito que a realiza.

Logo, a existência do sujeito que duvida é uma verdade


indubitável.
Descartes submete todas as
suas crenças a uma dúvida
metódica, para determinar
se alguma é indubitável

É impossível duvidar de
que existimos (como seres
A irrefutabilidade do
pensantes) enquanto
cogito:
estamos a pensar, pois isso
não seria coerente

Há uma crença que resiste


à dúvida: o cogito.
10. Características do Cogito
• Firme e certo – é uma crença que resiste a todas as dúvidas, mesmo às mais
radicais - é indubitável .

• É de tal modo evidente que o pensamento não pode dele duvidar – é


impossível duvidar de que existimos (como seres pensantes) enquanto
estamos a pensar, pois isso não seria coerente.

•  Ser ou substância pensante (uma substância é o que subsiste em si) - é


justificado pelo próprio ato de duvidar - ao duvidar, estamos a pensar e, se
pensamos, somos necessariamente alguma coisa (somos, pelo menos,
alguma coisa que pensa).

• Fundamento do saber, pois dele dependerá o conhecimento do resto, de


modo que nada pode ser conhecido sem ele, mas não reciprocamente.

• É uma INTUIÇÃO RACIONAL.


OPERAÇÕES DA RAZÃO
“Por intuição entendo (...) uma representação que é o ato da inteligência pura
e atenta, representação tão fácil e distinta que não subsiste nenhuma dúvida
acerca do que nela compreendemos; ou então, uma representação inacessível
à dúvida (…) que nasce só da luz da razão, e que, porque é mais simples, é
ainda mais certa que a dedução (…). Deste modo, cada um pode ver por
intuição que existe, que pensa, que o triângulo é delimitado apenas por três
linhas, que a esfera é apenas limitada por uma superfície, e outras coisas
semelhantes, que são mais numerosas do que se apercebe a maior parte das
pessoas, porque não aplicam o seu espírito a coisas tão fáceis (…).”
René Descartes, Regras para a Direção do Espírito (Terceira Parte)

• A intuição é a fonte primordial de todo o conhecimento:


– é através dela que se atinge a simplicidade e a clareza dos
primeiros princípios.
 
• A intuição é uma atividade puramente racional pela qual o homem
tem acesso ao conhecimento primeiro e isento de qualquer dúvida.
• Dedução OPERAÇÕES DA RAZÃO
“Podemos perguntar-nos por que motivo propusemos, para lá da intuição, um
outro modo de conhecimento que consiste na dedução, operação pela qual
entendemos tudo o que conclui necessariamente de outras coisas conhecidas
com certeza.
Foi preciso proceder assim, porque muitas coisas são conhecidas com certeza,
ainda que não sejam evidentes, pela razão exclusiva de serem deduzidas a partir
de princípios verdadeiros, conhecidos por um movimento contínuo e sem
nenhuma interrupção do pensamento, o qual tem uma intuição clara de cada
coisa em particular. Não é de outro modo que conhecemos o laço que une o
primeiro ao último anel de uma longa cadeia, muito embora uma única e
mesma olhadela seja incapaz de nos fazer captar intuitivamente todos os anéis
intermediários que constituem esse laço. É preciso que os tenhamos percorrido
sucessivamente e que guardemos as recordações de que cada um deles, do
primeiro ao último, adere aos que lhe estão mais próximos (…).
Distinguimos (…) a intuição da dedução certa na medida em que nesta se
concebe um movimento ou uma determinada sucessão, enquanto naquela não
acontece o mesmo (…).”
René Descartes, Regras para a Direcção do Espírito (Terceira Parte)
OPERAÇÕES DA RAZÃO
• As operações da razão – intuição e dedução – são as únicas vias
intelectuais para obter conhecimentos certos.

• O método garante o bom uso das operações da razão ao


fornecer as regras a que o pensamento se deve sujeitar para vir a
atingir conhecimentos indubitáveis.
Capta a simplicidade
Intuição Regra da evidência do que é claro e
distinto

Regras da análise, da
Dedução síntese e da Resolve problemas
enumeração complexos
Problema da origem do conhecimento:
consiste em determinar se o conhecimento provém
fundamentalmente dos sentidos (é a posteriori) ou antes da razão
(é a priori)

O conhecimento é obtido recorrendo exclusivamente ao


pensamento, isto é, a priori
o
conheciment o conhecimento matemático, pela certeza que
o da nossa oferece é o modelo de conhecimento
existência (o
cogito)

os sentidos e a experiência não podem ser a


fonte de todo o conhecimento, porque os
sentidos são enganadores
11. Razões pelas quais os céticos falham na demonstração da
impossibilidade do conhecimento.

A → B.
SILOGISMO HIPOTÉTICO
Permite deduzir um enunciado condicional a B. → C.
partir de dois outros enunciados condicionais . . A → C.
usados como premissas.

Se duvido, então penso.


Se penso, então existo.
Logo, se duvido,
duvido penso.
então existo.

Demonstra-se, assim, que o conhecimento é possível, pelo que os


céticos falham na demonstração da impossibilidade do
conhecimento.
Problema possibilidade do
conhecimento: O conhecimento
Será que é possível conhecer é possível
algo?

O céticos falham na demonstração da


impossibilidade do conhecimento.

Quando
duvidamos, É indubitável
O conhecimento
Há um estamos a que somos
da verdade
conhecimento pensar e, se alguma coisa, e
“penso, logo
que resiste a pensamos, este é um
existo”, é
todas as somos conhecimento
justificado pelo
dúvidas, mesmo necessariamente que nenhum
próprio ato de
às mais radicais alguma coisa cético consegue
duvidar
(somos, pelo abalar
menos, alguma
coisa que pensa)
12. Características da dúvida cartesiana

• Hiperbólica ou excessiva - duvidar consiste em rejeitar como


absolutamente falso o que for minimamente duvidoso e como sempre
enganador aquilo que alguma vez nos enganar (neste processo chega-
se a atingir a crença natural na existência da realidade exterior).

• Radical - Nada foge à dúvida; tudo pode ser posto em dúvida.

• Voluntária - duvidar é uma decisão intelectual, é um ato de vontade


livre.

• Provisória - duvidar tem por finalidade alcançar uma verdade que


resista à dúvida – cogito (atingindo a verdade a dúvida desaparece,
cessando a regressão infinita dos céticos).
12. Características da dúvida cartesiana

• Metódica - é o método proposto por Descartes para procurar o


conhecimento tão seguro de que nem os céticos possam duvidar. A
ideia é duvidar de tudo o que seja possível duvidar até encontrar algo
de que não possamos duvidar; é um instrumento do conhecimento.

• Construtiva - ambiciona construir um saber rigoroso e atingir


verdades filosóficas fundamentais (crenças básicas). Distingue-se dos
céticos pois para estes não é possível atingir o conhecimento
verdadeiro.

• Metafísica - põe em dúvida a existência de dois dos três objetos da


metafísica: Deus e o mundo, e dá novas bases à prova da
imortalidade da alma e da sua relação com o corpo.
13. O dualismo alma / corpo
• Ao mesmo tempo que descobre a sua existência como sujeito
pensante, descobre que a alma é distinta do corpo – dedução
a partir do cogito
• A alma é mais fácil de conhecer do que o corpo.

• Sem corpo a alma seria o que é.

• Descartes estabelece RES COGITANS


(= substância pensante)
uma separação radical
entre a alma
(= espírito) e o corpo: RES EXTENSA
(= substância extensa ou
material).
14. Critério de verdade

• A evidência como clareza e distinção das ideias

• A clareza e distinção é o critério que nos permite identificar


as crenças verdadeiras, ao distinguir as ideias verdadeiras
das ideias falsas.
Agora, vou considerar com mais exatidão se não encontrarei em mim outros
conhecimentos de que porventura não me tenha apercebido. Estou certo de que sou uma
coisa que pensa. Mas não saberei também o que se requer para que eu tenha a certeza de
alguma coisa? Neste primeiro conhecimento [sou uma coisa que pensa] nada mais se
encontra além de uma perceção clara e distinta daquilo que conheço; a qual seguramente
não seria suficiente para me dar a certeza da verdade dessa coisa, se pudesse alguma vez
revelar-se falsa uma coisa que eu compreendesse assim tão clara e distintamente. E, por
consequência, parece-me que já posso estabelecer, como regra geral, que é verdadeiro
tudo aquilo que compreendemos tão claramente e tão distintamente.
R. Descartes, Meditações sobre a Filosofia Primeira, Coimbra, Almedina, 1985, p.136 (adaptado)
14. Critério de verdade

• Argumento:
Descartes está certo de que é uma coisa que pensa;

Nesse conhecimento (sou uma coisa que pensa) há uma


compreensão clara e distinta do que é afirmado.

Se o que é compreendido com clareza e distinção pudesse


(alguma vez) ser falso, Descartes não estaria certo de que é uma
coisa que pensa; mas isso não é possível.

Logo, Descartes estabelece como regra geral que tudo o que é


compreendido clara e distintamente é verdadeiro.
15. Papel da dúvida cartesiana no conhecimento da verdade

Natureza da dúvida: Alcance da dúvida: Utilidade da dúvida:

Permite que o
É radical, porque põe
É metódica, porque a espírito descubra
em causa os princípios
sua aplicação está uma verdade
ou fundamentos em que
associada à regra da indubitável, modelo e
se baseavam as
evidência; critério de verdade –
proposições do
o cogito;
conhecimento
tradicional;
É deliberadamente Liberta a razão da
hiperbólica, porque dependência em
se considera falso relação a autoridades
tudo aquilo de que se É provisória, porque externas e em relação
possa duvidar tem em vista uma aos sentidos.
nova fundamentação.
16. Provas da existência de Deus

• Descartes parte à descoberta de algo que exista independentemente


do sujeito pensante.

• A intuição de si e dos seus pensamentos não lhe permite afirmar a


existência de algo que corresponda ao conteúdo do seu
pensamento.

• Solipsismo é a doutrina segundo a qual não haveria para o sujeito


pensante outra realidade além da de ele mesmo.

• É centrando-se no seu pensamento que Descartes rompe o seu


isolamento, admitindo a existência de outras realidades além de si
mesmo.
16. Provas da existência de Deus

1ª PROVA – DEUS COMO CAUSA DA IDEIA DE PERFEIÇÃO.

O saber é uma
A dúvida é sinal
Duvida perfeição maior
de imperfeição
que a dúvida

• De onde lhe terá vindo a ideia de perfeição?


A ideia de perfeição só poderia ter vindo
de uma natureza que fosse realmente mais
perfeita – Deus.

A causa tem de ser Do nada


pelo menos igual ou nada pode
superior ao efeito. provir.
16. Provas da existência de Deus

• 2ª PROVA – DEUS COMO CAUSA DO MEU PRÓPRIO SER.


• Análise da natureza humana e dos atributos de Deus.

• Reconhecer Deus como substância capaz de criar –


doutrina da participação do ser: todo o ser finito
participa do ser infinito.

– Não sou o autor ou causa de mim mesmo:

» Se o fosse, seria então dotado de todas as


perfeições que estão na ideia de perfeição.
16. Provas da existência de Deus
• 3ª PROVA – ARGUMENTO ONTOLÓGICO DA EXISTÊNCIA DE
DEUS
• o argumento ontológico baseia-se na análise da ideia de Deus
ou de ser perfeito (Do latim perfectus, que significa totalmente
feito, completo, totalidade do ser).

– A ideia de triângulo é perfeita a nível da sua definição.

– Mas a ideia de Deus é absolutamente perfeita:

• Pelo que a existência não pode ser separada da essência


de Deus.
• O ser perfeito existe necessariamente pois, se lhe faltasse
existência já não seria um ser perfeito – a ideia de algo
perfeito implica a sua existência, pois a existência é uma
perfeição.
16. Provas da existência de Deus

• o que existe apenas no pensamento é menos perfeito do


que aquilo que existe também na realidade

– não existir na realidade é uma imperfeição;

• um ser perfeito que não existe não seria perfeito e, por isso,
a ideia de um ser perfeito que não existe é uma contradição.
17. Relação existente entre Deus e a realidade exterior

• A realidade exterior depende de Deus e não poderia subsistir


um só momento sem ele.
• Doutrina da providência concebida como criação contínua
(filosofia cristã):
– Vindo do nada, todo o ser criado voltaria ao nada se, a cada
instante temporal, a divindade eterna não estivesse como que
a criá-lo de novo, sustendo-o.

– Ser finito, o homem não poderia nunca subsistir em sua


contingência (aquilo que é, mas poderia não ser; aquilo que
não é, mas poderia ser) essencial, sem a ação continuada de
Deus, ser infinito, necessário (aquilo que é e não pode deixar
de ser).
17. Relação existente entre Deus e a realidade exterior
• Descartes defendeu que (porque os seus sentidos o enganam
algumas vezes) as crenças decorrentes da experiência dos
sentidos eram duvidosas;

• Porém, a certeza da existência de Deus permitiu-lhe recuperar a


confiança nas suas faculdades, devido ao facto de Deus não ser
enganador e, por isso, não o ter criado de tal forma que se
enganasse ao aplicar prudentemente as suas faculdades;

• Se Deus existe e é perfeito, então não pode querer que eu


esteja enganado acerca da existência do mundo ou das leis da
natureza que Ele mesmo criou; isto porque, se o fizesse, não
seria bom, e a bondade é uma perfeição;

• Logo, o mundo existe, e eu posso conhecê-lo.


17. Relação existente entre Deus e a realidade exterior

Cogito Existênci Existênci


a de Deus a do
mundo

• Res cogitans • Res divina • Res extensa


18. Características da matéria
• Corpo contínuo ou espaço indefinidamente extenso em comprimento, largura
e altura.

• Divisível em partes.

• Está em movimento.

– A essência dos corpos é a extensão (comprimento, altura e largura ou


profundidade), a divisibilidade e o movimento.

• Descartes defende um mecanicismo geométrico em que afirma que a


matéria é indefinidamente divisível.

• Descartes pensa que num mundo fechado, um corpo ao mover-se vai


ocupar o lugar daquele que se moveu (= doutrina do movimento circular
ou em turbilhão).
19. Empiristas duvidam da existência de Deus

• Os Empiristas:

– Jamais elevam o espírito além das coisas sensíveis.

• Usam a imaginação – faculdade com que o espírito cria


imagens.

– Nada existe no entendimento sem que primeiro tenha estado


nos sentidos.

– Não conhecem a Metafísica.


20. Descartes não concorda que todas as nossas ideias tenham
origem nos sentidos

• Temos ideias que não poderiam ter tido origem nos sentidos,
como o cogito / «eu penso», cuja origem é a priori / só pode
ser o próprio ato de pensar;

• Temos ideias inatas, (como a ideia de Deus,) que possuímos


desde que nascemos, sem qualquer intervenção dos
sentidos.
21. Papel desempenhado por Deus no conhecimento

Garante das nossas


evidências
Deus
Permite distinguir
o sonho da vigília

 
21. Papel desempenhado por Deus no conhecimento
• É o garante das nossas evidências:

– é o autor das ideias claras e distintas


• Deus como o princípio e garante de toda a verdade

– a perfeição absoluta de um ser é inconciliável com a hipótese de


permitir que nos enganemos nos assuntos verdadeiramente
evidentes
» abandono da hipótese do génio maligno.
a) É a garantia da validade das evidências atuais, isto é, das que
estão atualmente presentes na minha consciência.
 
b) É a garantia das minhas evidências passadas, isto é, não
atualmente presentes na minha consciência.
21. Papel desempenhado por Deus no conhecimento

•É importante provar a perfeição divina porque a admissão de Deus como


ser perfeito confere valor às evidências da nossa Razão:

– Deus, ser perfeito, não nos pode ter criado de tal ordem que estivéssemos
condenados a iludir-nos falsamente quanto às certezas que se nos impõem
com toda a clareza e distinção.

•Se Descartes fosse forçado a concluir que afinal Deus pode ser enganador
teria de aceitar que as ideias claras e distintas podem ser falsas.
21. Papel desempenhado por Deus no conhecimento

•Permite distinguir o sonho da vigília

– Mesmo os pensamentos ocorridos durante o sono merecem a nossa


credibilidade, desde que o seu conteúdo nos surja de modo evidente.

• A existência de Deus é a certeza em que se fundamentam todas as


outras certezas. Negada essa certeza, rui o sistema cartesiano.

 
22. A origem do erro

• O erro e toda a imperfeição são deficiências resultantes da


nossa finitude - o erro provém da limitação da nossa
inteligência, mas principalmente, da ilimitação da nossa
vontade - teoria voluntarista do juízo:
 
– O entendimento apenas forma ideias e estas não afirmam
nem negam, por isso a nível do entendimento não há
erro.
– É a vontade que associa as ideias umas às outras,
formando juízos, e o erro situa-se ao nível do juízo.
» Quando a vontade formula juízos sobre ideias
ou conceitos confusos e obscuros, o erro
introduz-se.
22. A origem do erro

• A vontade humana é uma liberdade que Deus concedeu e é


semelhante à divina, pelo que não está limitada.

• Por isso, quando formulamos juízos errados fomos livres de


o fazer, foi um ato de escolha voluntária - a nossa vontade
era livre de optar pela suspensão do juízo, evitando, desse
modo, o erro.

• Descartes atribui, assim, os erros dos sentidos e de raciocínio


a juízos precipitados ou pouco ponderados.
23. Descartes põe em causa o empirismo

• Fazemos juízos errados acerca das coisas exteriores a nós:

– o erro mais importante nos nossos juízos é o de afirmarmos


que as ideias provenientes dos sentidos representam
adequadamente as coisas exteriores a nós;

– se confrontarmos, por exemplo, duas ideias diferentes acerca


do Sol, uma proveniente dos sentidos, que o representa
como muito pequeno, e outra proveniente dos raciocínios
dos astrónomos, que o representa como um corpo maior do
que a Terra, a razão persuade-nos de que seria errado
afirmar que a ideia acerca do Sol proveniente dos sentidos é
aquela que representa adequadamente o Sol.
24. Descartes põe em causa o empirismo

• Os nossos sentidos nunca poderiam dar a certeza de


qualquer coisa sem a intervenção do entendimento:

– para Descartes, o conhecimento fundamenta-se em


verdades conhecidas a priori;

• as verdades a priori são, para Descartes, os primeiros


princípios de todo o conhecimento;

– Ex. a verdade de que eu sou uma coisa que pensa


ou a verdade de que Deus existe.
25. Circunstâncias em que a informação dos sentidos não deve
ser aceite
• A informação proveniente dos sentidos só não deve ser aceite
quando, depois de examinada pela memória e pelo intelecto
(razão), entrar em conflito com as indicações recebidas destas
faculdades.

• Descartes afirma que não se justifica temer que seja falso o que os
sentidos indicam:

– se não houver conflito entre o que os sentidos indicam e o que


a memória e o intelecto indicam (nem entre as indicações
provenientes dos diferentes sentidos), então a informação
proveniente dos sentidos deve ser aceite e não há lugar para a
menor dúvida da sua verdade;
26. Os três tipos de ideias segundo Descartes.

Inatas Nascem connosco


IDEIAS Adventícias Origem nos sentidos
Factícias Fruto da imaginação

“Porém, destas ideias parece-me que umas são inatas, outras adventícias,
outras feitas por mim próprio. Porque, para que eu compreenda o que é
«coisa», o que é «verdade», o que é «pensamento», parece-me que reside na
minha própria natureza e que o não recebo de outra parte. Mas, que eu ouça
agora um ruído, que veja o sol, que sinta o calor das chamas, isto, segundo
julguei até agora, procede de certas coisas situadas fora de mim. E, por
último, as sereias, os hipogrifos e seres semelhantes, são inventados por mim
próprio.”
 
René Descartes, Meditações Sobre a Filosofia Primeira
IDEIAS INATAS IDEIAS ADVENTÍCIAS IDEIAS FACTÍCIAS
Origem das ideias

Caráter duvidoso -são São fruto da


Única fonte segura do incertas e confusas, e imaginação
conhecimento não conduzem ao
conhecimento.

São verdades universais Têm origem nos


e necessárias sentidos

Os sentidos já nos
São as únicas
enganaram algumas
indubitáveis (claras e
vezes – o que as torna
distintas)
falíveis e sujeitas a erro

Deus - ideia inata do ser perfeito e infinito,


fundamento do conhecimento verdadeiro
Racionalismo cartesiano:

As operações da
Razão como
razão – intuição e
origem e critério Existem ideias
A evidência dedução – são a
de todo o inatas, com
racional das base do método
conhecimento origem na razão,
ideias como racional através
verdadeiro (que constituindo os
garantia da do qual se pode
tem origem em princípios de
certeza do alcançar e
Deus, todo o
conhecimento progredir no
fundamento do conhecimento
conhecimento da
conhecimento)
realidade
o conhecimento fundamenta-se em
verdades conhecidas a priori

as verdades conhecidas a priori são


certas ou evidentes, ou claras e
distintas, e delas se deduzem outras
verdades

Fundamentação do as verdades a priori (por exemplo, a


verdade de que eu sou uma coisa que
conhecimento:
pensa ou a verdade de que Deus existe)
são os primeiros princípios de todo o
conhecimento

o raciocínio pelo qual são descobertos


os primeiros princípios de todo o
conhecimento segue o modelo da
matemática que assegura a certeza que
a fundamentação do conhecimento
requer
CRÍTICAS A DESCARTES

• 1. O CÍRCULO CARTESIANO

– Para saber que as ideias claras e distintas são


verdadeiras, tenho primeiro que saber que Deus existe e é
perfeito.

– Mas, para saber que Deus existe e é perfeito, tenho


primeiro que saber que as ideias claras e distintas são
verdadeiras.

• Círculo vicioso ou dialelo é uma dupla petição de


princípio que consiste em provar uma questão por
outra que não foi ainda demonstrada, provando, por
sua vez, esta pela primeira.
CRÍTICAS A DESCARTES

• 2. DA IDEIA DE PERFEIÇÃO SEGUE-SE QUE EXISTE UM SER


PERFEITO?
• Gaunilo de Marmoutier (Séc. XI) relativamente ao argumento
ontológico de Santo Anselmo

• Tal como da ideia de uma ilha perfeita não se segue que essa ilha
tenha de existir, também da ideia de Deus como um ser perfeito
não se segue que ele tenha de existir.

• É ilegítimo pretender provar questões de facto por meio de


argumentos a priori, pois o que concebemos como existente pode
também ser concebido como não existente, sem que isso implique
contradição.
• Primeiro tem de se provar a existência da ilha «Perdida» e só
depois a sua excelência. Não se pode concluir que Deus existe
pelo facto de satisfazer a descrição «ser perfeito».
– A única coisa que podemos concluir é que se Deus existe,
satisfaz essa descrição.

– O argumento é circular, porque a definição de Deus contém


implicitamente, desde o início, o pressuposto de que ele
existe necessariamente.

• A existência não é um atributo, isto é, quando dizemos que algo


existe não lhe estamos a atribuir nenhuma característica
particular.
– Há uma transição indevida do plano lógico (pensamento)
para o plano ontológico (realidade).
CRÍTICAS A DESCARTES

• 3. A DEMONSTRAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE DEUS PODE SER UM


RESULTADO DA MANIPULAÇÃO DA SUA MENTE PELO GÉNIO
MALIGNO

• O génio maligno pode estar a enganá-lo quando pensa que a


ideia de perfeição só pode ter sido causada por um ser perfeito.
Na verdade, Descartes ainda não tinha afastado a hipótese do
génio maligno

• E por que é que a ideia de perfeição tem que ser causada por
um ser perfeito? Tal ideia não pode, pura e simplesmente, ser
inventada por nós?
CRÍTICAS A DESCARTES

• 4. É DOGMÁTICO

– A Razão é a única fonte do conhecimento (raciocínio a priori)

– Confiança desmesurada no poder da Razão


• a Razão, por si só consegue construir um conhecimento
seguro:
– a partir do cogito, encontra ideias claras e distintas
sobre o mundo físico e a metafísica.
Síntese

OBJETIVO O projeto cartesiano é o de reconstruir o sistema de


saber do seu tempo.
Esse sistema está desorganizado e baseado em falsos
princípios.
RAZÃO DE SER
DO PROJETO Os princípios do novo sistema do saber devem ser
verdades absolutas, totalmente indubitáveis.

Como descobrir princípios absolutamente


indubitáveis? Submetendo à dúvida os conhecimentos
ESTRATÉGIA existentes para ver se algum resiste.

A dúvida é metódica e hiperbólica, transformando a


NATUREZA DA mais frágil suspeita em sinónimo de falsidade.
DÚVIDA
Síntese

Todos os conhecimentos respeitantes a objetos quer


O QUE NÃO sensíveis quer inteligíveis (matemáticos e
RESISTE À intelectuais) ficam sob suspeita e são declarados
DÚVIDA falsos.
O primeiro conhecimento a resistir à dúvida é o da
existência do sujeito que duvida da realidade de
O QUE RESISTE todos os objetos, menos da sua existência é uma
À DÚVIDA substância pensante, puramente racional, que existe,
mesmo que a existência do seu corpo seja duvidosa.
VERDADES QUE
SE DEDUZEM A distinção Alma-Corpo é outro dos princípios do
DO PRIMEIRO novo sistema de saber.
PRINCÍPIO
O FUNDAMENTO Deus existe necessariamente. Deus, uma vez que não
METAFÍSICO DO nos engana nem ilude, é a garantia da objetividade
SISTEMA DO dos conhecimentos que deles tenha consciência atual
ou não. É o fundamento metafísico de todo o saber, o
SABER
seu alicerce seguro e firme.
EXAMES

Descartes, a resposta racionalista

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