FRATURAS EXPOSTAS • Define-se fratura exposta como uma lesão em que a fratura e seu hematoma se comunicam com o ambiente externo através de um defeito traumático nos tecidos moles circunjacentes e pele suprajacente. • Ferida pode encontrar-se longe do local de fratura. • A ferida ocorre no mesmo compartimento que a fratura Histórico • Seculo XVI – Ambroise Paré – Enfatizou a necessidade de limpeza de feridas, retirada de tecido necrosado e exposição de feridas • Século XVIII – Dassault – Cunhou o termo Desbridamento • Guerra Franco-Prussiana 1870, foram realizadas mais de 13 mil amputações terapêuticas • Billroth (1829-1894) – mortalidade de 39% após lesões expostas – "Acredito não existir nenhum outro tratamento que me dê tanta satisfação como o de uma fratura exposta tratada com sucesso." Histórico • 1a Guerra Mundial – “Era da preservação da vida” – Ressuscitação, Debridação complete, estabilização e não fechamento de feridas • 2a Guerra Mundial e Guerra da Coréia – Aperfeiçoamento no uso de antibióticos Histórico • 1970 – “Era da preservação do • Atualmente, o membro” – Avanços em cirurgia ortopédica e tratamento das lesões plástica expostas se encontra na – Refinamento dos princípios da “era da restauração fixação externa • “Era do controle das infecções” funcional” – Desbridamento agressivo + cobertura imediata de partes moles + antibioticoterapia Epidêmiologia e fisiopatologia • 11,5 / 100mil hab / ano • Motocicleta = causa mais comum • Tíbia = 49,6% ; Antebraço = 12,6% Classificação • Importância prognóstica – Tamanho – Contaminação – Desvitalização – Cinética Classificação • Tempo de exposição • Gustilo e Anderson • Tscherne (Para fraturas expostas) • MESS – Escore que mede probabilidade de amputação em membros com lesão vascular (Gustilo III) • GHOIS – Escore de fraturas expostas, propôe tratamento – Maior concordância interobservadores Classificação • Por tempo de exposição – < 6 horas: Potencialmente contaminada – 6 – 12 horas: Contaminada – > 12 horas: Infectada Classificação de Gustilo e Anderson modificada • Tipo I: – <1cm – Relativamente limpa – Mínima lesão de partes moles – Fratura simples de baixa energia Classificação de Gusgtilo e Anderson modificada • Tipo II: – >1cm – Contaminação moderada – Moderada lesão de partes moles – Moderada cominução Classificação de Gustilo e Anderson modificada • Tipo IIIA: – >10cm – Alta contaminação – Grande lesão de partes moles – Cominução importante, com cobertura possível Classificação de Gustilo e Anderson modificada • Tipo IIIB: – >10cm – Local de alta contaminação – grande perda de cobertura – necessitando de cirurgia reconstrutiva Classificação de Gustilo e Anderson modificada • Tipo IIIC: – >10cm – alta contaminação – grande perda de cobertura com lesão vascular que necessita de reparo – necessitando de cirurgia reconstrutiva Classificação de Gustilo e Anderson modificada • Risco de Infecção – Tipo I: 2% – Tipo II: 10% – Tipo IIIa: 18% – Tipo IIIb/c: 56% Avaliação inicial • Atenção – Emergência ortopédica – Não subestimar a lesão – 30% dos casos apresentam mais de 1 lesão – ATLS Avaliação inicial • Colher história detalhada – Tempo de trauma – Local do acidente – Antecedentes pessoais, história patológica pregressa e medicações em uso – Imunização para o tétano Exame físico • Despir o paciente • ABC do Trauma (ATLS) – Trate o paciente e não a fratura • Pesquisar: sensibilidade, motricidade, perfusão periférica e pulsos diastais à lesão • Lesão de partes moles (tecidos desvitalizados) • Luxações, ecurtamentos, deformidades, sinais de sindrome compartimental. • Reavaliar após redução / imobilização. Antibioticoterapia • O mais breve possivel • Terapêutico, não profilático • Cultura do ferimento não é indicada • Cefalosporina de 1ª ou 2ª geração • Gustilo III – Acrescentar Aminoglicosídeo • Contaminação com material orgânico – Penicilina + Metronidazol Tratamento • O princípio: transformar uma fratura exposta e potencialmente infectada em uma fratura fechada e limpa. Salvação ou Amputação? • Tempo de isquemia quente superior a 8 horas e membro completamente inviável • Lesão vascular não passível de reparação e sem fluxo colateral, em conformidade com as arteriografias • O membro está gravemente esmagado, com mínimo tecido viável • Presença de doença sistêmica grave e debilitante, numa situação em que procedimentos cirúrgicos demorados para a preservação do membro colocarão em risco a vida do paciente • A lesão é tão grave que o funcionamento final será menos satisfatório do que com o uso de uma prótese • Escore de gravidade das fraturas expostas do Hospital Ganga >= 17 Desbridamento • Desbridamento e lavagem – De preferência dentro de 6 horas – Feito em centro cirúrgico – Equipe ortoplástica experiente – Usualmente um minimo de 9L de SF0,9% em fraturas tipo IIIB – Lavagem pulsátil sob baixa pressão Desbridamento • Detecção e remoçao de corpos estranhos, tecidos desvitalizados • Remover pequenos fragmentos ósseos • Diminui a contaminação bacteriana • Propicia bordas viáveis ao ferimento para cicatrização adequada • Comece dos tecidos mais externos para os mais internos: – Pele, Subcutâneo, Músculo, Osso, neurovascular • Deixar tecido desvitalizado é convidativo para infecções Viabilidade Muscular • Cor: Salmão, amarelo ou cinza = não viaveis • Consistência: testar através da pressão suave com uma pinça • Contratibilidade: tensionar com uma pinça ou estimulador nervosa • Capacidade para sangrar Ferimentos por Armas de Fogo • Projéteis não devem ser removidos. • Exceção são ferimentos onde os projéteis estejam intra articulares ou no espaço subaracnoideo. – Sinovites e intoxicações por chumbo Fixação interna primária • Pode ser uma opção quando o tempo de exposição seja menor do que 6 horas • Até Gustilo IIIA quando partes moles permitir • Placas = ideal para membro superior • Hastes intramedulares = Apropriadas para tipos I, II e até III (debridadas e com minima contaminação) de Gustilo Fixação externa • Forma preferida de tratamento • Permitem livre acesso à ferida para curativos e observação de infecção • São de aplicação fácil e rápida • Promove boa estabilidade • Promove redução anatômica dos maiores fragmentos satisfatoriamente Fixação externa • Provoca mínimo trauma de partes moles no procedimento • Em geral possibilita mobilização precoce • Idealmente converte-se antes de 2 semanas para fixação interna Complicações • Imediatas: – Infecções superficiais ou profundas – Choque hipovolêmico – Síndrome compartimental – Embolia gordurosa – Síndrome da angústia respiratória Complicações • Tardias – Retardo de consolidação – Pseudoartrose – Consolidação viciosa – Falência do material de síntese – Fratura por fadiga – Infecção Obrigado