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F. Pessoa
A DOR DE PENSAR
• Estrutura Interna – divisão
1ª parte (est. 1, 2, 3) 2ª parte (est. 4, 5, 6)
- Apelo à ceifeira para que continue a - Poeta tem consciência da
cantar; impossibilidade do seu desejo;
Paradoxo aquele que mais se serviu da inteligência sentiu-se sempre um ser torturado por ser
um ser pensante. Daí a sua aspiração pela alegre inconsciência da ceifeira
A DOR DE PENSAR
• CARACTERIZAÇÃO DAS PERSONAGENS:
CEIFEIRA POETA
canta O que em mim sente ‘stá pensando
pobre
cheia de alegre e anónima viuvez (voz) Ah, poder ser tu, sendo eu!
incerta voz Ter a tua alegre inconsciência
alegre inconsciência E a consciência disso!
BINÓMIO SENTIR/PENSAR
CEIFEIRA: sensação pura POETA: pensador puro
OBJECTIVIDADE SUBJECTIVIDADE
A ceifeira em si mesma - A visão que o poeta tem da ceifeira
- O que o poeta pensa de si próprio
A DA DOR DA DE PENSAR
• O canto da ceifeira seduz porque é perfeito.
ELEMENTOS LEITURA
A rima (externa e interna) musicalidade: ei/ei; an/an; ão/ão; ai/ai…
O ritmo ondular sons nasais; sugestões verbais (2ª est.)
A repetição das vogais u, e, a equilíbrio entre sons abertos e fechados
Aliterações c, v, l, m, n harmonia sonora
Os transportes v. 3/v. 4; v. 20/v. 21; v. 22/v. 23
a• riqueza
Qual é fónica
o versoda
que2ªmelhor
est. caracteriza o sujeitoenriquecida
poético? por metáforas e comparações
v. 14 “O que em mim sente ‘stá pensando”
o poeta é incapaz de permanecer ao nível das
sensações, transforma-as de imediato em ideias.
• De que é símbolo a ceifeira?
R.: Ela é símbolo de harmonia, inconsciência e tranquilidade.
A DOR DE PENSAR
Intertextualidade:
1- compara o pedido contido na composição de F. Pessoa com o que é feito pelo sujeito poético do poema de Florbela Espanca.
RÚSTICA
No Pessoa ortónimo, o ritmo alicia, as próprias vivências são muitas vezes de essência
musical; instintiva ou calculadamente, de qualquer modo apoiado à nossa melhor
tradição lírica, Pessoa tira das combinações de sons efeitos muito felizes.
A sintaxe de coordenação e a linguagem viva e espontânea, descrevem melhor a rapidez com que o
canto se esvaiu.
A DOR DE PENSAR
Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
• não a coisa que invade a sua mente e o impede de viver plenamente a vida (a
intelectualização de emoções, a perturbação que motiva o desejo da fuga);
Se, por um lado, a "dor de pensar" é uma coisa que invade a mente de
Pessoa e o impede de viver plenamente a vida, não parece que este
poema aborde essa dor, mas antes a maneira como Pessoa observava as
coisas fúteis da vida: é nos pormenores ínfimos que a análise filosófica
de Pessoa se extrema e encontra os maiores significados. Ao ponto de
ele mesmo se exaltar enquanto "investigador solene das coisas fúteis"
(Álvaro de Campos, no poema "Passagem das Horas").
A DOR DE PENSAR
análise do poema (cont.)
Pessoa inveja realmente "a sorte" do gato, que é a sorte de ser inconsciente e
poder brincar sem pensar em mais nada - brinca na rua "como se fosse na cama".
O gato é "bom servo das leis fatais", ou seja, cumpre o seu destino sem se
opor minimamente a ele - cumpre o desejo mais alto de Reis, que é o de
sentir o destino como coisa inevitável enquanto se cumpre.
sedução
E, assim, fazer arte parece-me cada vez mais importante coisa, maus
terrível missão – dever a cumprir arduamente, monasticamente, sem
desviar os olhos do fim criador-de-civilização de toda a obra artística.